Não volte aos mesmos erros, ao lar desfeito, aos descaminhos, às promessas quebradas, ao relacionamento fracassado, aos amigos hipócritas, ao emprego desumano. Não abra mão daquilo que você é, daquilo em que acredita, ou ninguém reconhecerá a grandeza que possui dentro de si.
O futuro pode ser planejado, desejado, repleto de metas a serem alcançadas e, ainda assim, sempre será incerto, improvável, impossível de ser previsto com exatidão. No entanto, desejar e lutar por um amanhã melhor e mais feliz nos faz bem, alimentando nossas forças em sempre querer continuar, inesgotavelmente, haja o que houver. Nessa jornada, devemos estar seguros quanto ao que idealizamos, bem como quanto ao ontem e aos lugares a que não poderemos mais voltar, para nossa própria sobrevivência. Há lugares para onde nunca mais devemos voltar. Jamais.
Não volte aos mesmos erros, aos conhecidos descaminhos, mas reaprenda com cada tombo, superando as próprias falhas e lidando saudavelmente com as limitações que todos temos. O ontem deve permanecer lá atrás, ancorando nosso aprendizado contínuo, de forma a redirecionarmos nossas energias em direção a acertos que nos tornarão cada vez mais humanos e mais felizes.
Não volte ao lar que já se desfez, ao colo que não acolhe, ao vazio solitário de uma companhia dolorida. Devemos ter a coragem de colocar um ponto final em tudo aquilo que nos enfraqueceu e nos diminui, tolhendo-nos a tranquilidade de um respirar livre. O nosso caminho deve ser transparente e leve, sem pesos inúteis que atravancam o nosso ir em frente.
Não volte às promessas quebradas, ao relacionamento fracassado, que em nada acrescentou na sua vida, ao incessante dar as mãos ao vazio, ao compartilhamento unilateral, ao doar-se sem volta. Todos merecemos nos lançar ao encontro de alguém verdadeiro e que seja repleto de reciprocidade enquanto se dividem os sonhos de vida. Todos temos a chance de encontrar uma pessoa que não retorne menos do que doamos, que não nos faça sentir a frieza da solidão acompanhada.
Não volte aos amigos hipócritas, às pessoas que se baseiam em interesses escusos para permanecerem ao seu lado. Amizade deve ser soma, gargalhada, brilho nos olhos e ritmo no coração. Caso não nos faça a mínima falta, caso não nos procure sem razão, nenhum relacionamento pode ser tido como verdadeiro. É preciso poder contar com alguém que permaneça ao nosso lado, mesmo após conhecer nossas escuridões, pois é essa sinceridade que sustentará nossos ânimos nas noites frias de nossa alma.
Não volte ao emprego desumano, que achata os sentidos, não reconhece seu valor, apenas criticando e pedindo sempre mais e mais, sem lhe dar nada em troca. Procure uma ocupação onde os minutos não pareçam uma eternidade, onde obtenha reconhecimento, onde possa atuar como personagem principal da própria vida. Não abra mão daquilo que você é, daquilo em que acredita, ou ninguém reconhecerá a grandeza que possui dentro de si.
Sim, não há como prever o futuro, tampouco controlá-lo. Cabe-nos cuidar do nosso aqui e agora com todo o cuidado que o hoje merece, para que diariamente preparemos, aos poucos, um caminho menos árduo, um amanhã que dê continuidade aos nossos esforços em sermos felizes. Agirmos refletidamente, enfim, nos poupará de atravessar caminhos tortuosos e solitários, sob lamentações e arrependimentos. Porque, tendo plantado paixão verdadeira, tendo cultivado relacionamentos sinceros, colheremos, certamente, sorrisos e abraços de gente de verdade, gente com a intenção de ser feliz bem juntinho, sempre.
Jonathan é professora de inglês e lecionava como missionária em uma escola mista (para meninos e meninas), localizada no norte da Nigéria. Com a invasão do grupo terrorista Boko Haram na região, a educação de meninas passou a ser proibida e mais de 200 crianças do sexo feminino foram sequestradas pelo grupo, forçando, assim, o fechamento das escolas locais.
Jonathan desafiou a nova ordem e permaneceu exercendo sua profissão, dessa vez dentro da igreja, por entender que a educação é a ferramenta mais importante na construção da consciência política e no combate ao terrorismo. Por ignorar as ordens estabelecidas pelo grupo, Jonathan passou a ser considerada inimiga do regime e foi perseguida por aqueles que queriam implementar o Estado Islâmico no país. Das 15 professoras que trabalhavam na mesma escola que Jonathan, apenas 5 sobreviveram para relatar as atrocidades praticadas contra as mulheres e meninas nigerianas.
Artigo acadêmico sobre a disciplina Teoria Geral do Direito Privado objetivando definir o direito da maneira mais simples e sucinta possível
“Sem o direito não há justiça, e sem justiça não há liberdade.” Rubens Approbato Machado
Podendo ser sinônimo de ordem jurídica, faculdade individual e/ou ciências sociais, a palavra "direito" vem do latim directus, a, um, "que segue regras pré-determinadas ou um dado preceito". O direito, não a rigor, pode ser fatiado em direito positivo e direito natural, direito público e direito privado (ambos divididos em diversos ramos), direito subjetivo e direito objetivo. Todos os direitos, por assim dizer, integram o “ordenamento jurídico”, conjunto hierarquizado de normas jurídicas cujo comando supremo é a Constituição Federal.
Direito positivo é o conjunto de normas jurídicas vigentes num país, ou seja, as leis escritas. Direito natural corresponde aos direitos fundamentais do homem, o direito não codificado, encastelado na razão. De forma superficial, o direito público (p. ex.: direito constitucional e direito penal.) trata das relações entre o Estado e a Sociedade. Já o direito privado (p. ex.: direito civil e direito comercial.) cuida das demandas entre particulares e protege valores caros a coletividade, como a família. O direito subjetivo é o “ato de poder”, isto é, configura-se um atributo ou uma faculdade humana inalienável, todavia está sujeito a sanção do Estado quando esse ato "provocar" uma conduta antijurídica. O conceito de direito objetivo assemelha-se muito ao de direito positivo, uma vez que pode ser traduzido como sendo um sistema de normas de conduta imposto por um conjunto de instituições para regular as relações sociais.
“
Tal são os preceitos do direito: viver honestamente, não ofender ninguém, dar a cada um o que lhe pertence.” Ulpiano
No mundo, cada Estado possui autonomia para adotar seu próprio direito. No Brasil, gozamos do direito continental ou de origem romano-germânica, com base no antigo direito romano. Nos EUA, eles se servem da Commom Law, direito de origem anglo-saxã. Na China temos direito chinês, etc. Há também direitos supranacionais, como o direito da União Européia. Igualmente, o direito internacional regula as relações entre Estados no plano internacional.
