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No Brasil a cada ano, cerca de 20% das crianças que nascem são filhas de
adolescentes, número que representa três vezes mais garotas com menos
de 15 anos grávidas que na década de 70, engravidam hoje em dia
(Referência). A grande maioria dessas adolescentes não tem condições
financeiras nem emocionais para assumir a maternidade e, por causa da
repressão familiar, muitas delas fogem de casa e quase todas abandonam
os estudos e começam por estradas erradas sofrendo muitas vezes
preconceito.
Para
que a concepção de um ser humano seja possível, inexoravelmente
necessita-se de um homem e de uma mulher. Quando pensamos na chegada de
um bebê, costumamos imaginar que esse mesmo casal que o concebeu, será
em conjunto o que o trará ao mundo, o cuidará e educará. Esta é a
situação ideal e previsível. No entanto, não é a que se apresenta em
todos os casos. Pelo contrário, cada vez é mais frequente encontrar
mulheres que enfrentam a maternidade sem um homem ao seu lado. As razões
são várias, mas basicamente poderíamos classificá-las em dois grandes
grupos: as mães que não escolhem viver essa situação (mulheres que são
abandonadas pelo marido, falecimento do pai do bebê ou filhos concebidos
fora de um casamento estável), e as que decidem ter o seu bebê
sozinhas.
São muitas as circunstâncias que levam
uma mulher a enfrentar sozinha a criação de seus filhos. As que ficaram
viúvas mal têm tempo de superar a dor quando já se encontram frente à
tarefa de assumir, além de suas responsabilidades de mãe, o papel de
pai. Aquelas que depois de um bom tempo de vida
matrimonial se separam, também sentem a obrigação de virar rapidamente a
página e voltar a funcionar como família, apesar da perda do
companheiro e da ausência do pai. No caso das mães solteiras, a dor de
não poder compartilhar cotidianamente as penas e as alegrias da
paternidade é igualmente intensa, porém logo se transforma em uma carga
com a qual é preciso aprender a conviver
Há momentos em que esta
responsabilidade se torna francamente pesada e é necessário compartilhar
com alguém. E é precisamente nessas alturas que a ausência de um marido
se faz notar com mais força. A mãe solteira é
uma das pessoas que mais sofrem sobre a face da terra. Sonhou com as
promessas do namorado de que iriam casar e teriam um lar feliz. De
repente, vê-se grávida. O namorado não assume e some. Sozinha, os
pais decepcionados, abandonada de todos, está entregue a um destino
triste. Estragou sua vida, a vida do filho que vai nascer e a vida dos
pais que nunca desejaram que tal acontecesse. Em casa ela se sente um
empecilho. Na sociedade, ela não sabe se vai com as moças ou com as
casadas. A mãe solteira não sabe a que classe pertence.
Sente que
provavelmente não vai casar. Os solteiros não a querem. Os viúvos, ela
não os quer. É jovem e vê-se, de repente, com uma criança no colo que
não sabe cuidar. Precisa trabalhar na fábrica ou na roça, precisa
estudar e, ao mesmo tempo, tem que ficar em casa cuidar de seu filho. Quando
um rapaz se aproxima e se mostra interessado, surge a dúvida: Será que
ele tem boas intenções ou é mais um que mente? A sociedade a aponta como
leviana, vagabunda, perigosa, "um pequeno demônio", e a isola. Onde
está o pai solteiro? Por que ninguém aponta o pai solteiro? Por que o
pai solteiro também não assume as conseqüências? Por que tudo tem que
ser com a mulher?
O pai solteiro, geralmente, é o
namorado ou noivo. Muitas vezes é um pai de família que não mede as
conseqüências e não procura administrar seus instintos. O pai, muitas
vezes, é o próprio patrão que não respeita a sua funcionária, a sua
empregada, carente de afeto, solitária criatura, enfiada dentro de casa,
procurando ganhar alguma coisa. O pai, muitas vezes, é o empresário que
satisfaz seu egoísmo, rouba a intimidade, saqueia a vida de quem não
pode fugir à trama de uma sociedade corrupta, vazia, que não ajuda ou
não pensa na felicidade dos outros. Não estamos
dizendo que as mães solteiras são santas. Mas é um problema que tende a
aumentar e, cada vez mais, surgem mães solteiras adolescentes. É preciso
compreender e ajudar. E, quando não se pode ajudar, é bom calar. Você
está ajudando as pessoas a serem mais felizes, mesmo as que erraram na
vida. Não procure satisfazer seu egoísmo, seus prazeres. Coloque os
outros como importantes. Colabore com a vontade que todos têm de serem
felizes.
