28 agosto 2015
12 agosto 2015
Malangatana
Fotografia: Severino Ribeiro, Acervo Fundação Joaquim Nabuco |
:: Perfil do Artista
Valente
Malangatana (1936-2011) nasceu em Moçambique e tornou-se um dos
artistas plásticos mais respeitados internacionalmente. De origem
humilde (foi pastor, aprendiz de curandeiro e empregado doméstico),
converteu-se na idade madura em uma das mais emblemáticas personalidades
africanas. Embora a pintura figurativa tenha sido sua principal
realização artística, Malangatana também foi político, músico, poeta,
gravurista e escultor. Em reconhecimento aos seus altos méritos, foi
nomeado, em 1997, o “Artista Unesco para a Paz”.
Entre 11 e 26 de
novembro de 1998, a convite do então presidente da Fundaj, Fernando
Freyre, Malangatana esteve na Instituição e pintou, durante vários dias,
o mural ora em destaque (Ver Descrição técnica). Na oportunidade,
também foram incorporadas ao acervo dois óleos sobre madeira do artista.
Pela primeira vez, o público brasileiro tinha acesso ao trabalho do
grande moçambicano.
:: Descrição Técnica
Mural
do Edifício Paulo Guerra (sede administrativa da Fundaj, bairro de Casa
Forte, Recife) Autor: Valente Malangatana Dimensões: 240 cm X 480
cm Ano: 1998
Técnica: pintura mural em tinta industrial (tipo PVA)
com pigmentos, executada diretamente sobre a parede. Em 2008, o mural
passou por uma intervenção de restauro, pois a camada pictórica
apresentava descolamento do suporte (parede em alvenaria); foi tratado
com a refixação da camada pintada e retoques para reintegração de
pequenas áreas de perda.
:: Depoimento
VALENTE MALANGATANA (1936–2011)
Sim,
amigos, eu vi Malangatana, o múltiplo e universal artista de
Moçambique, pintando um grande mural no Recife, criando mais uma vasta
página do seu imaginário africano, no qual sentia-se e sente-se a
emergência de uma cosmologia que transfigura uma inarredável e forte
herança cultural. O grande figurativo suava, liquefazia-se no verão
recifense de 1998, no hall do edifício Paulo Guerra, na sede da Fundação
Joaquim Nabuco (Fundaj). Criador e criatura viviam o embate de se
libertarem generosamente um do outro. Em meio às lágrimas de suor e
tinta, arfavam como gigantes exaustos e pulsantes. Ao calor do verão
tropical, vinham se juntar as cores quentes do moçambicano — laranjas,
vermelhos e similares — e as linhas sinuosas de corpos e faces, algumas
tão tristes e expectantes que poderiam roçar nossa pele e encadear
histórias sem fim. As histórias que o próprio Malangatana ouvira na sua
infância sem nunca saber ao certo se eram reais, verídicas, ou
imaginárias, como eu mesmo o escutei dizer. Espantados, servidores e
visitantes da Fundaj por vezes se detinham ante aquele inusitado quadro
humano e plástico, do qual logo viria à luz um belo e grande mural (2,40
X 4,80) que traria, para sempre, a África aos nossos olhares cotidianos
e curiosos. A África vital, dionisíaca e sanguínea de Valente
Malangatana.
No último dia 5 de janeiro, Malangatana — ele próprio uma espécie de
baobá humano e generoso — “partiu para a eternidade” aos 74 anos. E se
foi coberto de glória, como símbolo e herói de sua gente. De menino
pobre chegara a ser um artista internacionalmente reconhecido e
prestigiado, a ponto de, em 1997, ter sido nomeado “Artista Unesco para a
Paz”. E tanto quanto artista fora um homem excepcionalmente engajado
política e socialmente, criando instituições de arte, lutando contra a
então onipresente opressão colonial portuguesa, estimulando
fraternalmente novas vocações em seu país.
Como artista, trouxe para a sua arte as suas vivências e convivências
plurais. Na infância e juventude fora aprendiz de curandeiro, pastor e
empregado doméstico; na idade madura se agigantou ao explorar e provar
seus inúmeros talentos, tornando-se político, músico, poeta, gravurista e
escultor, sem falar, é claro, de sua pintura onírica e figurativa, que
se tornou seu estandarte artístico e universal.
Símbolo, na
Fundaj, de uma fraterna aproximação cultural com a África, em particular
com a África lusófona, o flamejante mural de Malangatana, encomendado à
época do presidente Fernando Freyre, é também um testemunho de um povo
que nos olha e pergunta por nossa atenção. Olhos e sexos que nos
desnudam para nos vermos no seu magnífico espelho.
:: Acervo em Destaque
Responsável
pela guarda, preservação e difusão dos acervos da Fundação Joaquim
Nabuco, a Diretoria de Documentação, tendo em vista justamente a
divulgação e o compartilhamento do seu patrimônio histórico, artístico e
cultural, passa a expor, neste espaço virtual, o que há de melhor no
acervo reunido em mais de seis décadas pela Instituição.
Nosso
primeiro destaque é para o belo mural do artista moçambicano de renome
universal Valente Malangatana, falecido no dia 5 de janeiro de 2011.