Operado por juízes, advogados, promotores, procuradores da justiça, delegados e estudantes de direito, etc... o direito é o alicerce de qualquer sociedade civilizada, o “mínimo ético” que conecta o mundo, consola a humanidade e totaliza o desenvolvimento da vida humana, uma vez que impõe responsabilidades, direitos e obrigações interpessoais e resolve conflitos de interesses entre os seres humanos e as instituições como um todo. Suas fontes são: os costumes, a lei, a jurisprudência. Sua finalidade é a paz social e o bem comum. Sua essência é a busca pela verdade para fazer justiça.
“Fiz tão bem o meu curso de Direito que, no dia que me formei, processei a Faculdade, ganhei a causa e recuperei todas as mensalidades que havia pago.” Fred Allen
"Por isso, se uma cultura elementar de direito é necessária a todos os cidadãos a fim de que possam colaborar com a ordem social, eles devem saber assim mesmo que, também nesse campo, como em todo outro, a necessidade se resolve na insuficiência. Se o direito é um instrumento da justiça, nem a técnica nem a ciência bastam para saber manejá-lo. Sem a bondade, a ciência do direito poderá sem dúvida fazer com que cresça a árvore do direito, mas esta árvore não dará os frutos de que os homens têm necessidade." Francesco Carnelutti
"Art. 3º. O curso de graduação em Direito deverá assegurar, no perfil do graduando, sólida formação geral, humanística e axiológica, capacidade de análise, domínio de conceitos e da terminologia jurídica, adequada argumentação, interpretação e valorização dos fenômenos jurídicos e sociais, aliada a uma postura reflexiva e de visão crítica que fomente a capacidade e a aptidão para a aprendizagem autônoma e dinâmica, indispensável ao exercício da Ciência do Direito, da prestação da justiça e do desenvolvimento da cidadania." Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Direito
Luana Piovanni é capa da nova Playboy que será lançada no dia 13 de abril. Desde que a atriz publicou algumas fotos do ensaio e da capa da revista em seu Instagram, ela é alvo de comentários desrespeitosos e sobre seu corpo. Luana decidiu responder a alguns destes comentários do pior jeito possível, demonstrando um racismo inadmissível.
Segundo o jornal Extra, uma seguidora comentou, no último sábado (9): "Nunca que essa bunda é dela, nem a pau! É só olhar as fotos do insta que tu já vê a grande diferença".
E a atriz devolveu destilando ódio:
"Amadinha
tá seca de inveja né, entendo flor, com 18 anos, essa fuça de nariz
abertão, progressiva no cabelo, não é fácil me aceitar musa, chora
fiota, chora".
E não foi apenas Luana quem errou rude no racismo. Seu marido, Pedro Scooby
também entrou na briga e fez comentários não só racistas, como
machistas e elitistas direcionados a uma das seguidoras. Ele disse
frases como:
"Olha ali umas 6 fotos anteriores, fiz com o Iphone mesmo no nosso quarto rico aqui na Patagônia"
"Bonito é esse seu nariz e esse seu cabelo alisado"
"Querida, fui ver suas fotos e fiquei até com pena de responder"
Ainda nesta segunda-feira (11), Luana publicou uma foto "cutucando" as pessoas que a criticaram:
A atriz Luana Piovani, 39, será a primeira capa da nova Playboy. Uma das novidades mais curiosas a respeito da nova Playboy é que a publicação não pagará mais cachê para quem posar. Segundo
André Sanseverino, publisher da revista, a marca vem com uma "nova
proposta sobre o nu" e objetivo de "oferecer uma experiência única",
como disse ao UOL.
"Tanto
a nossa capa de agora quanto as demais, quem vai dar os limites são
elas. Vão ser grandes produções, e por isso não faz mais sentido colocar
preço na nudez de uma mulher."
Por este motivo, Piovani topou participar.
"Não
sou obrigada a botar dedinho na boca e posar de quatro para fazer
'punheteiro' gozar. Sensualidade tem que ser natural", disse em
entrevista coletiva.
Mas não se combate críticas sexistas com racismo e elitismo, Luana!
Ele foi detido na cidade de Brumado, na Bahia, na manhã desta quarta-feira.
Operação comandada por Polícia do RJ ocorre em outros estados.
Atriz e jornalista foram alvo de comentários racistas no ano passado (Foto: Montagem / G1
Um homem de 26 anos foi preso na manhã desta terça-feira (16) na cidade de Brumado, no sudoeste da Bahia, suspeito de integrar uma quadrilha investigada por crimes de informática, injúria racial e invasão de dispositivo, em operação da Delegacia de Polícia Civil de Repressão a Crimes de Internet doRio de Janeiro, com apoio da polícia na Bahia.
O grupo é suspeito de praticar os crimes de racismo contra a jornalista Maria Júlia Coutinho e a atriz Taís Araújo no ano passado. A operação foi deflagrada às 6h, também em Minas Gerais, Rio Grande do Sul, São Paulo, Santa Catarina e Paraná. No total, foram cumpridos 11 mandados de busca e apreensão e quatro de prisão.
Tiago foi preso em casa nesta quarta-feira (10) (Foto: Divulgação / Polícia Civil)
Tiago Zanfolim Santos foi preso em cumprimento a um mandado de prisão temporária e com o suspeito foi apreendido um notebook, uma CPU e um celular. Segundo a Polícia Civil de Brumado, Tiago trabalha em uma loja de venda e manutenção de equipamentos na cidade. Ele foi preso em casa e não ofereceu resistência.
O material e o preso foram levados para a Delegacia de Brumado e serão encaminhados para o Rio de Janeiro. A quadrilha que Tiago é suspeito de integrar também pode estar relacionada a crimes de pedofilia. O suspeito preso em Brumado poderá responder pelos crimes de injúria racial, racismo e associação criminosa.
Na época dos ataques, Taís chegou a desabafar por meio do Twitter e disse que iria recorrer à Polícia Federal:A atriz Taís Araújo foi alvo de comentários racistas no Facebook no final de outubro do ano passado. A imagem que passou a receber comentários preconceituosos de diferentes perfis, datada do início de outubro, foi publicada a cerca de um mês antes dos ataques.