A ausência do Pai
Segundo assinala
Patrícia Fernandes, psicóloga infanto-juvenil com vasta experiência em
temas de família, existe uma tendência muito acentuada - com exceção das
mulheres que ficaram viúvas - de que as mães procurem "apagar" a figura
do pai do contexto familiar. "Há muito poucas mulheres que conseguem
separar suas raivas e conflitos interiores e, em geral, transmitem às
crianças os sentimentos de frustração derivadas da relação fracassada
com o cônjuge. É freqüente que as crianças se transformem em confidentes
da mãe e recebam todas as críticas que ela faz ao pai", indica a
psicóloga.
Como conseqüência, há uma alta
porcentagem de crianças que não tem pais funcionando bem não só pela
irresponsabilidade do próprio pai, senão que pelos efeitos da
consciência da mãe. "As mamães devem ter claro que é muito importante a
presença do pai na educação e formação dos filhos, especialmente nos
filhos homens", explica Patrícia Fernández.
Se o
pai está ausente da vida do garoto, é preciso proporcionar-lhe
igualmente uma imagem paterna, porque isso lhe assegura um equilíbrio
emocional e a possibilidade concreta de poder, no futuro, formar uma
família. Um substituto masculino significativo para o menino pode ser
algum de seus avós, um tio ou inclusive algum professor e, para
estabelecer uma relação entre ambos, é preciso que exista uma clara
disposição desse substituto de estabelecer um vínculo com o garoto mais
além de seu parentesco ou relação inicial.
Assim
mesmo, é vital dar-lhe respostas coerentes e consistentes frente à
pergunta: tenho papai? Ou: por que meu pai não vive comigo? Estas
perguntas variam dependendo da história de cada mãe, porém sempre,
segundo indica Patrícia Fernández, "devem dar à criança a certeza de que
ela tem um pai, que pode estar longe no caso das mães solteiras ou
separadas, porém que em algum momento pode voltar; ou que está no céu,
quando se trata de mães que ficaram viúvas, porém que estará sempre
presente em seu coração".
É importante evitar na
criança a fantasia de que seu papai se foi porque não o queria ou que o
que se sucedeu entre seus pais foi por culpa dele. Por isso, é
necessário deixar-lhe claro que seu pai o ama, porém que, por distintos
motivos não pode estar com ele.
Mães solteiras
Durante
a infância, as mães solteiras se deparam entre o segundo e o terceiro
ano de vida de seu filho com a pergunta: e meu papai? Patrícia Fernández
assinala que apesar de que sempre se devem dar à criança respostas
consistentes, "quando o menor dos filhos é pequeno, não convém entrar em
detalhes porque não está preparado para entendê-los. A única coisa que
quer é ter um pai e ter o direito de pensar que ele existe".
Se
o pai conhece a criança e quer participar de sua educação, é
recomendável que a mãe o permita, porém ao mesmo tempo regule sua
presença. É necessário proteger as crianças de relações não estáveis, e
por isso não é conveniente que o pai apareça quando queira, senão que -
para o beneficio da criança - participe de maneira constante. Por esta
mesma razão, as mães devem ter especial cuidado ao apresentar a seus
filhos um eventual novo companheiro, porque se for algo passageiro, os
expõem a viver uma nova perda.
Assim mesmo, é
habitual que o pai não se faça presente, e em situações como esta a
psicóloga recomenda "dizer à criança, por exemplo, que seu pai vive em
outro lugar, porque com o passar dos anos pode aparecer novamente. Com
efeito, muitos pais aparecem quando as crianças já são pré-adolescentes
ou quando já estão entrando na vida adulta". Como assinala a
profissional, é muito melhor que o menino tenha a ilusão de que seu pai
está longe, porém que existe, do que viver com um sentimento de abandono
constante.
