Paisagem, 1915-1917 (EUA, Costa do Maine)
Um dos períodos de maior produção artística de Anita Malfatti foi durante sua estadia nos Estados Unidos, quando a artista se isolou numa ilha de pescadores na Costa do Maine chamada Monhegan Island (nome que serve de subtítulo a um dos quadros da época: Rochedos). Anita vivia com outros pintores que trabalhavam sob a orientação do pintor e filósofo Homer Boss, da Independent School of Art.
Anita passava os dias pintando ao ar livre, e ao anoitecer ouvia as aulas inspiradas de Homer Boss. Nesse ambiente de liberdade e inspiração, a artista explorou as influências expressionistas adquiridas durante seu aprendizado anterior na Alemanha. Em obras como A Ventania e A Onda, a paisagem local é representada como uma força selvagem, agressiva e dinâmica, e o uso da deformação expressa certa inquietação do olhar humano diante da natureza.
Uma das obras mais conhecidas desse período é O Farol. Nessa pintura, assim como em O Barco, a paisagem está mais harmonizada com a presença humana, através das edificações que compõem o cenário. O uso da deformação é sensivelmente menor, em contrapartida Anita utiliza exemplarmente a principal característica do seu expressionismo: as cores abundantes e vivas, a chamada “Festa da Cor”.
Um dos períodos de maior produção artística de Anita Malfatti foi durante sua estadia nos Estados Unidos, quando a artista se isolou numa ilha de pescadores na Costa do Maine chamada Monhegan Island (nome que serve de subtítulo a um dos quadros da época: Rochedos). Anita vivia com outros pintores que trabalhavam sob a orientação do pintor e filósofo Homer Boss, da Independent School of Art.
Anita passava os dias pintando ao ar livre, e ao anoitecer ouvia as aulas inspiradas de Homer Boss. Nesse ambiente de liberdade e inspiração, a artista explorou as influências expressionistas adquiridas durante seu aprendizado anterior na Alemanha. Em obras como A Ventania e A Onda, a paisagem local é representada como uma força selvagem, agressiva e dinâmica, e o uso da deformação expressa certa inquietação do olhar humano diante da natureza.
Uma das obras mais conhecidas desse período é O Farol. Nessa pintura, assim como em O Barco, a paisagem está mais harmonizada com a presença humana, através das edificações que compõem o cenário. O uso da deformação é sensivelmente menor, em contrapartida Anita utiliza exemplarmente a principal característica do seu expressionismo: as cores abundantes e vivas, a chamada “Festa da Cor”.
19 Comentários
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Retratos, 1915-17 (EUA).
Entre as obras que fomentaram as polêmicas em torno da lendária exposição de 1917,
certamente estão muitos dos retratos pintados por Anita.
Tanto nas paisagens quanto nos retratos, a cor é o principal instrumento da jovem Anita Malfatti.
A obra O homem de sete cores revela essa preocupação intensa, e essa técnica também
irá produzir grandes telas como A boba.
Anita utilizava modelos que posavam na Independent School of Art em troca de alguns
dólares. Essas pessoas, sem nenhuma ligação com o mundo artístico, serviriam como
modelos para obras como A mulher de cabelos verdes e O homem amarelo, obra
que fascinou Mario de Andrade, quando este sequer conhecia Anita.
Nessas obras, assim como em Uma estudante, Anita revela o seu interesse em retratar o estado psicológico dos seus modelos. O uso de certa deformação moderada, fugindo dos modelos clássicos, causou grande alvoroço em Monteiro Lobato e na elite provinciana de São Paulo.
certamente estão muitos dos retratos pintados por Anita.
Tanto nas paisagens quanto nos retratos, a cor é o principal instrumento da jovem Anita Malfatti.
A obra O homem de sete cores revela essa preocupação intensa, e essa técnica também
irá produzir grandes telas como A boba.
Anita utilizava modelos que posavam na Independent School of Art em troca de alguns
dólares. Essas pessoas, sem nenhuma ligação com o mundo artístico, serviriam como
modelos para obras como A mulher de cabelos verdes e O homem amarelo, obra
que fascinou Mario de Andrade, quando este sequer conhecia Anita.
Nessas obras, assim como em Uma estudante, Anita revela o seu interesse em retratar o estado psicológico dos seus modelos. O uso de certa deformação moderada, fugindo dos modelos clássicos, causou grande alvoroço em Monteiro Lobato e na elite provinciana de São Paulo.