"É muito chato, em 2015, ainda ter que falar sobre isso, mas não podemos nos calar. Na última noite, recebi uma série de ataques racistas na minha página. Absolutamente tudo está registrado e será enviado à Polícia Federal. Eu não vou apagar nenhum desses comentários. Faço questão que todos sintam o mesmo que eu senti: a vergonha de ainda ter gente covarde e pequena neste país, além do sentimento de pena dessa gente tão pobre de espírito. Não vou me intimidar, tampouco abaixar a cabeça", escreveu.
Já a jornalista Maria Júlia Coutinho foi alvo de comentários racistas na página do Jornal Nacional no Facebook, no mês de julho do ano passado. Alguns internautas escreveram comentários racistas na postagem com a foto da jornalista e várias pessoas saíram em defesa dela.
No Twitter, ela respondeu um comentário agressivo de um internauta com o comentério: "Beijinho no ombro".
William Bonner e Renata Vasconcellos gravaram um vídeo postado no Facebook em que dão um recado em apoio a Maju, com a equipe do JN. Eles mostraram um cartaz e gritaram a "SomosTodosMaju". No Twitter, a hashtag #SomosTodosMajuCoutinho foi ao topo dos tópicos mais comentados.
Computadores e celular foram apreendidos com suspeito (Foto: Divulgação/ Polícia Civil)
Dia Internacional da Mulher é celebrado em 8 de março.
A ideia de criar o Dia da Mulher surgiu no final do Século XIX e início do século XX nos Estados Unidos[1] e na Europa, no contexto das lutas femininas por melhores condições de vida e trabalho, de direito de voto. Inspirada por esse espírito, a líder socialista alemã Clara Zetkin propôs durante a reunião (que criaria a Segunda Internacional Socialista) em Paris em 14 de Julho de 1889, feriado da Tomada da Bastilha, a instituição do Dia Internacional da Mulher.
As celebrações do Dia Internacional da Mulher ocorreram a partir de 1909 em diferentes dias de fevereiro e março, a depender do país [1]. A primeira celebração se deu em 28 de fevereiro de 1909 nos Estados Unidos,
seguida de manifestações e marchas em outros países europeus nos anos
seguintes, usualmente durante a semana de comemorações da Comuna de Paris, ao final de março. As manifestações uniam o movimento socialista, que lutavam por igualdade de direitos econômicos, sociais e trabalhistas ao movimento sufragista, que lutava por igualdade de direitos políticos. Posteriormente, no início de 1917 na Rússia, ocorreram manifestações de trabalhadoras russas por melhores condições de vida e trabalho e contra a entrada da Rússia czarista na Primeira Guerra Mundial. Os protestos foram brutalmente reprimidos, precipitando o início da Revolução de 1917.[2][3] A data da principal manifestação, 8 de março de 1917 (23 de fevereiro pelo calendário juliano), foi instituída como Dia Internacional da Mulher.
Após 1945,
a data tornou-se principalmente um feriado comemorado nos países do
chamado bloco comunista. Em 1955, segundo as autoras francesas Liliane
Kandel e Françoise Picq, surgiu o mito de que a data teria como origem a
celebração da luta e da greve de mulheres trabalhadoras do setor têxtil
em Nova York em 1857 que haviam sido duramente reprimidas pela polícia
ou mortas em um incêndio criminoso na fábrica, segundo diferentes
versões do mito. Não há indícios de que isso tenha ocorrido e segundo as
autoras, a origem desta versão ocorreu entre feministas francesas que
durante a Guerra Fria buscavam uma origem à comemoração que estivesse desvinculada da história da luta socialista [4][5] .
Na antiga União Soviética, durante o stalinismo, o Dia Internacional da Mulher tornou-se elemento de propagandapartidária. Também era amplamente celebrado nos países do bloco socialista na Europa Ocidental.
Nos países ocidentais, o Dia Internacional da Mulher foi comemorado no início do século, até a década de 1920, tendo sido esquecido por longo tempo e somente recuperado pelo movimento feminista na década de 1960.
Na atualidade, a celebração do Dia Internacional da Mulher perdeu
parcialmente o seu sentido original, adquirindo um caráter festivo e
comercial. Nessa data, os empregadores, sem certamente pretender evocar o
espírito das operárias grevistas do 8 de março de 1917,[5] costumam distribuir rosas vermelhas ou pequenos mimos entre suas empregadas.
Em 1975, foi designado pela ONU como o Ano Internacional da Mulher e, em dezembro de 1977,
o Dia Internacional da Mulher foi adotado pelas Nações Unidas, para
lembrar as conquistas sociais, políticas e econômicas das mulheres.[6]
Em 1910, ocorreu a primeira conferência internacional de mulheres, em Copenhaga, dirigida pela Internacional Socialista, quando foi aprovada proposta da socialista alemã Clara Zetkin, de instituição de um Dia Internacional da Mulher, embora nenhuma data tivesse sido especificada.[8][9]
Membros da Women'sInternational League for Peace and Freedom, em Washington, D.C., 1922.
Poucos dias depois, a 25 de março de 1911, um incêndio na fábrica da Triangle Shirtwaist mataria 146 trabalhadores - a maioria costureiras. O número elevado de mortes foi atribuído às más condições de segurança do edifício. Este foi considerado como o pior incêndio da história de Nova Iorque, até 11 de setembro de 2001. Para Eva Blay, é provável que a morte das trabalhadoras da Triangle se tenha incorporado ao imaginário
coletivo, de modo que esse episódio é com frequência desde a década de
1950 erroneamente considerado como a origem do Dia Internacional da
Mulher.[11][12]
Em 1915, Alexandra Kollontai organizou uma reunião em Christiania (atual Oslo), contra a guerra. Nesse mesmo ano, Clara Zetkin faz uma conferência sobre a mulher.
Na Rússia, as comemorações do Dia Internacional da Mulher foram o estopim da Revolução russa de 1917. Em 8 de março de 1917 (23 de fevereiro pelo calendário juliano), a greve das operárias da indústria têxtil contra a fome, contra o czarNicolau II e contra a participação do país na Primeira Guerra Mundial precipitou os acontecimentos que resultaram na Revolução de Fevereiro. Leon Trotsky assim registrou o evento: “Em 23 de fevereiro (8 de março no calendário gregoriano) estavam
planejadas ações revolucionárias. Pela manhã, a despeito das diretivas,
as operárias têxteis deixaram o trabalho de várias fábricas e enviaram
delegadas para solicitarem sustentação da greve. Todas saíram às ruas e a
greve foi de massas. Mas não imaginávamos que este ‘dia das mulheres’
viria a inaugurar a revolução”.[5]
Berlim Oriental, Unter den Linden, (1951). Retratos de líderes da Internationalen Demokratischen Frauen-Föderation (IDFF), na 41ª edição do Dia Internacional da Mulher.