No entanto, as mães têm que ter
especial cuidado em não supervalorizar a figura do pai para não fazer
crescer no pequeno falsas expectativas a respeito dele. "Não se trata de
retratar o pai ausente como um super-homem ou de dizer-lhe que quando
voltar vai-lhe trazer presentes; senão que simplesmente existe e que tem
que viver em outro lugar, mas que apesar disso o quer muito". A
psicóloga explica que a medida que a criança cresce e seu pensamento se
torna mais complexo, é bom dar-lhe mais explicações. "É recomendável,
por exemplo, que a mãe diga ao filho: teu pai e eu nos separamos, e por
razões de trabalho ele teve que ir-se para longe, porém quem sabe em
algum momento te escreverá".
Mães separadas
Patrícia
Fernández assinala que quando os pais se separam e o pai se vai da casa
e ainda se desentende dos filhos, os pequenos vivem a situação com uma
dor muito profunda, e inclusive se sentem como se seu pai tivesse
morrido, ficando desconcertados frente à sua repentina ausência.
No
caso de uma separação matrimonial, a psicóloga recomenda que as mães se
esforcem ao máximo para conseguir que o pai continue presente na vida
dos filhos. Assim mesmo, esclarece que há casos em que os pais procuram
estar perto dos filhos, porém se deparam contra um "muro" da mãe.
"Muitas vezes os pais querem participar, mas as mães não o deixam ou
condicionam as visitas ao pagamento da pensão alimentícia. No entanto, e
se o pai em algum momento não puder pagar? A mãe vai expor a criança à
ruptura com seu pai? As duas coisas não deveriam estar relacionadas
porque assim se prejudica a estabilidade emocional das crianças", afirma
a psicóloga.
Se depois da separação é o pai que
se esquece dos filhos, as mães devem explicar-lhes a situação dizendo,
por exemplo: "teu pai está passando por um mau momento. Tenhamos fé e
esperemos, porque ele te ama e seguramente depois de algum tempo irá
procurar-te". A mãe nunca deveria pressionar o pai
para que visite seus filhos, porque se ele não quer fazer isto, para as
crianças não fará bem estar com ele. Não vai lhe transmitir amor, e a
mãe tem a obrigação de proteger o filho disso.
Mães viúvas
Quando
a causa da ausência do pai for a morte, é importante que as crianças
tenham uma figura paterna que o substitua. Deste modo sabe que, além de
levar a memória do pai no coração deles, tem alguém perto a quem
recorrer quando precisar falar de homem para homem ou para jogar e
aprender coisas que não poderiam fazer sozinhos ou com a ajuda da mãe.
Neste
sentido, Patrícia Fernández diz que é muito importante o papel dos
avós, já que se o menino tem a sorte de criar-se com algum deles, a dor
de não ter seu pai por perto será muito mais tolerável. A psicóloga
recomenda que neste caso a mãe se aproxime mais do seu pai ou do sogro e
lhe peça - explicitamente - que participe de modo mais ativo na
educação dos seus filhos.
Como a psicóloga
indica, na sociedade ocidental se prescinde muito dos avós e não se
valoriza o que eles podem dar aos netos. "Em geral, as crianças criadas
com seus avós são crianças muito seguras porque foram desde sua infância
tremendamente queridas e apoiadas. A única coisa que muitos avós querem
é estar próximo dos seus netos e isso é algo que as mães que estão
sozinhas e as famílias em geral devem resgatar".
A felicidade mútua
As
mães que criam sozinhas as suas crianças e as crianças que crescem sem o
pai delas, podem, de igual maneira às famílias normalmente
constituídas, alcançar a felicidade. Porém, isto requer um trabalho de
desenvolvimento pessoal consciente e constante por parte das mães, essas
que devem estar permanentemente se interrogando a respeito da educação
de suas crianças. Muitas mães os vêem como extensão delas mesmas,
portanto, acabam exigindo que cumpram com as suas expectativas e, por
outro lado, não conseguem colocar limites nem fazê-los respeitar normas,
por querer desta maneira compensar a ausência do pai.
É benéfico
que as mães tenham grupos de amigas e amigos que levem a cabo alguma
outra atividade à parte de seu trabalho e que sempre estejam rodeadas de
outras mães, para assim comparar o desenvolvimento de seu filho em
relação aos dos outros. Deste modo, podem prevenir-se de transformar-se -
produto da pressão e da solidão - em mães superprotetoras, onipotentes e
asfixiantes, e alcançar, tanto elas como seus filhos, a felicidade
mútua.
