Em defesa do cabelo deGabby Douglas |
Black is beautiful... Gabby Douglas é campeã olímpica da ginástica, mas para muitos americanos seus cabelos importam mais Foto: AP
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Os americanos iniciaram o debate nas redes sociais, principalmente no
Twitter e no Facebook. Mulheres negras massacraram a atleta com críticas
por acreditarem que ela devia representar bem a comunidade
afro-americana e isso, supostamente, só poderia ser feito se a ginasta
mantivesse os cabelos bem arrumados - e bem alisados no caso.
Gabby Douglas
está representando o seu país com muito orgulho nas Olimpíadas. Ela é
equilibrada quando sob pressão, executando exercícios que desafiam a
gravidade com habilidade, em frente de um público internacional. Ela tem
apenas 16 anos e é a segunda negra da história da ginástica americana a
estar na equipe. Mas, em vez de enaltecer seus feitos, muitas pessoas
estão criticando a ginasta por... não ter arrumado o cabelo.
Nos Estados Unidos os cabelos são motivo de muita pressão para as
mulheres negras. Ter o "cabelo bom" significa ser mais bonita e mais
aceita na sociedade.
No Twitter, as pessoas se manifestaram, como @stephiebabe93: "Eu sei que cada mulher negra olhou para o cabelo de Gabby Douglas e perguntou 'Por que? Por que?'"
Sério? Douglas é uma atleta incrível.
Quando você está realizando uma prova em uma trave com 10cm de largura, a
1,25m do chão, a última coisa que está preocupado é com o seu cabelo.
Alguns críticos insistem que Douglas
precisa representar a comunidade Afro-Americana corretamente, e o modo
como ela arruma o cabelo é parte disso. Ainda assim, muitos dos
comentários negativos sobre seu cabelo estão partindo de negros
americanos.
Assim como surgiram críticas, muitas pessoas partiram em defesa da
campeã olímpica. Uma das defensoras é a tenista Serena Williams, que
também é negra. A atleta, que se diz "obcecada" por Gabby Douglas, disse
ao jornal USA Today que considera ridículo o que as pessoas estão falando e que os cabelos da atleta estavam lindos. Outros tuiteiros lembraram que a ginasta estava disputando uma Olimpíada e não uma edição do American Next Top Model, programa da TV americana que revela novas modelos.
"É ridiculo". Foi como avaliou a tenista americana Serena Williams,
finalista do torneio olímpico em Londres, o debate que invadiu as redes
sociais nos Estados Unidos: o cabelo da ginasta americana Gabby Douglas.
Outro tweet sobre o cabelo de Douglas, de
@MessyMeli: "Então, na real, ninguém quis ir para Londres para cortar e
arrumar o cabelo de Gabby Douglas?"
"Eu achei triste de ter visto várias
mulheres negras postando comentários críticos sobre o cabelo de Gabby,
em vez de ver comentários elogiosos sobre seu desempenho ou sobre ela
ser uma negra no time da ginástica americana desde Dominique Dawes",
escreveu Monisha Randolph no site SportyAfros.com.
Muitas americanas negras preferem não fazer
exercício para preservar o penteado, lembra Randolph. "Pelo que sei e
confirmei a última vez que fiz, quando você pratica um esporte, você
sua. E quando uma mulher negra que escolheu um penteado mais liso começa
a suar, seu cabelo vai, necessariamente, começar a voltar ao modo
natural, encaracolado, pixaim", escreveu. "Algumas de nós são diabéticas
ou obesas, têm pressão alta e falta de energia. Ah, mas o cabelo que
importa."
O cabelo sempre teve um significado
especial dentro da comunidade negra americana. O comediante Chris Rock,
vencedor do Emmy, foi tão afetado pela obsessão de sua filha com o
cabelo de uma de suas amigas que fez um documentário sobre o assunto,
"Good Hair", em que ele tenta entender melhor o motivo pelo qual o
cabelo é uma questão tão importante para mulheres negras.
"Há sempre uma certa pressão dentro da
comunidade negra, algo como se você tem um bom cabelo, você é mais
bonita ou melhor do que a negra magrela que usa penteado afro, dread ou
natural", disse a atriz Nia Long, em entrevista para o documentário.