Protesto do grupo feminista FEMEN no Dia Internacional da Mulher.
Na Tchecoslováquia, quando o país integrava o Bloco Soviético (1948 - 1989), a celebração era apoiada pelo Partido Comunista. O MDŽ (Mezinárodní den žen, "Dia Internacional da Mulher" em checo) era então usado como instrumento de propaganda
do partido, visando convencer as mulheres de que considerava as
necessidades femininas ao formular políticas sociais. A celebração
ritualística do partido no Dia Internacional da Mulher tornou-se
estereotipada. A cada dia 8 de março, as mulheres ganhavam uma flor ou
um presente do chefe. A data foi gradualmente ganhando um caráter de paródia
e acabou sendo ridicularizada até mesmo no cinema e na televisão.
Assim, o propósito original da celebração perdeu-se completamente. Após o
colapso da União Soviética, o MDŽ foi rapidamente abandonado como mais
um símbolo do antigo regime.
No Ocidente, o Dia Internacional da Mulher foi comemorado durante as décadas de 1910 e 1920. Posteriormente, a data caiu no esquecimento e só foi recuperada pelo movimento feminista, já na década de 1960,
sendo, afinal, adotado pelas Nações Unidas, em 1977. A data mantém hoje
relevância internacional, e a própria ONU continuava a dinamizá-la,
como sucedeu em 2008, com o lançamento de uma campanha, “As Mulheres
Fazem a Notícia”, destinada a chamar a atenção para a igualdade de
gênero no tratamento de notícias na comunicação social mundial. [13]
Na nossa cultura ocidental
individualista, onde a imagem romântica do grande solitário prevalece,
irá tomar algum músculo argumentativo para mostrar que devemos adotar um
modelo diferente do ‘homem mais forte’.
Grandes solitários são
fascinantes. Henry David Thoreau em Walden Pond, monges budistas em seus
mosteiros, e heróis ficcionais como Robinson Crusoé são todos figuras
românticas de sobrevivência solitária bem sucedida. Seu ambiente é o
lugar selvagem. Seu triunfo aparente é resultado de coragem, engenhosidade e auto-suficiência.
Uma razão que tais personagens parecem atraentes é que, ironicamente, eles são tranquilizadores.
Eles dão a impressão reconfortante de que qualquer um poderia prosperar
em isolamento como eles fazem. Esta garantia pode ser resumida na
declaração feita por Henrik Ibsen Dr. Stockmann no final de Um Inimigo
do Povo (1882), depois que os moradores o perseguiram por revelar que os
banhos turísticos da cidade estavam contaminados. Stockmann declara: “O
homem mais forte do mundo é aquele que está mais sozinho.”
“O homem mais forte do mundo é aquele que está mais sozinho.”
Os grandes solitários encarnam uma ideia de liberdade das vulgaridades e estresse da vida social.
Como seres humanos, somos vulneráveis ao humor, ideologias,
percepções, conhecimento e ignorância dos outros. Somos vulneráveis a
convenções, leis e hierarquias da nossa sociedade. Precisamos da bênção
das outras pessoas e muitas vezes a sua ajuda a fim de obter recursos.
Quando somos jovens e quando estamos velhos, somos vulneráveis o
suficiente para que nossas vidas sejam felizes apenas se outras
pessoas resolverem se preocupar conosco.
Foto do arquivo de Hery David Thoreau do lago Walden.
Não
é de admirar, portanto, que Robinson Crusoe é um dos romances mais
reconhecidos da história; há consolo na independência autônoma do
eremita. Mas essa imagem romântica da vida eremítica repousa sobre uma
ideia errada das circunstâncias tanto dos grandes solitários como da
natureza do isolamento social.
Eles representam uma auto suficiência acidentada que só alguns poderiam imitar.
Os
eremitas famosos, tanto na vida real e na ficção, são sempre do sexo
masculino. Eles tendem a ser jovens, em forma e saudáveis. Eles tendem a
não ter filhos e nem cônjuge. Eles representam uma auto-suficiência acidentada que só alguns poderiam imitar.
Além disso, nos meandros de suas histórias, encontramos evidência de
que eles não são totalmente auto-suficientes. Walden Pond de Thoreau é
apenas uma hora de caminhada a partir de Concord, Massachusetts, e
Thoreau visitava a cidade regularmente durante seus anos de retiro. Ele
também sempre manteve três cadeiras prontas para convidados (uma cadeira
para a solidão, outra para amizade, e outra para a sociedade), e ele
observou que, por vezes, havia de 25 a 30 almas sob o seu teto.
O mito vem sendo construído há muito tempo.
Os
monges budistas, enquanto eles possam permanecer em silêncio durante
meses em um momento, são apoiados e alimentados por seus discípulos e os
leigos. Além disso, eles passam por anos de treinamento antes
de se retirar para a solidão, muito do que se concentra no cultivo de
estados profundamente sociais de coração e mente, tais como compaixão,
bondade e alegria na felicidade amorosa dos outros.
Mesmo Dr.
Stockmann de Ibsen se acolhe com sua esposa e filha enquanto declara
triunfante que o homem mais forte é aquele que está mais sozinho.
Um
ermitão do mundo real que parece ser diferente é Richard Proenneke, um
carpinteiro militar aposentado e naturalista amador, que vivia sozinho
em Twin Lakes, Alaska, por cerca de 30 anos. Ele registrou sua vida lá
em imagens de vídeo que mais tarde foram usadas para fazer o
documentário Alone in the Wilderness (2004). Regularmente,
Proenneke recebia suprimentos a partir de um piloto de Bush, mas,
durante o inverno, a sua casa de campo em Twin Lakes era muitas vezes
inacessível, deixando-o completamente sozinho.
Claro, Proenneke,
como os outros grandes solitários, ambos tinham um sofisticado conjunto
de habilidades sociais adquiridas que fez uma vida solitária possível,
num meio-ambiente selvagem, difícil ao mesmo tempo rico como seu pano de
fundo.
A natureza é uma fonte não só de estimulação sensorial,
mas também de sociabilidade entre espécies. No mundo natural, as grandes
solitários encontram companheiros. Proenneke tinha um pássaro de
estimação. Ele também observava a vida de muitas espécies. Robinson
Crusoe tinha um cachorro, dois gatos, algumas cabras e um papagaio, e
mais tarde um companheiro humano na sexta-feira. E outro personagem
parecido com Crusoé, o fugitivo de 12 anos de idade, Sam Gribley, o
protagonista do romance infantil de Jean Craighead George em “My Side of the Mountain”
(1959), captura um bebê de falcão de um ninho, treina-o, e o chama de
‘Assustador’. Ele também adota um doninho semi-manso, e o chama de
‘Barão’.