Fonte: Artigo publicado na Revista espanhola "Padres OK" de
setembro de 2002. Tradução de Carlos Casagrande. http://www.amas-brasil.webs.com/
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No Brasil a cada ano, cerca de 20% das crianças que nascem são filhas de
adolescentes, número que representa três vezes mais garotas com menos
de 15 anos grávidas que na década de 70, engravidam hoje em dia
(Referência). A grande maioria dessas adolescentes não tem condições
financeiras nem emocionais para assumir a maternidade e, por causa da
repressão familiar, muitas delas fogem de casa e quase todas abandonam
os estudos e começam por estradas erradas sofrendo muitas vezes
preconceito.
Para
que a concepção de um ser humano seja possível, inexoravelmente
necessita-se de um homem e de uma mulher. Quando pensamos na chegada de
um bebê, costumamos imaginar que esse mesmo casal que o concebeu, será
em conjunto o que o trará ao mundo, o cuidará e educará. Esta é a
situação ideal e previsível. No entanto, não é a que se apresenta em
todos os casos. Pelo contrário, cada vez é mais frequente encontrar
mulheres que enfrentam a maternidade sem um homem ao seu lado. As razões
são várias, mas basicamente poderíamos classificá-las em dois grandes
grupos: as mães que não escolhem viver essa situação (mulheres que são
abandonadas pelo marido, falecimento do pai do bebê ou filhos concebidos
fora de um casamento estável), e as que decidem ter o seu bebê
sozinhas.
São muitas as circunstâncias que levam
uma mulher a enfrentar sozinha a criação de seus filhos. As que ficaram
viúvas mal têm tempo de superar a dor quando já se encontram frente à
tarefa de assumir, além de suas responsabilidades de mãe, o papel de
pai. Aquelas que depois de um bom tempo de vida
matrimonial se separam, também sentem a obrigação de virar rapidamente a
página e voltar a funcionar como família, apesar da perda do
companheiro e da ausência do pai. No caso das mães solteiras, a dor de
não poder compartilhar cotidianamente as penas e as alegrias da
paternidade é igualmente intensa, porém logo se transforma em uma carga
com a qual é preciso aprender a conviver
Há momentos em que esta
responsabilidade se torna francamente pesada e é necessário compartilhar
com alguém. E é precisamente nessas alturas que a ausência de um marido
se faz notar com mais força. A mãe solteira é
uma das pessoas que mais sofrem sobre a face da terra. Sonhou com as
promessas do namorado de que iriam casar e teriam um lar feliz. De
repente, vê-se grávida. O namorado não assume e some. Sozinha, os
pais decepcionados, abandonada de todos, está entregue a um destino
triste. Estragou sua vida, a vida do filho que vai nascer e a vida dos
pais que nunca desejaram que tal acontecesse. Em casa ela se sente um
empecilho. Na sociedade, ela não sabe se vai com as moças ou com as
casadas. A mãe solteira não sabe a que classe pertence.
Sente que
provavelmente não vai casar. Os solteiros não a querem. Os viúvos, ela
não os quer. É jovem e vê-se, de repente, com uma criança no colo que
não sabe cuidar. Precisa trabalhar na fábrica ou na roça, precisa
estudar e, ao mesmo tempo, tem que ficar em casa cuidar de seu filho. Quando
um rapaz se aproxima e se mostra interessado, surge a dúvida: Será que
ele tem boas intenções ou é mais um que mente? A sociedade a aponta como
leviana, vagabunda, perigosa, "um pequeno demônio", e a isola. Onde
está o pai solteiro? Por que ninguém aponta o pai solteiro? Por que o
pai solteiro também não assume as conseqüências? Por que tudo tem que
ser com a mulher?
O pai solteiro, geralmente, é o
namorado ou noivo. Muitas vezes é um pai de família que não mede as
conseqüências e não procura administrar seus instintos. O pai, muitas
vezes, é o próprio patrão que não respeita a sua funcionária, a sua
empregada, carente de afeto, solitária criatura, enfiada dentro de casa,
procurando ganhar alguma coisa. O pai, muitas vezes, é o empresário que
satisfaz seu egoísmo, rouba a intimidade, saqueia a vida de quem não
pode fugir à trama de uma sociedade corrupta, vazia, que não ajuda ou
não pensa na felicidade dos outros. Não estamos
dizendo que as mães solteiras são santas. Mas é um problema que tende a
aumentar e, cada vez mais, surgem mães solteiras adolescentes. É preciso
compreender e ajudar. E, quando não se pode ajudar, é bom calar. Você
está ajudando as pessoas a serem mais felizes, mesmo as que erraram na
vida. Não procure satisfazer seu egoísmo, seus prazeres. Coloque os
outros como importantes. Colabore com a vontade que todos têm de serem
felizes.
