Não confunda a sua incapacidade em manter e criar um relacionamento
prolongado e prazeroso com a ideia de que o “amor romântico” é
brochante. Pode ser, pode não ser. Depende muito da personalidade de
cada um. Não é porque você não consegue criar um “clima duradouro” em
uma relação amorosa que o mundo terá que condená-la para sempre. Está na
hora de “desfacebookializar” sua mente.
No momento social
em que vivemos, o que parece imperar é a velocidade. Piadas rápidas,
comidas rápidas, dinheiro rápido, sucesso rápido, textos curtos na
internet para se ler rapidamente, relacionamentos rápidos.
Criou-se o costume de inventar rotinas aceleradas para esconder a sua
incapacidade embaixo do tapete. Para que ler um livro se eu posso ler um
status de 3 linhas nas redes sociais? Para que caminhar até a
lanchonete se eu posso pedir o lanche pelo delivery? Para que visitar um
amigo ou parente se eu posso mandar uma mensagem pelo Whatsapp? Para
quer criar um laço amoroso com alguém se eu posso pular de galho em
galho sem ter responsabilidade com os sentimentos de alguém? O medo do
fracasso, a fuga de responsabilidades e a cultura do “quanto mais
melhor” são as respostas. Não estou dizendo que esse estilo de vida
acelerado não seja bom para algumas poucas pessoas. O que eu quero
deixar claro é que este não é um padrão de qualidade de vida universal.
Não é a fórmula para resolver seus problemas sentimentais.
Mas
qual será o motivo dessa ânsia por velocidade? Será que todos estão com
a vida tão ocupada assim? Sem tempo para conversar, sem tempo para
criar laços, sem tempo para viver com calma? Zygmunt Bauman, um
sociólogo polonês o qual admiro muito, tem uma opinião muito contundente
a respeito do comportamento social da atualidade: “VIVEMOS TEMPOS
LÍQUIDOS. NADA É PARA DURAR”. Para Bauman, com a torpe ideia de afastar
a solidão, as pessoas vivem ligadas a celulares, tablets, notebooks. A
maior parte do contato é feito por intermédio das redes sociais
virtuais, e o contato físico fica resumido ao ato sexual, que na maioria
das vezes, é aquém do esperado. Mal feito. Quanto menos contato físico,
maior a torpeza em lidar com seres humanos. E qual é o ponto mais forte
dessas redes sociais virtuais? A ausência de comprometimento. Adicionar
e excluir são coisas tão rápidas e banais que ao menor sinal de
desagrado, você é excluído da “vida virtual” de alguém. Não gostou,
exclua!
Mas
o que isso tudo tem a ver com o amor romântico e o relacionamento
Miojo? Eu explico. Essas interações precoces e efêmeras estão tomando
conta da vida real. Principalmente em relação aos que já nasceram com a
cara enfiada em um computador. As relações estão se tornando meros laços
momentâneos, tão frágeis quanto a curtida que você recebe por ter
mudado o status de relacionamento. Tão volúvel quanto os comentários
falsos dos amigos dizendo: que casal lindo!
Estão vendendo
um prazer rápido e que se diz libertador. Os 15 minutos de fama para que
você sinta-se bem por um tempinho. É o tempo para você beijar, dar uns
“amassos”, mudar o status do Facebook, gravar um vídeo fazendo sexo,
mandar o vídeo para os amigos, e se lixar para o que vai acontecer
depois. Ser irresponsável virou modinha.
É o produto do momento, o Relacionamento Miojo. O que importa nessa modalidade de relacionamento é não se sentir só e nem o último da fila.
A solução para isso é ser rápido. Ninguém quer ficar uma semana ou um
mês sozinho e triste, não é verdade? Ninguém quer ficar um final de
semana sentindo-se a pessoa mais abandonada do mundo, sem amigos.
Ninguém quer sentir medo, dor, fracasso, solidão. Qual a solução?
Relacionamentos Miojo. Compre o seu!
Mas como funciona o
relacionamento Miojo? É simples: 3 minutos e está pronto. Não tem erro:
Olhou! Gostou! Levou! Filmou! Gozou (às vezes)!
O que importa é viver o momento, e aproveitar o máximo possível esses instantes de sobrevivência. Rápido! Rápido!
Mas qual o problema nisso? E se esse for o meu estilo? E se eu gostar?
O
problema não é dizer se isso é certo ou errado, bom ou ruim. O problema
é querer impor esse tipo de comportamento como algo superior ao amor
romântico (aquele da conquista. Não confunda com dramas e chorumelas). O
relacionamento Miojo é mais simples, mais fácil de conseguir e
consequentemente vai fazer você se sentir bem por um tempo muito curto,
até que você precise fazer tudo de novo. É um ciclo, quase um vício de
autossabotagem. Você não domina o que faz e esconde o medo de se prender
a alguém e ser infeliz, atrás da contínua procura por aceitação. Não
gostou? Exclua!
Para ter mais controle sobre sua própria
felicidade e não depender da volatilidade para ter paz de espírito,
evite a polarização de ideias e compreenda que a interpretação que cada
pessoa faz na busca do prazer é EXTREMAMENTE INDIVIDUAL. Você pode ser
diferente sim. Não é feio ou errado gostar de 50 tons de cinza ou de Uma
linda mulher. O sexo, por exemplo, não deve ser feito na selvageria, na
safadeza. Não existe um padrão. Sexo deve ser feito da forma que melhor
der prazer para você e o seu parceiro. Se você gosta de sexo selvagem e
realmente sente prazer com a prática, ótimo! Desfrute disso. Mas não
queira impor esse tipo de comportamento como o melhor para todos.
Amor
romântico não brocha, o que brocha é a sua incapacidade de sentir e dar
prazer. A velocidade, quando se torna costume, é a demonstração cabal
de que o sentimento de prazer deu lugar à vontade desesperada de se
sentir bem e especial. Egoisticamente especial. Já gozei, você não?
Abraço a todos e até a próxima.
P.S.: Sintam-se convidados para ler meus outros textos e me adicionar nas redes sociais. Os dados estão na descrição do autor. Carlos Mion Consultor comportamental com ênfase em
comportamento feminino, psicanalista, palestrante, escritor,
pós-graduando em neurociência, e advogado. Minha missão é utilizar o que
eu sei para fazer a vida de alguém melhor. Assim tudo valerá a pena.
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