O mesmo tipo de antropomorfizarão acontece no filme Náufrago (2000), onde Tom
Hanks, que parece estar desprovido de todo o contato dos animais em uma
ilha deserta, personifica uma bola de voleibol, dando-lhe um rosto,
nomeando-o Wilson, e mais tarde fica genuinamente aflito quando ele a perde.
Nasce Wilson.
O implacável isolamento real não é nada romântico. Na verdade, é muito pior do que o stress da vida social.
O
implacável isolamento real não é nada romântico. Na verdade, é muito
pior do que o stress da vida social. Em contraste com o sucesso de
Proenneke, um militar treinado, o alpinista inexperiente
Christopher McCandless morreu de fome no Alasca, em 1992, depois de se
aventurar na natureza sozinho e com poucos recursos, vítima da fantasia
do eremita selvagem.
Christopher McCandless morreu de fome no Alasca.
Além
disso, a evidência de pessoas que já sofreram isolamento social
indesejado – entre eles os jornalistas norte-americanos Jerry Levin e
Terry Anderson, que foram mantidos em confinamento solitário no Líbano
como prisioneiros políticos por parte do Hezbollah na década de 1980 – é
de cortar o coração. Outro prisioneiro político, Shane Bauer, que foi
mantido incomunicável por 26 meses no Irã, descreveu o horror negro da
sua experiência e seu desejo desesperado de se reconectar com outras
pessoas, mesmo com seus captores.
Essas contas são
confirmados por um crescente corpo de evidência psicológica que indica
que apoio social, contato, interação e inclusão são fundamentalmente
importantes para a vida humana minimamente decente e, mais
profundamente, ao bem-estar humano. Na maior parte do tempo,
precisamos uns dos outros; não podemos prosperar ou mesmo sobreviver sem
o outro. Estas necessidades fundamentais são a base para uma série de
direitos que negligenciamos incluindo os direitos de fazer parte de uma
rede de conexões sociais.
A pessoa mais forte do mundo é aquela que está mais conectada.
Na
nossa cultura ocidental individualista, onde a imagem romântica do
grande solitário prevalece, irá tomar algum músculo argumentativo para
mostrar que devemos adotar um modelo diferente do ‘homem mais forte’.
Poderíamos começar com o pensamento de que a verdadeira força reside em
expor-nos a dor e sofrimento dos outros, em estarmos abertos à
intimidade e sermos sensibilizados pelas necessidades, amores, ódios e
esperanças dos outros. A pessoa mais forte poderia muito bem ser a única
que se faz vulnerável a outros ao se tornar determinada a sobreviver a
isso e se fazer uma pessoa melhor por essa razão. A pessoa mais forte do mundo é aquela que está mais conectada.
___
Artigo adaptado publicado em AEON escrito por Kimberley Brownlee,
professor de filosofia legal e moral na Universidade de Warwick em
Conventry, UK. Seu último livro é Conscience and Conviction: The case
for Civil Desobedience (2012).
Empreendedorismo, de um modo
geral, significa resolver um problema ou situação complicada. Mas esse
termo vai além: com o passar dos anos, houve uma mudança significativa
de como a sociedade encara o empreendedorismo. Enquanto uns julgam um
empreendedor com preconceito, alegando que não quer estudar, ou
trabalhar, outros enxergam a arte de empreender como algo glamoroso.
O fato é que abrir seu próprio negócio envolve dificuldades – e também benefícios e recompensas que nem sempre são evidentes.
Alguns empresários revelam os mitos e verdades sobre este tema. Confira:
O sucesso do negócio vem rápido
MITO
– Dificilmente um negócio vai crescer, prosperar e atrair grandes
investidores imediatamente. Para amadurecer, toda empresa necessita de
tempo, experiência e negociações. “Depois de colocar a ideia em pratica e
ter um negócio, você será testado pelo mercado. Dificilmente uma boa
ideia se torna um negócio em menos de dois a três anos”, afirma Leandro
Marques, sócio fundador da Tray, uma das principais empresas brasileiras
voltada para e-commerce. Segundo ele, para atingir o sucesso, vale a
pena trabalhar intensamente desenvolvendo sua ideia de empreendedorismo.
Empreendedor não tem chefe. Logo, pode fazer o que quiser
MITO
– Engana-se quem pensa que o empreendedor não tem chefe. Conforme
aponta Victor Popper, CEO da All In empresa especializada em marketing
de relacionamento, “na realidade, o empreendedor tem dezenas e centenas
de chefes. Todos os clientes e investidores são chefes dele. Até a
família do cliente se torna chefe”. Ou seja, é preciso prestar conta
para muita gente. “Ser fundador de um projeto que impacta diretamente a
vida de milhões de pessoas faz com que você tenha milhares de chefes,
principalmente quem dedica muita horas na utilização de seu produto”,
defende Miguel Andorffy, CEO e fundador do MeSalva!, plataforma
educacional focada em conteúdo de alto desempenho didático para
estudantes de nível médio e superior.
O empreendedor enfrenta uma série de incertezas em sua jornada
VERDADE
– Quando falamos sobre empreendedorismo, há um sentimento de
responsabilidade e um grau de incerteza quanto ao futuro. De acordo com
Leandro Marques, “no começo a incerteza estará na aceitação do mercado.
Se você tiver sucesso, as dúvidas passam para a necessidade financeira
(atingir o breakeven); depois ganhar competitividade e marketshare; os
concorrentes internacionais e ainda por cima as crises”. Ser
empreendedor significa tornar-se no comandante da sua embarcação, ou
seja, terá que considerar a vida da empresa e das pessoas que dependem
dela (clientes, colaboradores e fornecedores) como se estivessem em suas
mãos.
Você não pode começar uma empresa sem ter um plano de negócios formal
MITO
– Não é preciso ter um plano de negócios formal para aproveitar uma
oportunidade. Planejar é importante mas não se deve investir muito tempo
e energia levantando dados e mais dados na tentativa de construir um
plano “perfeito”. “A VP Concursos começou sem ter um plano de negócios
formal e faturou mais de R$ 1 milhão já no primeiro ano de vida. Se você
acredita na sua ideia e tem clareza dos seus objetivos, basta utilizar
ferramentas mais ágeis de planejamento e abrir logo sua empresa”, diz
André Wilson, sócio fundador da VP Concursos, empresa que oferece
consultoria e treinamento personalizado para concursos públicos e
exames. De acordo com Wilson, é melhor testar sua ideia na prática
(cometer erros, corrigi-los rapidamente e aprender com eles) do que
desperdiçar tempo com projeções e especulações sobre o futuro, que
apenas irão dar uma falsa sensação de controle e segurança.