Paulo Gustavo, servidor da Fundaj e escritor
11 agosto 2015
A década de 20 e a sua liberdade criativa
Look anos 20 |
publicado em design por Luciana Kuchiki Vilar
Com o fim da Primeira Guerra Mundial em 1918, os anos 20 chegaram para abalar as estruturas da sociedade que ainda fazia grandes distinções entre homens e mulheres. Considerado os anos loucos, toda a década de 20 foi bem vivida pelas pessoas, que queriam mais é se deleitar na vida noturna, no Charleston, no jazz, nos cinematógrafos, na arte de Pablo Picasso e Salvador Dalí ou na abundância que a nova vida oferecia. Enfim, tudo que podia ser prazeroso. E todos queriam mais é aproveitar a vida e resgatar certa leveza, depois dos anos difíceis que uma guerra pode proporcionar.
Foi um período de muita prosperidade, de crescimento industrial e
reurbanização das cidades. O desejo era o de reconstruir tudo, além de
obras arquitetônicas e de engenharia, a ideia era a de reestruturar
também uma nova sociedade, deixando de lado velhos comportamentos e
hábitos antiquados.
Paris era o centro do mundo, tudo que acontecia lá servia de referência. Ditava moda.
A principal mudança foi a feminina, que queria tudo o que estava ao
seu alcance e muito mais, toda a liberdade possível. Foi o início da
emancipação da mulher, que passou a frequentar lugares públicos sem a
necessidade de estar acompanhada, principalmente ao anoitecer.
Com toda essa mudança de comportamento, o reflexo foi nas roupas, nos
cabelos e na maquiagem. Em plena fase da art déco, a moda também seguiu
o mesmo design. O visual era mais leve, elegante, reto e tubular. Sem
realçar formas, o ideal era ter seios e quadris pequenos e a
sensualidade estava nos tornozelos à mostra. Na cabeça o chapéu era o
cloche, usado com cabelos curtos à la garçonne. Quem mais brilhou nessa
época foi a estilista Coco Chanel.
O que tudo isso tem a ver com o design que conhecemos? A liberdade é o
maior legado. Para o design de moda principalmente. A necessidade de
tecidos mais leves e fluidos, formas mais retas e ao mesmo tempo
sensuais, roupas mais práticas e fáceis de usar sem perder a
feminilidade. Além disso, já foram feitas muitas releituras dos anos 20
pelos designers de moda atuais. E deram muito certo.
Figurino Prada |
Gucci 2012 |
Alberta Ferretti 2012
|
Em 2012, Prada, Gucci e Alberta Ferreti fizeram releituras deste
período e referências da art decó no design das suas badaladas roupas.
Na refilmagem de Great Gatsby, em 2013, Catherine Martin levou o Oscar
de melhor figurino. O filme, passado na década de 20, pode contar com a
preciosa ajuda de Miuccia Prada para a criação dos seus figurinos. Muito
bem elaborados e com detalhes primorosos, o design das roupas e dos
acessórios fizeram sucesso entre as fashionistas. E, como consequência,
vários designers de moda também produziram coleções inspiradas nos anos
20, que virou uma tendência de moda.
The Great Gatsby |
Não dá pra duvidar a importância que o passado tem na nossa história
atual. Grandes designers de moda procuram inspiração e absorvem as
influências de épocas de grande efervescência cultural.
Imagens: reprodução/internet
LUÍS XIV (1638 – 1715) - O que o Rei Sol deixou para a moda?
Luís XIV
Na França do final do século XVII, o que reinava era a monarquia
absoluta do rei Luís XIV. A sua missão era de governar sem nenhuma
limitação imposta pela constituição ou pela legislação. Sua famosa
frase: “L’etat c’est moi” (eu sou o estado) definia toda a sua
personalidade. Considerava-se representante de Deus na Terra. Proclamado
como “Le Roi Soleil” (o Rei Sol) acreditava que, além do sol simbolizar
a vida também era símbolo de ordem e rigor.
Apesar do seu discurso político, foi considerado um rei muito
carismático e incentivador das artes. Responsável pela construção do
Château de Versailles, grandioso e decorado com o seu inconfundível
estilo, marcou fortemente um período com as suas características. Criou o
que podemos considerar hoje de regras de etiqueta.
Figurino Ballet de la Nuit
Foi a partir de Luís XIV que Paris começou a se impor na Europa com
novos padrões sociais, de comportamento, boas maneiras e moda. Ainda que
fosse conhecido pelos maus odores que exalava devido à escassez de
banhos, o rei era extremamente preocupado com a sua aparência. Era
considerado baixinho por isso foi eternamente adepto dos saltos altos,
sua marca registrada, copiado pela corte. Também foi usuário de grandes
perucas, principalmente depois que começou a ficar careca, sempre
ostentava uma vasta cabeleira artificial, o que virou moda durante anos.
Vestia-se de uma maneira muito luxuosa, com tecidos nobres e
acabamentos ricos em detalhes. O período era o Barroco. Repleto de
suntuosidade e particularidades, o período foi representado na
arquitetura, nas artes e nas roupas.
Além de o Rei Sol ter revolucionado os costumes da época, fazendo
escola e vivendo no luxo, apresentou, inclusive, hábitos que até hoje
usamos no nosso cotidiano. Perfumes, saltos altos, gastronomia, salão de
cabeleireiros e criadores de moda são algumas das heranças deixadas por
ele. Pode ser considerado, também, o primeiro "formador" de uma escola
de moda no mundo. Muitas pessoas seguiram seu estilo por anos.
O que hoje intitulamos tendência de moda foi implementado por um
vaidoso que queria se diferenciar dos simples mortais e súditos para ser
reverenciado como o sol.
