Enxada na terra desde a infância sob o sol escaldante nordestino e,
acima de tudo, trabalhador de árduas jornadas, José Francisco Borges não
nega as fortes origens. Nascido a 1935 em Bezerros, Pernambuco, na
terra do frevo e do maracatu, ficou conhecido mundialmente pela
assinatura J. Borges, que acompanha desde 1964 os rodapés de
xilogravuras e cordéis já vistos e prestigiados em todo o mundo.
Sua história como artista, na verdade, começou de maneira inusitada.
Frequentador da escola por pouco mais de um ano, Borges, aos 29,
apreciava a literatura de cordel, mas tinha vergonha dos versos que
escrevia. Certo dia, contudo, criou a xilogravura que seria gravada por
Mestre Dila no cordel "O Encontro de Dois Vaqueiros no Sertão de
Petrolina". A repercussão positiva do público fez com que, a partir daí,
o artista se dedicasse intensamente a esta forma de literatura
folclórica.
O seu trabalho, que teve como padrinho o escritor Ariano Suassana, foi
levado ao conhecimento do meio acadêmico e muito celebrado dali em
diante. De maneira típica, cheia de alegorias e de riqueza, J. Borges
representa em seus cordéis traços comuns da cultura e do cotidiano do
povo nordestino, como os personagens Lampião e Maria Bonita, o sagrado e
o profano, os crimes, o diabo, o cangaço, as lendas populares e a vida
do sertanejo, de maneira geral, com todas as suas alegrias e
dificuldades.
Antigo oleiro, mascate e trabalhador
da lavoura, J. Borges consagrou sua arte com a madeira, como
xilogravador. Atualmente, é patrimônio vivo de Pernambuco. Ao longo de
sua carreira, ainda, foi homenageado com um memorial que leva seu nome
artístico em Bezerros, estampa do ano de 2002 no calendário das Nações
Unidas, ex-vizinho de Monalisa no Louvre, abertura da novela Roque Santeiro e autor do celebrado Auto da Compadecida.
Mas se orgulha de levar vida simples, com um ateliê à beira da estrada,
perto da terra em que fincou suas raízes e eternizou personagens.
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Mudança de Sertanejo, 1999: Inspirado pelo cotidiano do nordestino, o artista retrata a vida dos retirantes. |
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Cavalo Marinho, uma das obras mais conhecidas do autor |
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A figura e o fascínio da professora em meio ao sertão |
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J. Borges, apesar de todo o sucesso, já declarou não entender o motivo de seus "desenhos ruins" terem tanto prestígio |
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Casamento Matuto: vocábulo tipicamente usado pelo nordestino, as figuras religiosas, o sol e o burro |
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A Bela e a Fera |
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Uma das danças típicas nordestinas, o Forró também aparece em seus cordéis |
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A expressão folclórica de Borges fica evidente em seu trabalho |
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Diretamente do cangaço, Lampião e Maria Bonita |
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E para tantas criaturas, eis um criador. J. Borges | Foto: Arte Popular Brasil |
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Com técnicas próprias para colorir suas xilogravuras, J. Borges é um dos artistas mais significativos para a cultura nordestina.
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Fontes:
Autora:
Ana Ferreira
Arte Popular - O artista do sertão, em Revista Época
J. Borges, em Wikipédia
Desenhos de 20 reais no Louvre, junto com Boticelli e da Vinci, em Almanaque Brasil
http://www.naparededoquarto.com
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