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21 fevereiro 2017

Não é nenhuma novidade: Consultora identifica estudantes que fazem Direito por razões erradas






www.amodireito.com.br | 20 fevereiro, 2017 | IG @DireitoNews



Não é nenhuma novidade que muitos estudantes escolhem o curso de Direito por motivos que não garantem o sucesso na profissão. Por muitos anos, por exemplo, o sonho dourado dos pais era o de que o filho fizesse advocacia ou medicina. Até hoje, muitos estudantes optam pela advocacia porque “dá dinheiro”, “dá prestígio” e, quem sabe, “poder”, como outras profissões bem cotadas socialmente.

No entanto, a consultora profissional Shannon Achimalbe identificou outras razões pelas quais estudantes americanos escolhem a carreira de advogado, em detrimento de outras alternativas profissionais, por razões que não são as melhores para quem quer exercer a advocacia. Ela mesmo entrou na advocacia por motivos errados. E, por circunstâncias da vida, se tornou uma consultora profissional, um trabalho em que procura separar o joio do trigo — isto é, distinguir aqueles que não têm ou têm, digamos, vocação para a advocacia. Ela destaca:


O ativista


Ativistas — ou militantes — querem ser advogados para mudar o sistema. Muitos se tornam ativistas porque eles — ou pessoas próximas a eles — sofreram com decisões do sistema judicial, atos da polícia ou qualquer injustiça. Há casos em que a família do estudante perdeu muito dinheiro devido a eficiência do advogado da outra parte, que a “destruiu” no tribunal.

As histórias se seguem. Um estudante conta que, ainda criança, ouviu seus pais chorar e se queixar que tiveram de deixar sua casa e morar em um quarto na casa dos avós. Mais tarde soube que o locador triplicou o valor do aluguel, em violação à lei. Os pais decidiram se mudar porque não tinham dinheiro para contratar um advogado para processar o locador.

Um caso comum é de estudantes que foram vítimas de má conduta policial, principalmente as que foram vítimas de preconceito racial e os que estavam no lugar errado, na hora errada. Agora eles sonham em colocar a polícia “em seu lugar”.

Os ativistas pensam que, se foram advogados, entenderão melhor o sistema. Esperam proteger e educar outras pessoas sobre seus direitos jurídicos. Em muitos casos, querem ser defensores competentes de alguma causa que lhes é cara.

“Eu digo aos ativistas que seus objetivos são nobres, mas não precisam de um diploma de advogado para concretizá-los, embora isso possa ajudar. Eles podem, por exemplo, promover seminários e outros eventos junto com advogados criminalistas e de direitos civis. Ou podem trabalhar com autoridades governamentais ou fazer uma carreira política, se quiserem exercer um papel relevante na mudança do sistema”, afirma a consultora.


O determinado


De uma maneira geral, o estudante determinado já tomou a decisão de ir para uma faculdade de Direito que não está entre as melhores do país e ninguém pode impedi-los de fazer isso. Eles se recusam a reconhecer que a carreira de advogado não é mais o lugar seguro que já foi há algum tempo. Ou estão cientes dos riscos, mas decidiram ir frente de qualquer forma. Tornam-se defensivos, algumas vezes hostis, quando alguém questiona sua decisão.

Eles não pensam que são melhores que os outros porque, para eles, a vida  sempre foi dura e já lhes disseram que deveriam desistir de seus objetivos porque não irão concretizá-los. Eles são impulsionados, então, pelo desejo de provar que essas pessoas “do contra” estão erradas e é bem provável que consigam fazer isso. E quando o conseguem, perdem o ânimo para continuar na carreira.

Esses estudantes gostam de falar sobre as lutas que tiveram e têm de enfrentar constantemente, para justificar um suposto gosto pelas contendas. E de postar mensagens motivacionais na mídia social.

“Como o determinado já tomou sua decisão, não há praticamente nada que se possa fazer para mudar suas mentes. Qualquer tentativa de convencê-los será o mesmo que contrariá-los e isso só irá fortalecer suas decisões. Eu tento mostrar-lhes que existem outras opções de carreira nas quais sua determinação implacável poderia levá-los ao sucesso, mas eles não escutam".


