Imagem de Michelle Obama como uma escrava nua gera polêmica
por Missões Quilombo
A Revista Fuera de Serie, da Espanha, publicou uma imagem da primeira-dama Michelle Obama,
parcialmente nua. A imagem mostra Michelle Obama sentada em uma
cadeira, coberta com uma bandeira americana, com um de seus seios
expostos, e um lenço ao redor da cabeça. A imagem coloca o rosto de
Michelle numa pintura de Marie-Guilhelmine Benoist que representa uma
escrava norte-americana.
A imagem foi criada para ilustrar um artigo de Pablo Scarpellini que pretende revelar alguns dos segredos da mulher de Barack Obama, que é uma figura mais popular do que o presidente da maior potência mundial. Como chamada, a revista escreve «Michelle, trisneta de uma escrava. Dona da América». Com base na velha máxima de que «por detrás
de um grande homem há sempre uma grande mulher», o jornalista tenta
perceber de que forma Michelle conseguiu seduzir o povo americano.
Os peritos em comunicação política
consideram mesmo que a primeira-dama será uma peça-chave para a
reeleição de Obama em Novembro. A polêmica capa, feita com recurso
Photoshop, tem agitado a mídia norte-americana. Para muitos
afro-americanos a idéia de colocar o rosto de Michelle Obama no corpo de
uma escrava tem um "significado especial": a representação de Michelle
Obama a mostra como submissa e impotente. Para a articulista negra britânica, Althea
Legal-Miller, devemos ser vigilantes. A história da nossa imagem na arte
ocidental está profundamente enraizada em representações de nossos
corpos nus ou semi-vestida. Essas imagens - em grande parte determinada
por estereótipos usados para legitimar a opressão racial e de gênero -
falam como uma dolorosa história de exploração e objetificação erótica,
que continua a manifestar-se em múltiplos contextos em toda a diáspora
negra.
(Com informação do kulturekritic.com, Diário Digital, clutchmagonline.com, Madame Noire
Fonte Afrokut)
Discurso, Cerveja, Gênero e Raça
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A representação
da mulher negra como objeto sexual é secular e é atualizado nesta peça
publicitária com várias referências simbólicas: o vermelho (paixão), a rosa (amor), o sapato de salto fino e alto (sedução, fetiche), o vestido (sedução, erotização), meia de liga
(sedução, fetiche). Porém, tudo isso quando associado ao desenho do
corpo da mulher no enquadramento da foto, de costas para o(a)
observador(a), com as pernas abertas (pela posição da perna esquerda),
sentada inclinadamente na mesa, olhando de perfil, acentua-se a carga
erótica.
Se
atentarmos bem, a literatura sempre atrelou à mulata o
eroticismo, basta ver a descrição de Rita Baiana, em O Cortiço, e de
Gabriela, em Gabriela Cravo e Canela. A questão é quando essa imagem
associa-se ao mercantilismo, orientando o consumidor a olhar uma
experiência humana com a lógica do comércio, numa previsível relação de
coisificação, neste caso a sexualidade da mulher negra
Tudo
isso ganha complexidade em uma cultura corporal como a baiana que
muitas vezes não percebe as nuances do discurso e acaba se identificando
com uma imagem ideologicamente montada para que haja uma identificação,
porém para regulá-la.
A questão é: de onde parte o discurso? Como as mulheres negras se vêem nessa representação? (Fonte: http://midiaemulher.blogspot.com.br/)
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