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Retratos, 1921-27 (Brasil, França).
A recepção negativa da Exposição de 1917 fez com Anita recuasse nas suas propostas inovadoras para a pintura, assim como afastou a possibilidade de alcançar o Pensionato Artístico do Estado de São Paulo, almejado pela artista desde 1914. No entanto, apesar do escândalo geral, algumas forças ansiosas por renovação cultural já procuravam apoiar e defender a artista. Entre eles está Mario de Andrade (retrato abaixo), grande admirador da pintora, que após a Semana de Arte Moderna de 22 cresceu em importância no cenário cultural paulista. Foi por intermédio de Mario de Andrade que Anita conseguiu o Pensionato Artístico do Estado de São Paulo, e em 1923 a pintora partiu para a França.
Anita também retratou outros de seus amigos, inclusive a escritora portuguesa Fernanda de Castro. No entanto, muitas de suas composições eram inspiradas em anônimos, vistos ao acaso pela rua, que chamavam a atenção da artista. Entre elas estão a Chanson de Montmartre e Mulher do Pará.
Anita também retratou outros de seus amigos, inclusive a escritora portuguesa Fernanda de Castro. No entanto, muitas de suas composições eram inspiradas em anônimos, vistos ao acaso pela rua, que chamavam a atenção da artista. Entre elas estão a Chanson de Montmartre e Mulher do Pará.
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Paisagem, 1924-26 (França, Pensionato Artístico).
Ao receber o Pensionato Artístico do Estado de São Paulo, graças ao seu apoiador Mario de Andrade, Anita parte para a França, para retomar seus estudos e dedicar-se unicamente à pintura (no Brasil, ela lecionara artes plásticas e pintara sob encomenda para sobreviver).
A artista também viajaria para a Itália, onde iniciaria um processo de estudo dos clássicos, inclusive realizando réplicas e versões de pintores renascentistas, além de retratar a paisagem local.
Apesar do recuo da atitude de vanguarda, Anita ainda era capaz de produzir grandes obras, sem abandonar a sua influência do humanismo expressionista, revelando a preocupação introspectiva e psicológica da artista.
A artista também viajaria para a Itália, onde iniciaria um processo de estudo dos clássicos, inclusive realizando réplicas e versões de pintores renascentistas, além de retratar a paisagem local.
Apesar do recuo da atitude de vanguarda, Anita ainda era capaz de produzir grandes obras, sem abandonar a sua influência do humanismo expressionista, revelando a preocupação introspectiva e psicológica da artista.
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Paisagem, 1940-49 (Brasil).
No final da sua carreira, Anita transforma radicalmente seu jeito de pintar. Ela declara querer abandonar as fórmulas internacionais, e pintar de forma cada vez mais simples. A temática também muda: a instrospecção, e os retratos de forte expressão psicológica são substituídos pela representação da “alma brasileira”. Segundo a própria artista: “É verdade que eu já não pinto o que pintava há trinta anos. Hoje faço pura e simplesmente arte popular brasileira. É preciso não confundir: arte popular com folclore. (…) eu pinto aspectos da vida brasileira, aspectos da vida do povo. Procuro retratar os seus costumes, os seus usos, o seu ambiente. Procuro transportá-los vivos para as minhas telas. Interpretar a alma popular (…) eu não pinto nem folclore, nem faço primitivismo. Faço arte popular brasileira”
Anita procurava transmitir a “ternura brasileira” que não encontrava na arte da época. Para transmitir essa mensagem, achou que a sua técnica antiga era “muito violenta, inacessível à massa” – assim, procurava uma técnica simples, acessível a todos. Procurou cada vez mais esquecer escolas, teorias. Chegaria a declarar, em 1957, que estava “tentando pintar apenas a vida, sem quaisquer preocupações artísticas”, concluindo mesmo: “Se conseguir fazer isso, estarei satisfeita”.
Anita procurava transmitir a “ternura brasileira” que não encontrava na arte da época. Para transmitir essa mensagem, achou que a sua técnica antiga era “muito violenta, inacessível à massa” – assim, procurava uma técnica simples, acessível a todos. Procurou cada vez mais esquecer escolas, teorias. Chegaria a declarar, em 1957, que estava “tentando pintar apenas a vida, sem quaisquer preocupações artísticas”, concluindo mesmo: “Se conseguir fazer isso, estarei satisfeita”.
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