Quem trabalha com o mundo do fashion design sabe reconhecer um
trendsetter, uma estrela que dita moda. Talvez o maior presente que
ganhamos tenha sido saber reconhecer e distinguir a importância do savoir vivre! A arte de viver bem.
Imagens: reprodução/internet
ALBERTO GIACOMETTI: E A NATUREZA ABSOLUTA NAS ESCULTURAS
A arte do suíço Alberto Giacometti pode ser analisada em diversas
frentes. Todas profícuas e fomentadoras de discussões. Do cubismo –
ambiente este contemporâneo ao seu próprio nascimento – na comunidade de
Stampa em 1901 – Ao primitivismo. Este discutido e praticado por
inúmeros artistas ao redor do mundo. Desde conceitos primitivistas
debatidos nos séculos anteriores à própria noção de africanismo e
retorno às artes mais genuínas na outra ponta. Após o estudo na
faculdade de Belas artes de Genebra - o filho do pintor
pós-impressionista Giovanni Giacometti - começa as viagens que o levaria
à estruturação de sua identidade.
Na Itália, no início dos anos 20, o contato com a obra ímpar do
veneziano Jacopo Robusti (Tintoretto) – apenas para ficar nestes – e
intensas viagens pelo país vão moldando o olhar de Giacometti pela
renascença. Posteriormente a estas experiências - o jovem pintor e
escultor suíço - desembarca em Paris, mais precisamente no bairro de
Montparnasse para estudar na fantástica escola de arte La Grande Chaumière sob os cuidados do mestre francês Émile-Antoine Bourdelle.
‘La Grande Chaumière’ foi um importantíssimo polo de jovens artistas –
de vários países – no início do século XX. Fundado pela suíça Martha
Stettler, teve em Antoine Bourdelle um dos seus mais nobres
lecionadores. Este, um dos expoentes da chamada Belle Époque e um dos maiores pintores francesas da primeira metade daquele século. Ensinou na lendária academia de artes francesa até 1929.
Ainda na França, os anos 20 foram de profusão para a criação e as
revoluções estéticas impregnadas naquele século. André Breton já havia
publicado o manifesto surrealista (1924) e Alberto Giacometti começaria a
ter contato com a atmosfera efervescente daqueles anos e os pensamentos
oníricos de gente como Max Ernst e Joan Miro. Além do contato com o
icônico Pablo Picasso.
Deste intenso contato nascem algumas exposições onde são apresentadas algumas das primeiras obras primas de Giacometti. Le Couple e Boule Sospendue
às colaborações com o próprio Breton. Neste período, incapaz – segundo
ele mesmo – de esculpir com fidelidade a natureza humana, mergulha suas
experimentações no imaginário surrealista. Estas incursões vão até a
morte do pai no início da década de 30.
O artista rompe com as frentes surrealistas e continua a trabalhar em
seu ateliê em Paris. Intermeio em que trava uma busca por uma
identidade artística – em sua obra – que captasse, como um
escultor-retratista, uma essência – talvez – absoluta do homem. Nestes
instantes começava a fecundar o estilo mais alongado da arte do mestre. A
fragilidade solitária do humano e os anos também de reclusão, a segunda
grande guerra, as idas e vindas à Suíça, sua mãe e sua identidade.
Já nos anos 40 - Annette Arm - que Giacometti conheceu na Suíça -
torna-se uma grande inspiração e sua mulher até o fim da vida. Outro
modelo para Giacometti foi seu irmão Diego. Neste, o artista trabalhou
mais ainda sua investigação essencialista. Pinturas, desenhos e formas
que ganhariam uma de suas primeiras exposições na Galeria Pierre Matisse com direito a ensaios do grande filósofo francês e do pensamento existencialista, Jean Paul Sartre.
Esta exposição realizada em 1948 trouxe dois entusiasmados ensaios de
Sartre – impregnado sobre a obra de Giacometti – e ciente de sua
identificação como uma arte que dialogava com as construções
existenciais de “O ser e o Nada” lançado do Sartre cinco anos antes.
Os ensaios ‘A busca do absoluto’ e ‘As pinturas de Giacometti’ tratam
de uma análise sobre o imaginário criador de Alberto. No primeiro,
Sartre escreveu sobre e evolução histórica da escultura. Os antigos
cadáveres – alguns sem vida – eram agora, na obra Giacometti, segundo
Sartre - o encontro do absoluto. Não a eternidade física e sim - como
toda a humanidade - sua temporalidade. O efêmero sopro de vida paralelo à
atemporalidade da arte.
No ensaio ‘As pinturas de Giacometti’, Sartre versa sobre o vazio na
obra de Giacometti. A distância entre nós e a escultura como ponto ideal
de visualização dimensional da própria razão filosófica desta arte. Ao
passo que, a aproximação com uma possível real dimensão de uma estética
intrínseca a nós como expectadores de um objeto estático no tempo, não
menos, intemporal.
Os anos cinquenta trouxeram de volta às evidências da arte de Alberto
Giacometti para o grande público. Particularmente as Bienais de Veneza
foram importantes para esta constatação. Neste período também surge os
trabalhos Femme de Venise com barro e gesso e o apoio
assistencial do irmão Diego. Que continuava sendo seu modelo, além de
Yanaihara Isaku (1918-1989), um amigo, filósofo japonês e também modelo
durante anos de Giacometti. É dele um dos mais importantes livros sobre o
escultor suíço. Um livro de memórias sobre aquela época, Yanaihara Isaku, Avec Giacometti,
pela editora Allia. Outras obras importantes sobre o artista são
‘L'Atelier d'Alberto Giacometti’ de Jean Genet (éd. L'Arbalète, 1958) e
‘Un Portrait par Giacometti’ de James Lord (éd. Gallimard , 1991).