O desacreditado


Esses estudantes chegam a pensar em alternativas para o curso de Direito, mas precisam de uma razão digna para evitar “cair em desgraça”, se anunciarem a desistência. Alguns querem apenas evitar um sentimento pessoal de fracasso. Outros sabem que irão enfrentar duras consequências se desistirem do curso de Direito. Por exemplo, seus pais irão cortar sua mesada ou até mesmo rejeitá-los, de uma ou outra forma, afirmando que eles “não querem nada na vida”. As pessoas mais próximas, incluindo aquelas com um relacionamento amoroso, podem mostrar um certo desprezo.

“Nessas situações, digo a essas pessoas que não é uma desonra mudar seus objetivos profissionais. As pessoas mudam de trabalho ou mesmo de carreira por muitas razões. Algumas vezes por opção própria, outras pelas circunstâncias da vida. Se alguém irá olhar com desprezo para você por causa disso, provavelmente essa pessoa não merece a sua consideração, de qualquer forma”, ela diz.

“Mas isso fica bem pior quando os interesses da família estão em jogo. Muitos pais não aceitam o que eles consideram rebeldia do filho, especialmente quando já gastaram muito dinheiro com escolas e professores particulares, carros e outros mimos. Isso não acontece como em filmes, em que o filho se rebela e os pais e os amigos acabam admirando seu caráter forte e decidido”.


O crente


Esses estudantes também estão determinados a fazer curso de Direito, mas sua motivação é outra: é um dever espiritual. Como os ativistas, eles querem se preparar para ajudar e educar os outros. A maioria estuda Direito e também religião na faculdade ou por conta própria. Frequentam igrejas e se esforçam por ser pessoas boas, moralmente.

E também há o caso, mais raro, do estudante que quer se tornar advogado porque testemunhou algum fenômeno estranho, como um arbusto em chamas do lado de fora de uma sala de tribunal, e o interpretam como um sinal divino. Ou porque tiveram uma “visão”.

“Quando converso com “crentes” sobre os custos da faculdade de Direito e sobre as dificuldades que os bacharéis enfrentam para se inserir no mercado, eles não me apresentam qualquer plano de carreira. Em vez disso, declaram sua fé em Deus ou em um “Plano Divino” e mencionam histórias de sucesso incidentais de outros crentes”, ela diz.

Segundo a consultora, muitas vezes ela tem de sustentar seus argumentos na Escritura. Ela diz a eles para levar em consideração, quando pensam no curso de Direito, as “promessas de falsos profetas”. E tenta explicar que a fé, apenas, não garante sucesso na advocacia. Aliás, a advocacia requer muito trabalho e muita ética, não fé.

“Deus promete a eterna salvação, mas ele nunca prometeu eterno emprego, nem salvação da enorme dívida que você vai contrair para fazer o curso de Direito”, ela diz. Nos EUA, um curso de Direito pode custar US$ 150 mil ou mais. O bacharel que não encontra emprego, logo depois da formatura, irá enfrentar um “inferno” financeiro, por assim dizer.

Por João Ozorio de Melo
Fonte: Conjur

Mentalidade errada! veja atitudes que só levam você ao fracasso, segundo especialistas




www.amodireito.com.br | 17 fevereiro, 2017 | IG @DireitoNews



 Se você já colocou, ou espera um dia colocar, sua carreira em “piloto automático”, ou seja, anseia por navegar pelo mercado sem que seja necessário fazer o esforço dos anos iniciais na profissão, cuidado. Isso pode levá-lo à derrocada, garantem especialistas.


“Não existe espaço para acomodados. Piloto automático para carreiras só serviria se fosse de 3ª geração e com inteligência cognitiva”, brinca, Irene Azevedoh, diretora de transição de carreira da LHH.

A dificuldade em perceber a volatilidade do mundo é mais evidente em profissionais de segmentos que enfrentam menos turbulências, segundo Irene.  Por outro lado, quem já passou por reestruturações, fusões e aquisições muito provavelmente tem maior grau de consciência.

“Não existe mais um mundo seguro, nem garantia, nem zona de conforto”, diz Jaqueline Weigel,  coach estudiosa de futurismo  e focada em ajudar as pessoas a fazer a transição para a nova era.  É que diante desse cenário, atitudes se tornam obsoletas e podem significar a fracasso profissional, segundo os especialistas.