A ausência do Pai
Segundo assinala
Patrícia Fernandes, psicóloga infanto-juvenil com vasta experiência em
temas de família, existe uma tendência muito acentuada - com exceção das
mulheres que ficaram viúvas - de que as mães procurem "apagar" a figura
do pai do contexto familiar. "Há muito poucas mulheres que conseguem
separar suas raivas e conflitos interiores e, em geral, transmitem às
crianças os sentimentos de frustração derivadas da relação fracassada
com o cônjuge. É freqüente que as crianças se transformem em confidentes
da mãe e recebam todas as críticas que ela faz ao pai", indica a
psicóloga.
Como conseqüência, há uma alta
porcentagem de crianças que não tem pais funcionando bem não só pela
irresponsabilidade do próprio pai, senão que pelos efeitos da
consciência da mãe. "As mamães devem ter claro que é muito importante a
presença do pai na educação e formação dos filhos, especialmente nos
filhos homens", explica Patrícia Fernández.
Se o
pai está ausente da vida do garoto, é preciso proporcionar-lhe
igualmente uma imagem paterna, porque isso lhe assegura um equilíbrio
emocional e a possibilidade concreta de poder, no futuro, formar uma
família. Um substituto masculino significativo para o menino pode ser
algum de seus avós, um tio ou inclusive algum professor e, para
estabelecer uma relação entre ambos, é preciso que exista uma clara
disposição desse substituto de estabelecer um vínculo com o garoto mais
além de seu parentesco ou relação inicial.
Assim
mesmo, é vital dar-lhe respostas coerentes e consistentes frente à
pergunta: tenho papai? Ou: por que meu pai não vive comigo? Estas
perguntas variam dependendo da história de cada mãe, porém sempre,
segundo indica Patrícia Fernández, "devem dar à criança a certeza de que
ela tem um pai, que pode estar longe no caso das mães solteiras ou
separadas, porém que em algum momento pode voltar; ou que está no céu,
quando se trata de mães que ficaram viúvas, porém que estará sempre
presente em seu coração".
É importante evitar na
criança a fantasia de que seu papai se foi porque não o queria ou que o
que se sucedeu entre seus pais foi por culpa dele. Por isso, é
necessário deixar-lhe claro que seu pai o ama, porém que, por distintos
motivos não pode estar com ele.
Mães solteiras
Durante
a infância, as mães solteiras se deparam entre o segundo e o terceiro
ano de vida de seu filho com a pergunta: e meu papai? Patrícia Fernández
assinala que apesar de que sempre se devem dar à criança respostas
consistentes, "quando o menor dos filhos é pequeno, não convém entrar em
detalhes porque não está preparado para entendê-los. A única coisa que
quer é ter um pai e ter o direito de pensar que ele existe".
Se
o pai conhece a criança e quer participar de sua educação, é
recomendável que a mãe o permita, porém ao mesmo tempo regule sua
presença. É necessário proteger as crianças de relações não estáveis, e
por isso não é conveniente que o pai apareça quando queira, senão que -
para o beneficio da criança - participe de maneira constante. Por esta
mesma razão, as mães devem ter especial cuidado ao apresentar a seus
filhos um eventual novo companheiro, porque se for algo passageiro, os
expõem a viver uma nova perda.
Assim mesmo, é
habitual que o pai não se faça presente, e em situações como esta a
psicóloga recomenda "dizer à criança, por exemplo, que seu pai vive em
outro lugar, porque com o passar dos anos pode aparecer novamente. Com
efeito, muitos pais aparecem quando as crianças já são pré-adolescentes
ou quando já estão entrando na vida adulta". Como assinala a
profissional, é muito melhor que o menino tenha a ilusão de que seu pai
está longe, porém que existe, do que viver com um sentimento de abandono
constante.