A arte de Alberto Giacometti lhe rendeu grandes exposições, prêmios
diversos e foi de grande inspiração para a escultura do século XX.
Considerado o maior escultor surrealista da história - na verdade -
Giacometti foi muito mais além. Alguns estudiosos viram na sua arte um
passo à frente na então estética escultural clássica.
As estruturas tênues, alongadas, os braços finos - homens isolados em
petrificações paradoxalmente cheia de vida – mesmo que esta - fosse em
muitos casos, vazia existencialmente e distante - não da realidade e sim
da própria realidade da escultura. Um sobre salto mágico e filosófico.
Entretanto, adequada às nossas profundas questões filosóficas. Nossos
dilemas pessoais e nosso dialogo com o tempo-espaço.
Alberto Giacometti faleceu em 11 de janeiro de 1966, em Chur e foi
enterrado ao lado de seus pais em Borgonovo-Stampa. Em 1986 a viúva
Annette Giacometti começou a trabalhar na criação de uma fundação. Assim
nasceu anos depois a Alberto et Annette Giacometti que desde
2003 - oficialmente - passou a fazer parte do ministério da cultura da
França. Estava mais do que Reconhecido a utilidade pública da
Instituição e mais, o legado cultural e imprescindível de toda a obra do
mestre Giacometti.
CHIVOLVAP CANDREVA: A IMPERTINENTE INCÓGNITA
publicado em literatura por João Roc
Todos os dias pela manhã, Chivolvap Candreva escrevia longos versos, ensaios e outras construções enigmáticas no bistrô Zerkalo perto do centro da capital flutuante. Zerkalo era frequentado por espécimes cibernéticas das empresas exteriores e lúdicos artistas mercenários do apocalipse. Apesar das intensas sinfonias metálicas dos transeuntes, o velho escritor trabalhava alucinado a fim de terminar sua obra - quem sabe - um dia.
Há tempos se indagava o que porventura havia acontecido. Passaram-se séculos. O sol estava prestes a se tornar frígido em toda a sua grandeza e não seduzia mais os otimistas como dantes. Candreva não entendia às razões absurdas - que deuses e tecnocratas científicos tinham - de mantê-lo vivo por todo este tempo.
Suas articulações tremiam soltando a poeira que orbitava em sua face na ausência oceânica dos ventos, estes, seres belos e perfeitos que já deixavam saudade.
Estudado pelos nobres ganhadores dos prêmios máximos das evoluções científicas que vieram dos países em reconstruções mágicas, estes no entanto, de fato, não responderam suas indagações. Certa noite - de calor sorumbático onde as janelas dos apartamentos despejavam um vapor que assustava os cães famintos sem destino - Chivolvap tentou o fim com seu pescoço enrolado em uma corda puída. Claro, não obteve a coragem necessária para este experimento derradeiro.
Ele estava cansado meus caros. Havia perdido os irmãos, tias, amigos e suas namoradas envelheciam enroladas em sua barba. Não teve filhos, ah se estivesse. No entanto, o tempo tem sido cruel com Chivolvap. Como um touro que jamais sucumbe aos golpes do facão indesejável. Como um líquido desejado pelos amantes da eternidade, que entretanto, como por acidente, foi embebido pela insânia matinal de um reles cronista suburbano.
As manhãs eram longas. As tardes como ampulhetas que traziam em si um inexaurível deserto. As bombas, os conflitos, o humano em demasia estraçalhando o mundo com os dentes. Chivolvap Candreva dormia em seu quartinho perto da biblioteca esquecida de livros diversos. Jamais lidos ou lidos sim, por todos os jovens que hoje não passam de cadáveres de lembranças nos pátios da relatividade. Às vezes, seu mundo se enquadrava pela janela e magnetizava a observação. Televisores ainda resistiam à febre holográmica irreparável nos arredores. Entretanto, poucos ainda o percebiam. "As distrações se tornaram a droga do presente". Dizia o velho Chivolvap para si mesmo.
À margem, sentado em sua mesma mesa há décadas, entre antes novos, agora desbotados garçons. Entre impetuosos jovens e hoje decadentes empresários e suas frívolas amantes encarecidas, Chivolvap bebia seu licor tirado de uma espécie de planta dos mundos recém-descobertos e - como um mago - escrevia a biografia das idas e vindas.
Era impressionante que apesar de sua vã sabedoria experimental - este maldito senhor da impertinente eternidade - ainda se surpreendia séculos após séculos...
- É o Sr. Chivolvap? Pergunta uma criança que puxava a mãe pelas mãos como se tentasse salva-la de alguma explosão meteorítica.
- Sim, é o que dizem. Respondeu - em uma ironia leve - que pesava menos que as asas de um rouxinol.
Chivolvap Candreva desfrutava a fama e o reconhecimento por sua própria tragédia. Seu drama havia sido encenado nos palcos dos atores destemidos. Virou objeto de entrevistas calorosas – até chorou certa vez para ganhar mais audiência – depois escolhia o isolamento. O subsolo fúnebre da insignificância. O ódio dos publicitários e a incompreensão das crianças. Entretanto, ter sido reconhecido em sua fisionomia cinzenta por esta última pequenina - que trazia em seu olhar o absurdo encantamento da utopia da perenidade - acalentava sua mágoa com a morte e reconhecia no humano algo de arrebatador, além de qualquer utopia poética.