O que acontece, muitas vezes, é que comportamentos  já sem validade hoje seguem sendo praticados por profissionais ainda que eles adotem discurso completamente diferente e ajustado aos novos tempos. “A maioria é farsa”, diz Jaqueline.

Confira que tipo de mentalidade não dá mais resultado na carreira de ninguém:


1. “Eu sei como se faz”


Imagine um engenheiro que há 30 anos trabalhe da exata mesma forma. A quem questiona o seu modo de fazer ele dá a clássica resposta: “sei como se faz, sempre foi assim que eu fiz”.

Profissionais com essa mentalidade perdem espaço para aqueles que têm o foco direcionado para a experimentação e visão sistêmica. Ganham destaque pessoas que topam experimentar novas maneiras de fazer as coisas e que consigam perceber como mudanças na rota afetam o todo da operação.


2. “Eu insisto”


Sem consciência da velocidade de mudança, insistir em caminhos antigos ainda que eles não funcionem mais é outra atitude obsoleta para limar da carreira. “Temos que parar de perder tempo tentando arrumar o que não vale. É como querer consertar um videocassete nos dias de hoje”, diz Jaqueline.

Se não traz mais resultado, o melhor é tomar outro rumo.“Pessoas muito rígidas e não dispostas a se adaptar a essa realidade de mundo volátil estão comentendo um dos erros que considero cruciais na carreira”, diz Irene Azevedoh.

A mudança é constante e rápida e já há quem saiba disso. “São aqueles profissionais que pensam: não deu certo? Vamos fazer de outro jeito”, diz Jaqueline.


3. “Uso meu poder para impor o que eu quero”


É o medo de não possuir as competências necessárias para percorrer novas trilhas que leva profissionais a adorar o que já conhecem. “Pessoas com essa mentalidade, geralmente, usam sua autoridade para impor velhos caminhos”, diz Jaqueline.

Executivos identificados com poder, comando, controle, ego e vaidade tendem a decretar sua vontade sem pensar no que é melhor para o negócio e, por isso, vão fracassar.

Está mais ajustado à atualidade quem é nutrido pelo novo e não liga para autoridade. “ Pelo contrário, compartilha o poder, estimula, empodera e acompanha, ao invés de controlar”, diz Jaqueline.


4. “Não olho à minha volta”


É o tal do piloto automático. “Enquanto não há razões graves, tem muita gente que não vai mudar”, diz Jaqueline.

O contrário desse comportamento é ser aberto, consciente e questionador. “Geralmente são pessoas imbuídas de grande valor moral e ético e que não se convencem com a máxima é assim que funciona”, diz Jaqueline.

Irene, da LHH, chama atenção para a importância da capacidade de aprendizado nesse mundo de rupturas tecnológicas. “Um recrutador vai querer saber, por exemplo, quantas vezes na carreira, o profissional quis aprender algo novo”, diz.

Ela afirma que adaptabilidade e capacidade de aprendizado fazem parte de um “pacote de competências” que todo profissional deve ter.