No entanto, as mães têm que ter
especial cuidado em não supervalorizar a figura do pai para não fazer
crescer no pequeno falsas expectativas a respeito dele. "Não se trata de
retratar o pai ausente como um super-homem ou de dizer-lhe que quando
voltar vai-lhe trazer presentes; senão que simplesmente existe e que tem
que viver em outro lugar, mas que apesar disso o quer muito". A
psicóloga explica que a medida que a criança cresce e seu pensamento se
torna mais complexo, é bom dar-lhe mais explicações. "É recomendável,
por exemplo, que a mãe diga ao filho: teu pai e eu nos separamos, e por
razões de trabalho ele teve que ir-se para longe, porém quem sabe em
algum momento te escreverá".
Mães separadas
Patrícia
Fernández assinala que quando os pais se separam e o pai se vai da casa
e ainda se desentende dos filhos, os pequenos vivem a situação com uma
dor muito profunda, e inclusive se sentem como se seu pai tivesse
morrido, ficando desconcertados frente à sua repentina ausência.
No
caso de uma separação matrimonial, a psicóloga recomenda que as mães se
esforcem ao máximo para conseguir que o pai continue presente na vida
dos filhos. Assim mesmo, esclarece que há casos em que os pais procuram
estar perto dos filhos, porém se deparam contra um "muro" da mãe.
"Muitas vezes os pais querem participar, mas as mães não o deixam ou
condicionam as visitas ao pagamento da pensão alimentícia. No entanto, e
se o pai em algum momento não puder pagar? A mãe vai expor a criança à
ruptura com seu pai? As duas coisas não deveriam estar relacionadas
porque assim se prejudica a estabilidade emocional das crianças", afirma
a psicóloga.
Se depois da separação é o pai que
se esquece dos filhos, as mães devem explicar-lhes a situação dizendo,
por exemplo: "teu pai está passando por um mau momento. Tenhamos fé e
esperemos, porque ele te ama e seguramente depois de algum tempo irá
procurar-te". A mãe nunca deveria pressionar o pai
para que visite seus filhos, porque se ele não quer fazer isto, para as
crianças não fará bem estar com ele. Não vai lhe transmitir amor, e a
mãe tem a obrigação de proteger o filho disso.
Mães viúvas
Quando
a causa da ausência do pai for a morte, é importante que as crianças
tenham uma figura paterna que o substitua. Deste modo sabe que, além de
levar a memória do pai no coração deles, tem alguém perto a quem
recorrer quando precisar falar de homem para homem ou para jogar e
aprender coisas que não poderiam fazer sozinhos ou com a ajuda da mãe.
Neste
sentido, Patrícia Fernández diz que é muito importante o papel dos
avós, já que se o menino tem a sorte de criar-se com algum deles, a dor
de não ter seu pai por perto será muito mais tolerável. A psicóloga
recomenda que neste caso a mãe se aproxime mais do seu pai ou do sogro e
lhe peça - explicitamente - que participe de modo mais ativo na
educação dos seus filhos.
Como a psicóloga
indica, na sociedade ocidental se prescinde muito dos avós e não se
valoriza o que eles podem dar aos netos. "Em geral, as crianças criadas
com seus avós são crianças muito seguras porque foram desde sua infância
tremendamente queridas e apoiadas. A única coisa que muitos avós querem
é estar próximo dos seus netos e isso é algo que as mães que estão
sozinhas e as famílias em geral devem resgatar".
A felicidade mútua
As
mães que criam sozinhas as suas crianças e as crianças que crescem sem o
pai delas, podem, de igual maneira às famílias normalmente
constituídas, alcançar a felicidade. Porém, isto requer um trabalho de
desenvolvimento pessoal consciente e constante por parte das mães, essas
que devem estar permanentemente se interrogando a respeito da educação
de suas crianças. Muitas mães os vêem como extensão delas mesmas,
portanto, acabam exigindo que cumpram com as suas expectativas e, por
outro lado, não conseguem colocar limites nem fazê-los respeitar normas,
por querer desta maneira compensar a ausência do pai.
É benéfico
que as mães tenham grupos de amigas e amigos que levem a cabo alguma
outra atividade à parte de seu trabalho e que sempre estejam rodeadas de
outras mães, para assim comparar o desenvolvimento de seu filho em
relação aos dos outros. Deste modo, podem prevenir-se de transformar-se -
produto da pressão e da solidão - em mães superprotetoras, onipotentes e
asfixiantes, e alcançar, tanto elas como seus filhos, a felicidade
mútua.
Fonte: Artigo publicado na Revista espanhola "Padres OK" de
setembro de 2002. Tradução de Carlos Casagrande. http://www.amas-brasil.webs.com/
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