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20 maio 2012

Alexandre Pires racista?

 

Fonte: http://www.diretodaredacao.com/noticia/alexandre-pires-racista
São Paulo (SP) - Dizem que, finalmente, estamos vivendo num regime democrático, onde se garante ampla liberdade de expressão do pensamento. Todavia, na prática, torna-se cada vez mais perigoso abrir a boca, ou escrever, com abordagem de certos temas, sem correr o risco de ser acusado de racista, homofóbico, discriminador, ou preconceituoso.
No texto "Proclamada nova escravidão", declarei que todo esse "movimento anti-isto e anti-aquilo" não passava de pura demagogia e, agora, tenho mais uma prova a meu favor. Na base do cabide de emprego, para colocação de afilhados políticos, têm sido criadas pelo Governo Federal "Secretarias Especiais", cujos encargos poderiam ser perfeitamente absorvidos por órgãos já existentes.
Uma delas é a "Secretaria Especial da Promoção da Igualdade Racial", cuja Ouvidoria aceitou e encaminhou denúncia contra o cantor Alexandre Pires, pela produção de clipe de divulgação da sua música "Kong", onde teriam sido usados "clichês e estereótipos contra a população negra" e "reforçado estereótipos equivocados das mulheres como símbolo sexual" (sic).
Para complicar, um bom advogado de Alexandre Pires, inicial e liminarmente, poderia obter a exclusão da segunda denúncia, sobre "estereótipos equivocados das mulheres como símbolo sexual", por ter sido formulada por órgão incompetente, já que essa atribuição pertenceria à Secretaria Especial de Políticas para Mulheres. É nisso que dá ficar criando "Secretarias Especiais", que passam o dia a procura de pêlo dentro de ovo.
Agora a pergunta que não quer calar: o negro Alexandre Pires é racista, por ter se identificado a um gorila, no clipe promocional de sua música ? E se, no lugar do gorila, fosse uma pantera negra, ainda assim haveria racismo ? Provavelmente não, mesmo porque, embora este animal ainda não tenha estrelado um filme discutível, como o famoso gorila "King Kong", já existiu um grupo negro revolucionário, nos EUA, denominado "Panteras Negras". Se esta premissa for admissível, então, estaria ocorrendo, isto sim, uma discriminação ao "animal gorila", mas não um racismo afrodescendente. Torcedores do Palmeiras são equiparados aos porcos, do Corinthians aos gambás e do São Paulo aos bambis (nome fantasia de pequenos cervos).
Aí não se fala em racismo, ou em discriminação, porque as comparações são consideradas "gozação". Claro, tudo deve ser levado na "esportiva". Por que nos meios artísticos há de ser diferente ? Por que porcos, gambás e bambis não são considerados "estereótipos discriminativos" ? Porque se fulano come com as mãos é porco, se cheira mal é gambá e se tem modos delicados é bambi ?
Há anos, Pelé declarou que "negro deve votar em negro", sem ser taxado de "racista". O negro Pelé, nos seus romances, pelo menos nos mais conhecidos, sempre se relacionou com mulheres brancas. No único relacionamento com uma mulher negra, que veio a tona, Pelé só concedeu seu nome a uma filha havida nesse "affair", por força de decisão judicial. Mais que a de Alexandre Pires, essas situações envolvendo Pelé poderiam ser julgadas racistas, discriminativas e preconceituosas.
Alexandre Pires e também o jogador negro Neymar, que igualmente participou do clipe, nada fizeram de errado. Afinal, qualquer que seja a cor da pele, têm eles o direito de identificarem-se com o animal que melhor lhes aprouver. Ou só vale se for com animal dito "nobre", tipo leão, tigre e onça ? Ora, estes animais, carnívoros, não são tão "nobres" assim, porque não hesitam em atacar o ser humano. Aliás, o leão, depois que se tornou símbolo do imposto de renda brasileiro, deveria ser discriminado, por ter assumido o papel de uma cobra peçonhenta.
No auge do ambientalismo, da proteção à fauna e à flora, como se vive no presente, com extrema preocupação pela preservação de animais em extinção, que inclusive ganharam reservas especiais, não se concebe discriminar algumas espécies dos irracionais. Nas teorias de Charles Darwin, sobre a "evolução das espécies" e "a origem do homem", não há nenhuma distinção significativa. Portanto, todos, brancos, negros, amarelos, homens, mulheres, macacos e macacas, temos um antepassado em comum.
 O clipe promocional de Alexandre Pires deveria ser cuidado exclusivamente pela entidade privada, autoreguladora das propagandas, que, diga-se de passagem, tem sido exemplar nas restrições aos termos e imagens de certas publicidades, nocivas à sociedade. O resto continua sendo mera especulação demagógica.

O clipe  está no vídeo abaixo.
 ( Veja o vídeo )

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