Será que no limiar de suas perturbações onipresentes um sentido havia passado despercebido. Qual? Não se sabe. São tão desconhecidos quanto os pensamentos do outro. O próprio Sr. Candreva relutava em acreditar que séculos de existência ainda não lhe trazia a clarividência reluzente que depreendia daquele minúsculo ser. Nada mais atemporal que as razões humanas.
Qual seria o segredo oculto, o oblíquo e mandingueiro paradigma que mantém vivo a todos? E os outros? E os que já se foram? Por que foram? O que procuravam?
Pobre Chivolvap Candreva. Para ele todos eram poetas. Todos escreviam suas histórias nos espaços em branco entre os segundos. Assim, sobreviveriam à sua própria humanidade.
Como um clamor, intemporal.
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Fotografias | Robert Doisneau
Pierre Bourdieu: El sociólogo
El
sociólogo Pierre Bourdieu, uno de los más influyentes en la
disciplina durante las últimas décadas y activista contra el
liberalismo económico, murió en París, 23 de janeiro de 2002 de enero a los 71 años,
de cáncer.
|
Catedrático de Sociología en el Colégio de Francia de París
desde 1981, Bourdieu comenzó a destacarse dentro del escenario
intelectual francés en 1964 con la publicación “Les Hérieters”(Los
Herederos), obra en la que coloca una crítica contra la enseñanza
universitária y sus privilegios.
A
comienzos de los sesenta viaja con destino a París; allí
sería director de estudios de la Escuela de Altos Estudios en
Ciencias
Sociales de 1964 a 1980.
Sociales de 1964 a 1980.
Su pasión por la investigación lo condujo a profundizar
autores como Marx, Sartre, Merleau-Ponty o Husserl; también mantuvo
contactos con el estructuralismo de princípios de los 60, del que
le atrajeron su preocupación por el lenguaje y su vocasión
etnológica.
La práctica pedagógica lo llevó a reflexionar sobre el
sistema educativo, lo que se tradujo en obras como “La
Reproduction”, “Lês Regles de Lárt”, Noblese d´etat, “La
Distinction”, donde analizaba los mecanismos culturales de
diferenciación social, más allá de los puramente económicos.
En los últimos diez años, Bourdieu se destacó por asumir
la línea de frente del movimiento antoglobalización; él afirmaba
que vivíamos una época de desigualdades crecientes: “Durante el
capitalismo salvaje hubo límites, contra el capitalismo hubo paros,
etc. Ahora, se va para el capitalismo ilimitado; se introducen
formas de gerenciamiento que antes eran inimaginables. Es la lógica
del lucro sin límites. Eso es muy peligroso. Nos puede llevar a la
barbárie".
Dentro de su faceta de activista político, uno de los libros
más conocidos fue
“La Misere du Monde” de 1993, donde denunciaba el sufrimiento social, y en 1996 fundó la asociación Líber Raisons d´agir que editaba libros en los que se cuestionaba el liberalismo.
“La Misere du Monde” de 1993, donde denunciaba el sufrimiento social, y en 1996 fundó la asociación Líber Raisons d´agir que editaba libros en los que se cuestionaba el liberalismo.
Bourdieu
reflexionó en los últimos años sobre el papel de los medios de
comunicación y la responsabilidad de los periodistas en la
construcción de una realidad dada por supuesta de forma acrítica y
fruto de ese trabajo fueron estudios como “L´emprise du
jornalisme” o “Sur la telévision”.
Como lo recordara el primer ministro francés, Lionel Jospin,
frente a la noticia de la muerte del sociólogo: “Bourdieu era un
maestro de la Sociologia contemporánea, una gran figura de la vida
intelectual de nuestro país” y un hombre “que vivió
personalmente la dialéctica entre el pensamiento y la acción”.
Bourdieu:
relato de uma aula inaugural
Por
o professor Clovis de Barros
O
aviso no mural era claro. A primeira aula de sociologia do ano
estava prevista para as nove horas, em quatro anfiteatros
diferentes. Cheguei meia hora antes. Fingi não saber de nada e
perguntei a um funcionário sobre o local e horário. Ele me
indicou, sem hesitar, o número de um deles. Tranqüilizado,
encaminhei-me. Primeiro, seguindo flechas. Depois, o próprio
fluxo dos alunos. Já na sala, não percebi, de imediato, a tela
no lugar da cátedra. O esclarecimento do colega ao lado se impôs:
“Para assistir onde ele está, é preciso chegar antes das sete.
Ainda mais no começo do curso. Depois vai melhorando”.
Alguns
minutos antes das nove, a luz do projetor faz o silêncio. A
primeira imagem é de uma mesa vazia e uma cadeira. Atrás, uma
porta que se abre, segundos depois. O professor sobe os degraus do
estrado e se aproxima da mesa. Teatro para uns, cinema para
outros. O rito de uma prática incorporada, em anos de docência,
dispensa o ensaio. Seus gestos contrastam com a solenidade do cenário.
Um assistente de ensino fundamental que entrasse numa sala de aula
pela primeira vez não agiria diferente.
Ainda
de pé, abre a mala e retira uma folha de papelão dobrada ao meio
que lhe serve como pasta de papéis. Senta-se. Ao desdobrá-la,
acusa o equívoco franzindo a testa. Levanta-se e troca de pasta.