Só empreende quem tem uma ideia genial
MITO
– Ao contrário do que muitos acreditam, nem sempre o início de um
empreendimento depende de uma ideia genial. Como afirma Walter Sabini
Junior, sócio-fundador da HiPartners Capital&Work, grupo de
investidores focado em empresas inovadoras com alto potencial de
crescimento no setor de Tecnologia e Internet, “o que faz a diferença é o
empreendedor focado em ajudar seus clientes a gerar mais resultados”.
Não é obrigatório ser inovador para empreender. “Na verdade empreender
pode significar fazer algo que já existe de uma forma mais eficiente ou
com maior qualidade (seja produto ou serviço). No nosso caso atuamos em
um segmento que já existia com foco em flexibilidade e qualidade de
serviço e atendimento”, aponta Luan Gabellini, sócio fundador da
Betalabs, empresa especializada no desenvolvimento de sistemas de gestão
empresarial (ERP), e-commerce e softwares sob medida em cloud
computing.
Ser um bom vendedor já é metade do caminho para um bom empreendedor
VERDADE
– Muitas vezes a questão não é “o que se está vendendo”, e sim “quem
está vendendo”. Um mesmo negócio pode obter recursos com maior
facilidade se conduzido por um perfil de empreendedor, mas não conseguir
com outro. “Na vida profissional, todos, precisam se vender bem. Mas o
que faz ser um bom empreendedor é entregar e executar bem o produto
vendido!”, diz Walter Sabini Junior.
Empreender no Brasil é coisa para super-heróis
VERDADE
– Logo no momento de abertura da empresa o empreendedor enfrenta um
grande desafio. Segundo Thoran Rodrigues, CEO da BigData Corp., empresa
especializada em ferramentas de Big Data, “a demora excessiva de se
conseguir toda a documentação e papelada necessária para abrir uma
empresa, as idas intermináveis aos cartórios, sem contar a fatia brutal
da receita que temos que pagar relativa a impostos são coisas que
incomodam”. Porém, conforme aponta André Wilson, não se deve desistir de
abrir uma empresa no Brasil somente por causa desse cenário
desfavorável. “São apenas obstáculos que devem ser considerados e
superados pelo empreendedor”, aponta. Ele ainda complementa dizendo que,
em hipótese alguma, se deve buscar atalhos, tais como sonegar impostos,
contratar “sem carteira” e/ou atuar na informalidade. “O empreendedor
brasileiro deve aprender a vencer respeitando as regras do jogo. Nossos
poderes são força, liderança, criatividade, inovação, persuasão e
resiliência. Vamos usá-los! Somos super-heróis!”.
Abaixo o infográfico sobre o perfil do jovem empreendedor brasileiro:
Suas atitudes e ações irão se espalhar
como uma doença contagiosa pela sua equipe. Tenha certeza que você está
contagiando-os positivamente.
Como uma gripe ou outros vírus
que podem se espalhar pelo seu escritório, você deve saber que as
doenças não são a única coisa contagiosa que pode acontecer por lá. Como líder, o seu comportamento é altamente contagioso.
Jack Zenger e Joseph Folkman, pesquisadores de Harvard e UC San Diego, escreveram na Harvard Business Review
sobre o seu novo estudo analisando como 51 comportamentos diferentes
foram transferidos de líderes para gestores e então aos empregados.
A liderança influencia todos os níveis gerenciais para o positivo e para o negativo.
Como
um CEO, você já sabe quanta influência tem sobre a sua empresa, mas
Zenger e Folkman descobriram que os comportamentos positivos, como
integridade, honestidade, determinação e desempenho, podem ser passados
da gerência para funcionário. O mesmo é verdadeiro para comportamentos
negativos, como desonestidade e baixa capacidade de comunicação.
Sim, os líderes dão o tom a equipe. Seja pro bem ou pro mal.
O
estudo comparou avaliações de 360º de 265 duplas de gerentes e
subordinados diretos para determinar as correlações entre os
comportamentos dos gerentes e funcionários. De 51 comportamentos, eles
encontraram 30 comportamentos com “correlações significativas”.
Zenger
e Folkman descobriram que, se você é um gerente ruim, você “corroe” os
níveis de engajamento dos seus subordinados diretos, bem como os níveis
dos funcionários que trabalham para eles, graças ao efeito multiplicador“trickle down”.
Mas a descoberta não é de todo ruim. Zenger e Folkman dizem que comportamentos positivos também são altamente contagiosos.
“Felizmente,
o inverso também é verdadeiro: se você é um grande chefe isso engaja e
motiva sua equipe e as equipes de sua equipe”, escrevem eles.
A Fernanda Torres fez um texto que virou assunto da semana
no qual ela reproduz machismo, é abertamente racista em seus
argumentos, acusa o feminismo de vitimização e usa o termo "mulata"
(palavra de cunho racista já explicada em outro texto do mesmo Blog onde
ela escreveu, o #AgoraÉQueSãoElas da
Folha). Eu e Djamila Ribeiro escrevemos juntas nesse mesmo blog e
explicamos passo a passo, o que é racismo na palavra, no cotidiano e
como ele age sobre o corpo da mulher negra. Parece que Torres não leu.
Então:
Torres virou assunto em sites que restringem pautas feministas.
Torres virou assunto nos status do Facebook de feministas e antifeministas.
Torres virou assunto no Twitter e na madrugada chegou a ser Trending Topic.
Torres virou a polêmica feminista mais comentada da semana.
E sim, eu me incomodo com isso.
Eu me incomodo porque mulheres como Torres possuem tempo para ler sobre feminismo.
Ela nem precisava de muito, só precisava ler o Blog onde pretendia
postar sua visão da condição de Mulher. O Blog possui, mesmo com pouco
tempo de existência, artigos ótimos. Hoje, feministas fazem um trabalho amplo e acessível nas rede sociais.
Se ela quisesse ampliar sua pesquisa, era só literalmente digitar no
Google. E ela não pode dizer que não conhece nomes do feminismo já que
sua mãe, a atriz Fernanda Montenegro, recitou Simone De Beauvoir no teatro e foi assunto em jornais por isso.
A questão é que mulheres como Torres possuem espaço na mídia e poderiam fortalecer narrativas mais importantes e urgentes no momento, como o aborto, que voltou a ser debatido. Estamos vivendo uma epidemia de zika, já temos 5 mil casos de crianças com microcefalia,
das regiões norte e nordeste, com renda baixíssima, morando em locais
cujo saneamento básico é precário e onde o acesso a hospitais é
restrito.