Por Camila Pati
Fonte: Exame

12 fevereiro 2017

Ler nos torna mais felizes

Por
“A leitura nos torna mais felizes e nos ajuda a enfrentar melhor a nossa existência. Os leitores vivem mais contentes e satisfeitos do que os não leitores, e são, em geral, menos agressivos e mais otimistas”
A afirmação é dos responsáveis por uma análise efetuada recentemente pela Universidade de Roma III a partir de entrevistas com 1.100 pessoas. Aplicando índices como o da medição da felicidade de Vennhoven e escalas como a Diener para medir o grau de satisfação com a vida, os pesquisadores chegaram a essas conclusões, que demonstram, como afirma Nuccio Ordine, autor do manifesto A Utilidade do Inútil, que “alimentar o espírito pode ser tão importante quanto alimentar o corpo”. E que precisamos, bem mais do que se imagina, dessas experiências e conhecimentos que não se traduzem em benefícios econômicos.
Como nos sentimos e quais mudanças experimentamos ao mergulhar em uma história? Há um efeito transformador? Os protagonistas das ficções nos levam a que enxerguemos as nossas contradições e nossos desejos? Fazem com que nos recordemos de coisas essenciais, talvez esquecidas?
A ciência possui cada vez mais recursos para responder a essas perguntas. Artigos publicados em revistas especializadas expõem resultados de ressonâncias magnéticas que revelam a alta conectividade que se estabelece no sulco central do cérebro, região do motor sensorial primário, e no córtex temporal esquerdo, área associada à linguagem, enquanto lemos um livro e depois de acaba-lo.
O estresse se reduz e a inteligência emocional sai ganhando, assim como o desenvolvimento psicossocial, o autoconhecimento e o cultivo da empatia, segundo uma equipe de neurocientistas da Universidade de Emory, em Atlanta, que monitoraram as reações de 21 estudantes durante 19 dias seguidos. A leitura pode até mesmo alterar comportamentos por meio da identificação com os protagonistas das histórias lidas, defende Keith Oatley, romancista e professor de Psicologia Cognitiva da Universidade de Toronto.
“É muito custoso, para nós, colocarmo-nos no lugar do outro no dia a dia, mas quantas vezes já não nos colocamos na pele de um personagem de romance? Criamos uma empatia com ele, e isso nos ajuda a compreender melhor os sinais emitidos pelos outros”, argumenta Antonella Fayer, psicóloga e coach especializada no desenvolvimento de liderança, para quem “as lições sobre dilemas morais e emocionais que encontramos na literatura são necessárias para todas as pessoas, e muito especialmente para líderes e políticos, que estão convencidos de que não têm tempo. Atuam, avaliam e fazem discursos, mas seria conveniente para eles mesmos se conseguissem parar um pouco e fazer leituras para melhorar a sua compreensão dos outros”, assinala Fayer, fazendo uma alusão às palavras de Alan Brew, ex-editor do Financial Times: “Ler os grandes autores faz de você uma pessoa mais bem preparada para tomar decisões criativas, interessantes e educadas”.
O convencimento quanto aos benefícios gerados pela leitura é o que move a School of Life, um centro londrino de biblioterapia que prescreve livros para ajudar na superação de conflitos (rupturas, disputas…). Como diz o filósofo Santiago Alba Rico, autor de Leer con niños (Ler com crianças), um ensaio que estimula nos pais o prazer de compartilhar histórias com seus filhos, a leitura, como a paixão, é um “vício virtuoso”. Quando conhecemos o bem que ela nos proporciona, não conseguimos deixar de praticá-la. Voltemo-nos, portanto, para a literatura, como convidava Cortázar, “como se vai aos encontros mais essenciais da existência, como se vai ao encontro do amor e às vezes da morte, sabendo que fazem parte de um todo indissolúvel e que um livro começa e termina muito antes e muito depois de sua primeira e de sua última página”.

Fonte: El País, por Emma Rodríguez

Onde está concentrada a riqueza mundial?

08 fevereiro 2017

Bruna Sena! Filha de caixa de supermercado passa em primeiro lugar na medicina da USP