Volta a sentar-se. A mala, ainda aberta, é colocada no chão.
Pela primeira vez, o professor contempla, de relance, os ouvintes.
As folhas, manuscritas, escapam pelas bordas da pasta. São
reempilhadas.
As orelhas das páginas não parecem incomodar. Passados
alguns segundos das nove, Pierre Bourdieu toma a palavra.
Para
alguém acostumado com longas apresentações e votos de boas-
vindas, os primeiros minutos produzem desconforto. Sem recorrer
aos jargões introdutórios tão comuns na academia, a intervenção
não marca simbolicamente seu início. A tal ponto que cogitei
tratar-se de um trecho de aula
gravada. Ingenuidade de que se pouparam os mais madrugadores,
copresenciais ao mestre.
A
aula apresentaria duas partes. A essa conclusão só cheguei
depois de transcrevê-la por completo. Num primeiro momento, faz
abordagem sociológica da própria produção e das referências
filosóficas de seus principais conceitos. Na segunda parte, mais
curta, propõe reflexão também sociológica sobre uma aula, uma
aula inaugural, no Collège
de France.
A sociologia da produção
Uma
profissão de fé metodológica, em retórica mais inflamada do
que de hábito, punha em alerta a audiência. A preocupação de
todo pai fundador em garantir especificidades, definindo-as
sistematicamente. O imperativo categórico é objetivar o sujeito
objetivador. Tomar, desta forma, na análise da própria produção
científica, as cautelas epistemológicas de qualquer investigação.
Objetos, quadros teóricos de referência, instâncias de produção
e divulgação científica decorrerão deste rigor metodológico
singular.
Inscrevendo-se
num campo de produção das ciências sociais, o professor se
esforça, passo a passo, para marcar fronteiras, em relação a
outros campos, e posições, em relação a alguns membros do
campo. As rupturas propostas não são neutras. Primeiro, Marx.
“Discorrer sobre a importância de Marx para o estágio atual
das ciências sociais é fazê-los perder tempo”, sentencia.
Refuta, no entanto, com veemência, o rótulo de
“neo-marxista”, como redutor e gerador de equívocos.
Alonga-se sobre a relação entre campo e classe, o que o afasta
da sua literatura publicada até então. Critica o caráter
substancialista do conceito de classe. Contrapõe-lhe a lógica
reflexiva das posições do campo. Esclarece: se o burguês é
objetivamente burguês, em função dos meios de produção, as
posições de dominante e dominado no campo só existem e tem
sentido umas em relação às outras.
Introduz,
sutilmente, para a melhor compreensão desta reflexividade, a
dimensão não calculada de muitos dos deslocamentos e tomadas de
posição em qualquer campo. Menciona o habitus
e recomenda a leitura dos gregos, sobretudo Aristóteles. Aponta
na Metafísica o hábito
como condicionante da percepção. Estende seu alcance à percepção
da prática social que se incorpora em trajetórias singulares.
Comenta,
com entusiasmo, a aplicação moderna desta reflexão objetivada
no conceito de jogo em Wittgenstein. Observa que alguns filósofos
pragmáticos americanos “parecem também ver, no hábito, matriz
geradora de comportamento”. Recusa-se a maiores digressões por
conhecer “muito pouco” autores como Dewey e James. Estranho
que ignorasse obra específica de Durkheim, relacionando o
pragmatismo e a sociologia.
A
dicotomia indivíduo-sociedade, útil para alimentar disputas
ideológicas, esbarra nesses esquemas corporais de percepção e
classificação do mundo. Sugere a Fenomenologia da Percepção. Por intermédio de Merleau-Ponty,
alude a uma de suas principais vítimas: Sartre.
Mais
tarde, em Méditations
Pascaliennes (1997), detalharia a importância do
“intelectual total” na constituição do campo universitário
francês no século XX. Na aula, já o fazia, muitos anos antes:
“a oposição a Sartre me fez ler autores e forjar reflexões
que teriam sido distintas fossem outros os dominantes”. Ataca o
ultra-subjetivismo de L´Être
et le néant, destaca a relevância das condições
propriamente sociais de definição do “projeto original” e
diz não compreender o real alcance do conceito de “má-fé”.
Na
seqüência de Sartre, tendo citado muitos outros autores e
conceitos que decidimos suprimir para atender ao propósito deste
artigo, o professor interrompe abruptamente a reflexão. Indaga a
si mesmo, inquirindo o público: “Mas, enquanto participantes
desta aula, que posição estamos ocupando neste espaço de produção?”
A lição sobre a aula
Desculpa-se
por retomar temática já discutida em outros cursos. Refere-se,
sobretudo, à sua primeira aula inaugural no Colégio em 1981.
Fala da instituição como instância de consagração. Da
consagração como definidora do valor social de uma conferência.
Da conferência como produtora de legitimidade. Da sua
legitimidade como porta-voz. Do capital específico do campo acadêmico.
Das formas de investimento e incremento deste capital. Das estratégias,
definidas em função de um saber prático incorporado ao longo de
uma trajetória propriamente universitária. De um saber prático
objetivado em disposições de agir. De disposições
constitutivas de um habitus
propriamente acadêmico. Da força simbólica da lição, como
dominação, decorrente de uma autoridade reconhecida. Deste
reconhecimento, possível graças ao desconhecimento das suas
reais causas. Das causas sociais de fatos sociais.
