Itaú Cultural celebra centenário do samba com exposição sobre Cartola
Flávia Albuquerque - Repórter da Agência Brasil
No ano em que se comemora o centenário do samba no Brasil, o Itaú Cultural traz para São Paulo a Ocupação Cartola,
que de 17 de setembro a 13 de novembro mostrará ao público a vida e a
obra do lado poeta, erudito e contemporâneo do músico Angeor de
Oliveira, o Cartola, que nasceu em 1908 e morreu em 1980. Na visita será
possível conhecer o sambista e fundador Escola de Samba Estação
Primeira de Mangueira, do Rio de Janeiro, e seu processo de criação. A
homenagem se estende ainda ao grande amor da vida de Cartola, Dona Zica,
também sambista da Mangueira. A curadoria fica por conta da
cantora Fabiana Cozza e os Núcleos do Itaú Cultural de Música e de
Enciclopédia, com consultoria de Nilcemar Nogueira, neta de Cartola. Em
seis eixos, a linha curatorial desenvolve o fio da vida e pluralidade de
Cartola, em paralelo a uma das histórias de amor mais famosas do mundo
do samba: 1908, o nascimento, Encontros/rua, Zicartola, Casa/varanda,
Palácio do Samba e Cartola de Ouro.
A
exposição percorre a vida de Cartola desde o nascimento no Catete,
bairro do Rio de Janeiro, sua mudança para o Morro da Mangueira. Fala da
gravação de seus quatro discos solo, das mais de 500 canções escritas e
da parceria com compositores como Carlos Cachaça, Dalmo Castello e
Elton Medeiros. A entrada da exposição é marcada por fotos de época,
seguida pelo modo de viver de Cartola dentro de casa, do Palácio do
Samba e por fim o legado deixado pelo mestre na voz de consagrados nomes
da música brasileira. Segundo a curadora, Fabiana Cozza, a Ocupação Cartola, mostrará
poemas inéditos, com nove deles transformados em uma publicação que
será distribuída durante a mostra. “Em uma entrevista ele disse que um
de seus sonhos era ter um livro de poesias e ele disse que ia continuar
escrevendo mais um pouquinho para reunir mais poesias para conseguir
escrever esse livro. Ele nunca conseguiu fazer esse livro então o Itaú
Cultural fez e as pessoas vão ganhar esse livro”. Há ainda fotos de família e audiovisuais. São 47 originais, entre imagens e manuscritos e o som da música Quem me Vê Sorrindo,
escrita em parceria com Carlos Cachaça, o primeiro registro gravado de
Cartola. Há ainda declamações de letras de suas canções por músicos da
atualidade, como As Bahias e a Cozinha Mineira, Juçara Marçal, Ellen
Oléria e Rico Dalasam, entre outros.
“O Cartola é um artista que
precisa ser reverenciado e relembrado sempre, porque faz parte do
patrimônio cultural nacional. Ele era um artista do povo com uma
sofisticação ímpar e deveria ser lembrado como ressaltou que a Ocupação Cartola é
uma exposição dinâmica que toma um espaço importante da Avenida
Paulista. “O Cartola não vai se explicar por textos extensos em que as
pessoas vão ter que ficar parando. As pessoas vão escutar, ver as fotos e
os vídeos, tudo contado pela fala do Cartola. Não queríamos desenhar o
Cartola, queríamos que ele contasse para nós quem ele era. E a partir
daí conseguimos reunir tudo o que está aqui”. A Ocupação Cartola apresenta
ainda recursos para portadores de deficiências visuais e auditivas,
como mapas e pisos táteis e audioguia. Os materiais escritos têm texto
em braile e todos os vídeos exibidos na exposição têm tradução em libras
e legendas. Ao mesmo tempo ocorrerão apresentações, oficinas e debate outros grandes escritores
e músicos, talvez até desde a época que entramos na escola. Essa
exposição vem em um momento que precisamos de beleza. Cartola tem
histórico de esperança porque venceu uma série de adversidades na vida,
deixando como legado uma obra altamente representativa da cultura
nacional”, disse Fabiana. A curadoras
relacionadas a Cartola.
Fonte http://agenciabrasil.ebc.com.br
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