Criada em
1992, a data tem colaborado no debate sobre feminismo e
afrodescendência; Para a escritora Raquel Almeida, as mulheres negras
nas periferias estão se tornando protagonista da sua luta e o feminismo
tradicional “está muito distante” da sua realidade; Nesta sexta (25)
diversas atividades estão espalhadas pelo país.
Por Bruno Pavan, da redação do Brasil de Fato/http://www.vermelho.org.br/noticia/246392-7
Reprodução
Criada em 1992, a data tem colaborado no debate sobre feminismo e afro descendência;
Antes tímida no país, hoje ela é mais articulada e mobiliza diversos encontros, debates e atividades em geral em torno das questões da mulher negra na sociedade. Para a escritora e produtora cultural, Raquel Almeida, o aumento desta articulação tem colaborado para que mais mulheres tornem-se protagonistas da luta contra o machismo e o racismo.
“A importância é justamente mobilizar e articular a nossa galera que já é protagonista na luta. Lembro que há cinco anos, poucos eventos pelo Brasil marcavam essa data. Lutamos muito pra que ela fosse celebrada nas periferias e hoje os grupos liderados por mulheres negras têm aumentado muito”, comemorou.
Nesta linha de avançar na repercussão da data e, consequentemente, no debate de suas pautas, o cineasta Avelino Regicida, lançou, ano passado, o documentário “25 de Julho – Feminismo negro contado em primeira pessoa”, em parceria com o Espaço Cultural do Morro. O filme conta a história de 12 mulheres negras da periferia e a luta diária contra a opressão em São Paulo.
“A ideia é de 2011, quando o Espaço Cultural do Morro começou a realizar um evento chamado ‘Feminina Resistência’ para discutir questões voltadas à mulher negra. Aí percebemos que a data é pouco conhecida pelas pessoas e pensamos que o documentário pudesse ser algo que ajudaria na divulgação. Eu imaginei sim que o filme rodaria bastante, por isso optamos pela divulgação na internet. Mas o ver ficar conhecido fora de São Paulo é algo que nos agrada muito”, explicou.
“O feminismo está muito distante das mulheres negras periféricas”
Um debate que se acirra cada vez mais está em torno das diversas nuances do que pode se chamar de feminismo - feminismo negro, periférico, tradicional, entre outros. Segundo Raquel, ainda há um feminismo que precisa sair “dos quatro muros da intelectualidade” para conseguir entender melhor a realidade das mulheres da periferia.
“Existem várias questões dentro do feminismo negro que são específicas e que muitas vezes entram em choque com alguns pensamentos na corrente feminista. Se trata de questões que uma mulher branca burguesa feminista não vai entender, não adianta chegar na quebrada empurrando goela abaixo um feminismo padrão. É importante se aproximar mais, respeitando as nossas particularidades”, analisou.
Atividades pelo país
Entre as atividades que acontecem pelo país nesta sexta-feira estão:
São Paulo – capital: “Virada Cultural Mulher Negra e CIA” que terá debates em diversos pontos da cidade e contará com oficinas culturais e diversos shows, entre eles, o da cantora Negra Li.
Brasília: Festival Latinidades, no Museu da República. Começou nesta terça (23) e vai até o próximo dia 28.
Salvador (Bahia): Semana da Mulher Negra, do dia 19 ao dia 25, no Solar da Boa Vista.
Rio de Janeiro – capital: A mulher Negra no Brasil de hoje”, no Parque Madureira, no dia 25.
Recife (Pernambuco): Oficina Guaianases de gravuras: um olhar feminino o “, no Museu de Abolição. Fica em cartaz até o dia 30/09.
Minas Gerais: eventos acontecerão simultaneamente em 10 cidades do estado do dia 25 ao dia 31/07.
Porto Alegre (Rio Grande do Sul): “Mulher Negra em Foco”, no auditório do Banco Central acontece dia 25.
Curumbá (Mato Grosso do Sul): IV Encontro da Mulher Negra do Pantanal, no dia 25, na Universidade Federal do Mato Grosso do Sul
Manaus (Amazonas): III encontro de Mulheres Afro ameríndias e caribenhas para discutir o racismo institucional na Universidade Federal do Amazonas, que acontece do dia 23 ao dia 25/07.
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