A
seqüência de frases permite o desfile articulado de seus
principais conceitos. Seus sentido e alcance exigem outros como
referencial. O repertório presumido do ouvinte é rico. Os
exemplos do cotidiano são raros. Para explicar o habitus
como sistema de competências, no duplo sentido de habilidades
interiorizadas e de autorização social para agir, o professor
recorre ao conceito de campo, isto é, de um espaço social de
posições, com regras e troféus específicos e, portanto,
relativamente autônomo dos demais campos. “Os conceitos de habitus
e de campo compõem um todo ontológico”, enfatiza o professor.
Ao insistir que o habitus é uma forma de subjetivação das estruturas, ou seja, das
relações de força em ação no campo, o professor torna sua
fala auto-referencial. Qualquer fratura na atribuição de sentido
pode representar minutos de incompreensão. Pior para os não
iniciados.
Apesar
do hermetismo, a lição não é interrompida nenhuma vez. Um
acordo tácito de disposições ao silêncio garante fluidez e
dispensa qualquer determinação expressa. Socializações
semelhantes tendem a gerar práticas orquestradas, sem qualquer
batuta visível. Assim explicaria o mestre a reverência muda com
que foi acolhido.
No
final da aula, duas horas e trinta e quatro minutos após o seu início,
as imagens flagraram a abordagem de alguns alunos. Troquei de sala
e esperei pelas outras indagações. Autorizado por um olhar,
aproximo-me procurando não acusar, em demasia, os efeitos da carência
de recursos sociais, decorrente da combinação de fatores como o
calourismo e a estrangeiridade. “Être mal dans sa peau”
(estar mal na própria pele), fruto de um ineditismo radical, da
falta de qualquer síntese passiva, de um não-sujeito para a
situação, da ausência de experiências ao longo da trajetória
que, aprendidas e interiorizadas, garantissem alguma reação
espontânea, sem cálculo, e oportuna.
“Não
ficou claro em que medida os circuitos de consagração são tanto
mais eficazes quanto maior a distância social do objeto
consagrado”, perguntei. “Isto é claro”, corrigiu o mestre.
“Imagine-se publicando um livro. Três comentários idênticos e
elogiosos: um da sua mãe, outro de um colega da universidade e,
um terceiro, de um professor que, em outro país, deu-se ao
trabalho de traduzi-lo. Qual dos três comentários será mais
valorizante para você?”, perguntou-me com ternura.
A
resposta óbvia tornou o constrangimento indisfarçável. Talvez
por isso tenha buscado um incentivo. “A pergunta foi ótima”,
continuou, sorrindo. “Normalmente as pessoas fazem das perguntas
em palestras um uso legitimador, de autoconsagração. Ao esperar
a saída de todos, você reduziu muito este efeito”, atalhou com
descontração. Este artigo, quatorze anos depois, relata a
pergunta, desmente o mestre e estende para além dos muros da
escola a homenagem que o autor lhe faz a cada aula. Pierre
Bourdieu virou-se e partiu, pondo termo à primeira, mais curta e,
para mim, mais significativa de nossas conversas.
Clóvis
de Barros Filho fazia no ano letivo 1988-89 um D.E.A (Diplôme d´Études
Approfondies) na Universidade de Paris III (Sorbonne Nouvelle).
Hoje é professor do departamento de jornalismo da Faculdade Cásper
Líbero, da ESPM, e de ética e legislação na ECA-USP e na
Universidade Santa Cecília (Santos)
Relacionamento Miojo X Amor Brochante
Não confunda a sua incapacidade em manter e criar um relacionamento
prolongado e prazeroso com a ideia de que o “amor romântico” é
brochante. Pode ser, pode não ser. Depende muito da personalidade de
cada um. Não é porque você não consegue criar um “clima duradouro” em
uma relação amorosa que o mundo terá que condená-la para sempre. Está na
hora de “desfacebookializar” sua mente.
No momento social
em que vivemos, o que parece imperar é a velocidade. Piadas rápidas,
comidas rápidas, dinheiro rápido, sucesso rápido, textos curtos na
internet para se ler rapidamente, relacionamentos rápidos.
Criou-se o costume de inventar rotinas aceleradas para esconder a sua
incapacidade embaixo do tapete. Para que ler um livro se eu posso ler um
status de 3 linhas nas redes sociais? Para que caminhar até a
lanchonete se eu posso pedir o lanche pelo delivery? Para que visitar um
amigo ou parente se eu posso mandar uma mensagem pelo Whatsapp? Para
quer criar um laço amoroso com alguém se eu posso pular de galho em
galho sem ter responsabilidade com os sentimentos de alguém? O medo do
fracasso, a fuga de responsabilidades e a cultura do “quanto mais
melhor” são as respostas. Não estou dizendo que esse estilo de vida
acelerado não seja bom para algumas poucas pessoas. O que eu quero
deixar claro é que este não é um padrão de qualidade de vida universal.
Não é a fórmula para resolver seus problemas sentimentais.