"Eles falam sobre o cabelo dos homens, mas é
uma questão das mulheres. Porque os caras nem ligam para o cabelo das
mulheres", observa Rock. Seu pensamento colabora com a linha dos tweets
sobre o cabelo de Douglas. A maioria dos comentários críticos parte de
mulheres. (Felizmente, alguns comentários que apoiam a ginasta são de
mulheres negras.)
Em vez de se preocupar sobre se o seu
cabelo é perfeito, Douglas se concentrou em fazer história e conquistar a
medalha de ouro, na quinta-feira. Ela está representando todos os
americanos, não um único grupo, e conseguiu mais aos 16 anos de idade do
que a maioria de nós em uma vida inteira. Não deveríamos estar
celebrando sua conquista em vez de criticá-la?
Por Lylah Alphonse*, especial para o Yahoo! Esportes
* tradução por Fernando Figueiredo Mello
Se eu Aceito o outro, eu acolho a diferença!
PRECONCEITO? Eu sempre desejei comentar sobre este tema rico e complexo e quem sabe chegou a hora. Como afro-descendente, a minha reflexão honesta sobre o assunto é a seguinte:
O Que Eu Vi da Vida...
Uma das piores discriminações, que enfrentamos sempre foi de um negro para com o outro, de irmãos contra irmãos. A maioria dos casos de rejeições, reprovações e ridicularizações racistas, iniciam nos próprios lares, onde negros ingressam em conflitos diários e questionam até mesmo a tonalidade da pele ou a característica capilar de um novo membro recém nascido na família. Imaginem gerações e gerações, nascendo e crescendo influenciadas por uma auto-estima decadente e traumática dessas? Para alguns, não basta apenas negar sua própria realidade, havendo oportunidade, transformam-se em verdadeiros algozes de seus semelhantes. Inclusive, em muitas famílias homens e mulheres da raça negra incentivam o "embranquecimento" dos seus familiares, em alguns casos fazem até compartimento entre relacionamentos sexuais versus comprometimento e preferem, digamos que, "elegem" os mais "clarinhos" para casar-se, o que na minha opinião demonstra uma atitude profundamente racista... Nestes casos, quais são as desculpas? Será naturalmente a influência da miscigenação? Ou a busca pela ascensão física e social? Ou porque automaticamente, nós negros também estamos conformados e inclusos num conceito secular, numa cultura, a qual dita a beleza como "branca". E isso não é uma questão privada entre nós, porém, denota a fragilidade de toda a atual condição. Alguns princípios aprendem-se desde o berço, e ficam inseridos no arquivo pessoal (lembro-me daquele ditado "A mão que balança o berço, é a mão que governa o mundo"... Quem balançou o teu berço?). Muitos indivíduos negros não prestigiam e nem sequer elogiam o sucesso dos seus "iguais", em contrapartida são os primeiros a combater, vigiar, reparar, e criticar. "Abonda", e digo-lhes que enquanto nós negros não nos aceitarmos, todo pleito, qualquer luta externa, contra as consequências nefastas do racismo impregnado na sociedade que vivenciamos, será em vão. Desculpa, mas a meu ver, não é habitual entre a população negra a mesma solidariedade, cordialidade e integração que encontramos em outros povos, como por exemplo: entre alemães, indígenas, judeus, orientais, e etc. Logicamente, as pessoas se sentem mais fortes e encorajadas quando lidam com "irmãos" protegendo os seus mesmos interesses ao invés de disputá-los. É nítido o quanto as demais etnias, prezam pela própria união e apóiam-se. Observo que no lugar da dicotomia, da intolerância, floresce entre eles uma "habitual" fidelidade, complementada pela mútua admiração. De longe... Tratam-se melhor e com uma identificação fraterna positiva, um orgulho invejável! É preciso valorizar o que representa o passo a passo de cada um, no final sempre resultará num passo a frente, para todos! By Kelly Cristiane.
Fontes de pesquisa:
http://negrosnegrascristaos.ning.com/profiles/blogs/em-defesa-do-cabelo-de-gabby-douglas?xg_source=msg_mes_network
http://esportes.terra.com.br/jogos-olimpicos/londres-2012/noticias/0,,OI6049226-EI19846,00-Americanos+debatem+cabelo+de+ginasta+e+irritam+Serena+Williams.htm
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