Falando diretamente:
Temos um monte de mulheres
negras e/ou pobres em uma situação extremamente delicada no Brasil por
questões de raça, classe e médica e socioambientais. Mas estamos
debatendo o que Fernanda Torres acha: ela não se dá ao luxo de se
preocupar com coisas para além de si mesma e sua vivência restrita de mulher branca.
Entretanto, ela não é
uma mulher como eu. Ela é branca e eu sou negra. E o racismo já designou
quem será vista como "agressiva" e quem será vista como "a mulher que
tem opiniões divergentes contundentes".
Essa é a diferença enorme entre as opiniões que damos. Então, não desculpo. Não
desculpo nem ela e nem outras mulheres brancas, pelas reações que vão
recair sobre mim, por esse texto que agora escrevo, por exemplo.
Não
é só pelo racismo evidente em achar que uma mulher negra merece ser
chamada de mulata e também pelo assédio aceitável e elogioso para com o
corpo dela.
É pelo racismo que fica nas entrelinhas,
por achar que falar de si mesma e de sua visão enviesada sobre o
feminismo, sendo uma mulher branca, magra, rica e conhecida não terá
consequências.
Ela poderia ter mais consciência, já que goza de
privilégios: não precisa acordar de madrugada para pegar o trem, metrô,
ônibus, durante duas horas pra chegar no trabalho. Ou não se preocupar
com a limpeza da própria casa pois sempre tem uma "mulata" (ironia) para
cumprir essa função.
Esses privilégios, ao invés de serem usados para expor algo para além dela são tão maiores,
que pautas mais necessárias no feminismo atual não são pensadas por ela
e muitas outras feministas que circulam por aí, e que inclusive
apontaram o dedo para Fernanda.
Enquanto mulheres brancas acreditarem que o feminismo é só sobre elas,
e suas experiências pessoais -- essas que por sinal são intransferíveis
e precisam ser contextualizadas dentro das condições que as cercam,
pois diferem e muito do que uma mulher negra vive --, teremos um grande
problema.
Não adianta mais, pelo menos para mim, achar que
interseccionalidade e se importar com mulheres negras, é dizer, em
apenas um parágrafo de um texto todo:
"Mulheres negras sofrem mais com esse problema"
Interseccionalidade é muito além disso:
É entender, dentro da sua narrativa de mulher branca, que as possibilidades devem ser expandidas.
Isso é sobre ceder espaços, e às vezes se manter em silêncio para que outras possam falar.
Por isso me causa horrores
só de pensar que mulheres brancas nunca pararam para entender que o
assédio de rua que recai sobre a mulher negra é diferente: não é só
sobre ser chamada de "gostosa", é sobre escutar:
"Sua Preta".
"Sua Fedida".
"Olha esse seu cabelo".
"É moreninha, mas eu comia".
"Olha esse rabo".
"Caia de boca nessa buceta"
.
É
horrível, mas sim, escutamos isso, e quando mais escura for a sua pele e
seu corpo estiver fora do padrão, mais agressivo é o tratamento que
você vai receber.
Por isso, Torres está a anos luz de distância
de compreender o que é o tratamento dado para uma mulher negra, gorda e
de pele escura, a ponto de achar que assédio com negras é positivo e
portanto, invejável.
A agressividade que um corpo negro sofre é
muito maior do que a agressividade que um corpo branco recebe. Isso está
na história brasileira. Recebemos o tratamento de "animal escravizado":
"Doze
anos é a idade flor das africanas. Nelas há de quando em quando um
encanto tão grande, que a gente esquece a cor...As negrinhas são
geralmente fornidas e sólidas, com feições denotando agradável
amabilidade e todos os movimentos cheios de uma graça natural, pés e
mãos plasticamente belos. Dos olhos irradia um fogo tão peculiar e o
seio arfa em tão ansioso desejo, que é difícil resistir a tais
seduções". Carl Schlichthorst. O Rio de Janeiro como é
(1825-26). Apud: Maria Lúcia Mott. A Criança Escrava na Literatura dos
Viajantes. 1979, p. 64.
"Como as brancas não se vendem, nem por ouro bem por prata, hão de ser sempre as senhoras das cachorras das mulatas." Apud Goulart, 1971, p 49
A
história que não apagou das nossas peles os anos que mulheres foram
estupradas, escravizadas, tiveram seus filhos tirados, alguns mortos e
outros também violentados. Pelos senhores e também pelas senhoras:
"Matou
o filhinho de uma das escravas, e apresentou ao marido, que supeitava
fôsse o pai do mesmo cadáver da crainça assado e enfiado no espeto." Apud Goulart, 1971, p 49
Então é pela história das "mulatas" que Torres desconhece, que eu não perdoo.
Eu
não posso mais perdoar as pessoas brancas, que fecham os olhos, nariz e
boca para o passado e que ainda limitam nosso presente e ainda vão
marcar nosso futuro, enquanto negros.
Por que Torres, sabendo que seu nome carrega uma carga midiática, não escreveu sobre aborto?
Por que não falou da desigualdade social que tende a ser mais drástica para mulheres?
Por
que não trouxe à tona o mérito ilegítimo celebrado numa sociedade
racista, abissal em classes e sem igualdade de oportunidades?
Por
que não pensou em como, ao longo da sua vida, gozou de uma maioria de
empregadas domésticas negras fazendo o que ela precisava, e qual seria o
motivo pra isso?
Por que, inclusive, não seguiu a 'regrinha' mainstream
das feministas norte-americanas que só falam da diferença salarial,
pois talvez esse ainda seja um dos pontos que mais as separam dos homens
brancos?
Até isso seria "menos pior" do que falar que gostaria de ter a mesma união que os homens.
Homens são super unidos mesmo, principalmente no quesito odiar mulheres.
Eu respondo a todos esses "porquês":
Torres,
assim como muitas mulheres brancas, fica esperando assuntos serem
mastigados e dados de "colherzinha". E depois ainda goza do privilégio
de "desculpas aceitas e reverenciadas" por seus erros, dadas por outras
mulheres brancas -- e que inclusive são aclamadas por isso, que é o mínimo que se espera de alguém decente e intelectualmente honesto.
Vão
dizer que eu estou cobrando demais da Fernanda Torres: "ela não é
obrigada a saber tudo isso". Na verdade, ela deveria ser cobrada sim.
Quem nasce pobre e miserável já nasce sabendo o que isso significa.