Bruna
Saímos de uma semana triste e especialmente desoladora para a medicina, quando alguns médicos sujaram profissão tão nobre tripudiando da doença de Dona Marisa chegando até a sugerir a sua morte. Mas hoje voltamos a festejar o futuro: “A casa-grande surta quando a senzala vira médica”. Esta é a frase que abre a conta do Facebook de Bruna Sena, primeira colocada em medicina na USP de Ribeirão Preto. Ela diz que quer “atender pessoas de baixa renda, que precisam de ajuda, que precisam de alguém para dar a mão e de saúde de qualidade”.
Da Redação com Informações da Folha
Saímos de uma semana triste e especialmente desoladora para a medicina, quando alguns médicos sujaram profissão tão nobre tripudiando da doença de Dona Marisa chegando até a sugerir a sua morte. Mas hoje voltamos a festejar o futuro: “A casa-grande surta quando a senzala vira médica”. Esta é a frase que abre a conta do Facebook de Bruna Sena, primeira colocada em medicina na USP de Ribeirão Preto, a vaga mais concorrida da Fuvest – 2017, o vestibular mais concorrido do país.
Negra, pobre, tímida, estudante de escola pública, Bruna será a primeira da família a interromper o ciclo de ausência de formação superior em suas gerações. Fez em grande estilo, passando em uma das melhores faculdades médicas do país.
O apelo da mãe, entre a felicidade e o espanto, é ainda mais dramático: “Por favor, coloque no jornal que tenho medo dos racistas. Ela vai ser o 1% negro e pobre no meio dos brancos e ricos da faculdade”. Abandonada pelo marido, Dinália Sena, 50, sustenta a menina Bruna desde que ela tinha 9 anos, com um salário de R$ 1.400 como operadora de caixa de supermercado.
Bruna acredita que será bem recebida pelos colegas e tem na ponta da língua a defesa de sua raça, de cotas sociais e da necessidade de mais oportunidades para os negros no Brasil. “Claro que a ascensão social do negro incomoda, assim como incomoda quando o filho da empregada melhora de vida, passa na Fuvest. Não posso dizer que já sofri racismo, até porque não tinha maturidade e conhecimento para reconhecer atitudes racistas”, diz a caloura.
“Alguns se esquecem do passado, que foram anos de escravidão e sofrimento para os negros. Os programas de cota são paliativos, mas precisam existir. Não há como concorrer de igual para igual quando não se tem oportunidades de vida iguais.”
GEORGE ORWELL
Para enfrentar a concorrência de 75,58 candidatos do vaga, Bruna fez o básico: se preparou muito, ao longo de toda sua vida escolar. “Ela só tirava notas 9 ou 10. Uma vez, tirou um 7 e fui até a escola para saber o que tinha acontecido. Não dava para acreditar. Falei com o diretor e ele descobriu que tinham trocado a nota dela com um menino chamado Bruno”, orgulha-se a mãe.
George Orwell, autor do clássico “A Revolução dos Bichos”, fábula que conta a insurreição dos animais de uma granja contra seus donos, está entre os favoritos da garota, que também gosta de romance e comédia e é fã da série americana “Grey’s Anatomy”, um drama médico.
No último ano do ensino médio, que cursou pela manhã na escola estadual Santos Dumont, conseguiu uma bolsa de estudos em um cursinho popular tocado por estudantes da própria USP, para onde ia à noite. “Minha escola era boa, mas, infelizmente, tinha todas as dificuldades da educação pública, que não prepara o aluno para o vestibular. Falta conteúdo, preparo de alguns professores. Sem o cursinho, não iria conseguir.”
Segundo Bruna, que mora em um conjunto habitacional na periferia de Ribeirão Preto, vários de seus colegas de escolas nem “nem sabem que a USP é pública e que existe vestibular para passar”.
Com ajuda financeira de amigos e parentes, Bruna fazia kumon de matemática, mas o dinheiro não deu para seguir com o curso de inglês. “Tudo na nossa vida foi com muita luta, desde que ela nasceu, prematura de sete meses, e teve de ficar internada por 28 dias. Não tenho nenhum luxo, não faço minhas unhas, não arrumo meu cabelo. Tudo é para a educação dela”, declara a mãe.
Ainda segundo Dinália, “alguns conhecidos ajudaram. Uma amiga minha sempre dava livros para ela. Uma vez, essa amiga colocou R$ 10 dentro de um livro para comprarmos comida e escreveu: ‘Bruna, vence a vida, não deixe que ela te vença, estude'”.
FUTURO
A opção pela medicina aconteceu há cerca de um ano, por influência de professores do cursinho popular que frequentou o CPM, ligado à própria Faculdade de Medicina da USP-Ribeirão. “Claro que não sei ainda qual especialidade pretendo seguir, mas sei que quero atender pessoas de baixa renda, que precisam de ajuda, que precisam de alguém para dar a mão e de saúde de qualidade”, declara.
Engajada na defesa de causas sociais como o feminismo, o movimento negro e a liberdade de gênero, a adolescente orgulha-se do cabelo crespo e de sua origem, mas é restrita nas palavras sobre o pai, que não paga pensão e não a vê há anos. “Minha mãe ralou muito para que eu tivesse esse resultado e preciso honrar isso. Sou grata também a minha escola, ao cursinho. Do meu pai, nunca entendi o desprezo, me incomoda um pouco, mas agora é hora de comemorar e ser feliz.”

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