Mas
qual será o motivo dessa ânsia por velocidade? Será que todos estão com
a vida tão ocupada assim? Sem tempo para conversar, sem tempo para
criar laços, sem tempo para viver com calma? Zygmunt Bauman, um
sociólogo polonês o qual admiro muito, tem uma opinião muito contundente
a respeito do comportamento social da atualidade: “VIVEMOS TEMPOS
LÍQUIDOS. NADA É PARA DURAR”. Para Bauman, com a torpe ideia de afastar
a solidão, as pessoas vivem ligadas a celulares, tablets, notebooks. A
maior parte do contato é feito por intermédio das redes sociais
virtuais, e o contato físico fica resumido ao ato sexual, que na maioria
das vezes, é aquém do esperado. Mal feito. Quanto menos contato físico,
maior a torpeza em lidar com seres humanos. E qual é o ponto mais forte
dessas redes sociais virtuais? A ausência de comprometimento. Adicionar
e excluir são coisas tão rápidas e banais que ao menor sinal de
desagrado, você é excluído da “vida virtual” de alguém. Não gostou,
exclua!
Mas
o que isso tudo tem a ver com o amor romântico e o relacionamento
Miojo? Eu explico. Essas interações precoces e efêmeras estão tomando
conta da vida real. Principalmente em relação aos que já nasceram com a
cara enfiada em um computador. As relações estão se tornando meros laços
momentâneos, tão frágeis quanto a curtida que você recebe por ter
mudado o status de relacionamento. Tão volúvel quanto os comentários
falsos dos amigos dizendo: que casal lindo!
Estão vendendo
um prazer rápido e que se diz libertador. Os 15 minutos de fama para que
você sinta-se bem por um tempinho. É o tempo para você beijar, dar uns
“amassos”, mudar o status do Facebook, gravar um vídeo fazendo sexo,
mandar o vídeo para os amigos, e se lixar para o que vai acontecer
depois. Ser irresponsável virou modinha.
É o produto do momento, o Relacionamento Miojo. O que importa nessa modalidade de relacionamento é não se sentir só e nem o último da fila.
A solução para isso é ser rápido. Ninguém quer ficar uma semana ou um
mês sozinho e triste, não é verdade? Ninguém quer ficar um final de
semana sentindo-se a pessoa mais abandonada do mundo, sem amigos.
Ninguém quer sentir medo, dor, fracasso, solidão. Qual a solução?
Relacionamentos Miojo. Compre o seu!
Mas como funciona o
relacionamento Miojo? É simples: 3 minutos e está pronto. Não tem erro:
Olhou! Gostou! Levou! Filmou! Gozou (às vezes)!
O que importa é viver o momento, e aproveitar o máximo possível esses instantes de sobrevivência. Rápido! Rápido!
Mas qual o problema nisso? E se esse for o meu estilo? E se eu gostar?
O
problema não é dizer se isso é certo ou errado, bom ou ruim. O problema
é querer impor esse tipo de comportamento como algo superior ao amor
romântico (aquele da conquista. Não confunda com dramas e chorumelas). O
relacionamento Miojo é mais simples, mais fácil de conseguir e
consequentemente vai fazer você se sentir bem por um tempo muito curto,
até que você precise fazer tudo de novo. É um ciclo, quase um vício de
autossabotagem. Você não domina o que faz e esconde o medo de se prender
a alguém e ser infeliz, atrás da contínua procura por aceitação. Não
gostou? Exclua!
Para ter mais controle sobre sua própria
felicidade e não depender da volatilidade para ter paz de espírito,
evite a polarização de ideias e compreenda que a interpretação que cada
pessoa faz na busca do prazer é EXTREMAMENTE INDIVIDUAL. Você pode ser
diferente sim. Não é feio ou errado gostar de 50 tons de cinza ou de Uma
linda mulher. O sexo, por exemplo, não deve ser feito na selvageria, na
safadeza. Não existe um padrão. Sexo deve ser feito da forma que melhor
der prazer para você e o seu parceiro. Se você gosta de sexo selvagem e
realmente sente prazer com a prática, ótimo! Desfrute disso. Mas não
queira impor esse tipo de comportamento como o melhor para todos.
Amor
romântico não brocha, o que brocha é a sua incapacidade de sentir e dar
prazer. A velocidade, quando se torna costume, é a demonstração cabal
de que o sentimento de prazer deu lugar à vontade desesperada de se
sentir bem e especial. Egoisticamente especial. Já gozei, você não?
Abraço a todos e até a próxima.
P.S.: Sintam-se convidados para ler meus outros textos e me adicionar nas redes sociais. Os dados estão na descrição do autor. Carlos Mion Consultor comportamental com ênfase em
comportamento feminino, psicanalista, palestrante, escritor,
pós-graduando em neurociência, e advogado. Minha missão é utilizar o que
eu sei para fazer a vida de alguém melhor. Assim tudo valerá a pena.
Container Houses - moradias alternativas
Com o passar do tempo, o conceito de moradia tornou-se mais amplo. Um
dos fatores que tornou isso possível foi a popularidade das causas
verdes, como a eco-arquitetura. Fatores como economia, superpopulação e
migração também resultam em novas alternativas para se morar. As casas
em containers são um grande exemplo da mudança de comportamento da
sociedade. Seja por causa da mobilidade, do preço ou das constantes
catástrofes naturais, essas casas estão assumindo um papel prático na
vida dos indivíduos. Esse tipo de arquitetura deixa a tradicional forma
de se estabelecer em família, ou em comunidade, e se transforma numa das
mais liberais, modernas e práticas - para não dizer sofisticadas -
opções do estilo de vida na sociedade moderna.
As Container Houses representam a flexibilidade das famílias na
adaptação dentro de uma nova geração e sociedade. Confira aqui alguns
interessantes designs dessas inusitadas casas.
fonte
© obvious: http://obviousmag.org/sphere/2012/03/container-houses---moradias-alternativas.html#ixzz3iVmf5rbP
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