Magreza e novo ideal de beleza continuam a mobilizar a moda
A magreza das modelos e as novas tendências de se escolher as profissionais para desfilar e posar para campanhas de publicidade continuam a gerar discussão no mundo todo.
O estilista Marc Jacobs desmentiu que pensou em fazer um desfile-manifesto em prol de modelos de formas mais cheias ao apresentar a coleção inverno 2010 da Louis Vuitton, durante a Semana de Moda de Paris. Laetita Casta, Elle Macpherson e Alessandra Ambrósio foram alguns dos nomes que desfilaram.
As afirmações de Jacobs foram parte de um bate-papo realizado pelo French Institute Alliance Française (FIAF) nesta segunda-feira, e coberto pela imprensa internacional. "Não foi um manifesto sobre idade e sobre tipos de corpos. Katie Grand (stylist inglesa) e eu já tínhamos decidido muito antes da coleção que iríamos usar essas modelos. O critério é que elas deveriam estar disponíveis no dia do desfile e tinham de ser deslumbrantes", disse, completando que também queria as models Daria Werbowy e Isabeli Fontana, mas que ambas já tinham trabalhos agendados.
Beleza única
Mesmo com a negação de Jacobs, os castings da Louis Vuitton, Prada, entre outras marcas, segundo o blog The Imagist, a nova ordem é buscar modelos com belezas únicas. "Há um memorando não-escrito circulando no mundo das agências e a mensagem é: o caminho dos anos 2000 de ter um exército de modelos parecidas, descartáveis, inexpressivas a serviço de campanhas, revistas e desfiles acabou. Nova década, novo ideal. As campanhas de inverno 2010 e os editoriais de moda estão registrando gosto por uma garota ultraindividual", dizia o texto publicado.
Um exemplo desse novo padrão é a top holandesa Lara Stone, que atualmente ocupa o posto número 1 no ranking do site Models.com. Segundo o blog, ela assinou contrato de exclusividade com a Calvin Klein.
Peso e bem-estar
Outro esforço a fim de discutir o padrão de beleza imposto até agora foi realizado na Harvard Business School e contou com as presenças da diretora da Vogue Anna Wintour, o estilista Michael Kors e a modelo russa Natalia Vodianova. A escola promoveu um debate sobre a influência do mundo da moda sobre problemas relacionados ao peso e bem-estar.
"Cada um de nós precisa perceber que somos todos responsáveis pela saúde das modelos", disse Anna, que fez uma radiografia dos anos 2000, dizendo que a preferência por modelos muito magras fez com que a maioria trabalhasse apenas se tivesse um físico de uma adolescente, fazendo com que suas carreiras não durassem a ponto de desenvolverem uma personalidade, o que aconteceu às supermodelos da década de 1990, e abrindo espaço para a presença de cantoras e atrizes em capas de revistas e lucrativos contratos com marcas de beleza.
Wintour afirmou ainda que os editores da Vogue assumiram o compromisso de colocar uma variedade de tipos físicos nas páginas da revista. A edição de março é dedicada à boa forma e traz matérias como a modelo plus-size Kate Dillon e uma reportagem sobre a luta da top Kim Noorda contra a anorexia.
Diga "não"
Kors fez apelo para que consumidores não comprem de marcas que proponham imagens irreais. A sugestão do estilista, que faz parte do júri do programa Projeto Runway, é a seguinte: se achar que o que eles estão mostrando é ridículo, diga "não".
Ele afirmou que não escolhe meninas abaixo de 16 anos para seus desfiles. "Estamos falando de crianças e a pressão sobre elas é terrível", disse, segundo reportagem do WWD.
Apesar dos esforços, o assunto ronda o mundo da moda há tempos. A morte da modelo brasileira Carolina Reston Macan, aos 21 anos, vítima de anorexia, em 2006, já suscitou discussões e um compromisso do CFDA (Council of Fashion Designers of America) em prestar atenção ao assunto.
A modelo russa Natalia Vodianova ressaltou que é preciso disponibilizar mais informações sobre os primeiros sinais de desordens relacionadas à alimentação entre as modelos. "Quando elas aparecem muito magras, há muito estrago", afirmou.
Fonte: Michelle Achkar/Terra
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