Nenhum negro recebe uma cartilha, mas todos sabem que quando a polícia
diz: Para! Ele é o suspeito e se não parar, ele morre. E isso não vai virar notícia e nem escândalo, isso é "normal".
Quebrar esta "normalidade" também cabe a nós. No Brasil, quem nasce em verdadeiros berços de ouro, goza da ignorância sobre a realidade do outro, para manutenção do seu conforto.
O
maior privilégio das pessoas brancas, ao meu ver, é não precisar saber o
que é ser negro na sociedade racista que elas ajudam a manter quando se
abstêm de saber e agir sobre isso.
Torres não é aquela garota
negra que, nas manifestações contra o governo PT, mesmo sendo menor de
idade, foi filmada, exposta, virou meme nas redes sociais e parou de ir
na escola por um tempo por causa do bullying. Mesmo que ela tenha
"entendido o erro", o perdão é algo muito restrito. A gente tende a
compreender e perdoar quem é como nós. Inclusive, o espaço de fala dado
para pedir perdão, ele também se restringe -- e muito.
Então eu
não vou ser uma das feministas que vai compartilhar o texto de Torres e
dizer: "é isso aí!", dando tapinha nas costas e congratulações como se
ter consciência de gênero, raça e classe fosse uma virtude, quando é uma questão de responsabilidade.
Se um dia eu errar, quase nenhuma mulher branca vai fazer isso por mim.
Então, chega! Chega
de mulheres brancas sendo perdoadas facilmente por opiniões que recaem
mais drasticamente sobre mulheres pobres e negras. Chega de achar que
esse desfavor não tem um impacto grande no feminismo. É só perceber como
gastamos tempo e energia em rebatê-la. E chega de colocar o selo de
"feminista" em qualquer famosa com uma postura mais "diferente".
Eu
tive que assistir Taylor Swift ser exaltada por feministas após um
discurso no Grammy, em que ela deixa evidente seu privilégio branco.
Taylor não é uma cantora extraordinária, mas vive sendo premiada. Doa a quem doer, esse é um privilégio de quem possui uma estética vendável, independente do que cante ou fale.
E
fica mais evidente o racismo quando ela se destaca em cima do álbum de
um homem negro que aborda racismo, como Kendrick Lamar. Tratar racismo numa sociedade como a norte-americana, onde um jovem negro tem 2,5 mais chances de ser assassinado, é muito mais urgente, porém mais passível de ser ignorado. A mesma Taylor que, quando Nicki Minaj falou sobre racismo, disse:
"Eu
não fiz nada além de te amar e te apoiar. É uma pena que você tenha
colocado as mulheres umas contra as outras. Talvez algum homem tenha
tomado o seu lugar"
Assim como Taylor, muitas se comportam achando que é SÓ
um problema de gênero. E, nos dois casos, é sobre raça também. Então,
não perdoo nem Fernanda Torres, nem aquelas que agem como ela
acreditando que aquilo foi "só" machismo e que elas, brancas, podem
acolher racistas dentro do feminismo e que isso não me incomoda.
Até
quando, nós, negras, vamos ser obrigadas a lidar com mulheres brancas
racistas, em nome de uma sororidade que nunca nos protege?
Peço então para as feministas brancas:
Parem
de forçar a barra e de colocar qualquer artista branca com postura
"menos cretina" em um patamar maior do que deveria. Parem de idolatrar
as tantas teóricas e figuras negras que fizeram história, mas que vocês
não leem ou desconhecem. Parem de achar que feminismo se resume ao filme
As Sufragistas, mesmo que ele não tenha negras, quando deveria ter.
O
sufrágio teve mulheres negras (EUA), teve mulheres indianas
(Inglaterra), teve mulheres operárias que não são como a Meryl Streep. E
parem de ficar esperando que uma feminista negra da atualidade mastigue
temas para vocês entenderem que, por exemplo, não queremos ser chamadas
de mulata.
Exerçam o privilégio de vocês:
busquem informações, leiam, mastiguem por si mesmas, sejam além. E não é
ler só para fazer um texto bonito sobre racismo e ver ele sendo
compartilhado e achar que ganhou o selo de "bom branco". É entender o
que é racismo para ser uma pessoa decente, justa e feminista. Pois o feminismo não pode, num país de maioria negra, ser algo que aceita e passa a mão na cabeça do racismo.
Se
as antepassadas de vocês fizeram revolução, o que falar das nossas, que
mesmo com o peso da escravidão nas costas, lutaram, sobreviveram e
construíram trajetórias que hoje permitem que a gente não se curve e
diga, apontando o dedo na cara de quem for: não vamos aceitar mais
narrativas racistas dentro de movimentos sociais que se dizem
humanistas, emancipatórios e que querem igualdade?
Por fim, eu só
queria dizer que é lamentável como a classe artística nacional se mostra
ignorante, deslumbrada e despreparada, achando que ser revolucionário é
fazer teatro e falar sobre sexo abertamente, enquanto reproduzem
conceitos racistas -- como fazer blackface -- e acreditam que é
'censura' quando é criticado pelo movimento negro, ou quando trata o
machismo como se fosse algo bonito e romantizado. O machismo que Torres não sente "tanto assim", mata.
Mata
uma maioria negra e pobre. Coisa que Torres não é, mas podia exercer
empatia. Mas, assim como muitas feministas, isso fica só na teoria e
bons (no caso dela nem isso) textos.
E antes que alguma mulher
branca me diga que perdoar é um dom divino, só quero enfatizar que quem
escolhe se vai perdoar ou não alguém por racismo, sou eu.
Porque se para muitas foi complicado ler esse texto, imagina para mim
que viu Torres usando um espaço do qual eu já tinha compartilhado, para
ser racista. Isso só prova que, como eu já pensava, mulheres negras se
esforçam, pesquisam, quantificam, estudam, sentem, vivem, desenham o que
é racismo, e mesmo assim pessoas brancas exercem o privilégio de nos ignorar e ousam nos chamar de vitimistas, ou que não nos esforçamos para sermos entendidas.
Até quando a gente vai falar e ninguém vai entender?
Até quando a sororidade e a retratação só servirá para brancas?
Até quando a gente vai apontar elitismo e racismo, e ninguém vai compreender a gravidade disso?
Se o texto dela foi intitulado de "Mulher", eu pergunto: nós, negras, ainda não somos mulheres?
Somos
mulheres que também merecem ter suas pautas e demandas acolhidas e
tratadas com seriedade e respeito. Mas não é o que vivenciamos e
sentimos. Então, fico feliz que ela tenha voltado atrás, mas não perdoo. Uma "mea culpa" que não envolve a questão racial, é incompleta.