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06 dezembro 2013

O mundo perde Nelson Mandela, o Madiba

REUTERS/Jonathan Evans/Files
REUTERS/Jonathan Evans/Files /
Perda

O mundo perde Nelson Mandela, o Madiba

Mandela, o Madiba, é o maior símbolo da luta contra o apartheid na África do Sul e Prêmio Nobel da Paz por seus esforços contra o racismo
05/12/2013 | 19:49 | Gazeta do Povo, com agências atualizado em 05/12/2013 às 23:14
O governo da África do Sul anunciou na noite desta quinta-feira (5) a morte do ex-presidente Nelson Mandela, aos 95 anos. A informação foi divulgada pelo atual presidente do país Jacob Gedleyihlekisa Zuma. O comunicado foi transmitido pelo canal de notícias CNN.
Mandela é o maior símbolo da luta contra o apartheid na África do Sul e Prêmio Nobel da Paz por seus esforços contra o racismo. Sofria de uma grave infecção respiratória e estava sendo mantido em sua casa em Johannesburgo sob cuidados médicos. Ele esteve hospitalizado de 8 de junho a 1º de setembro com um quadro de infecção pulmonar e outras complicações. No fim de semana, Zindzi, sua filha mais nova, disse ao New York Times que sabia que ele estava morrendo.
Especial Nelson Mandela
Confira o especial da Gazeta do Povo sobre Nelson Mandela.
Veja fotos e vídeos sobre o Madiba. Leia artigos sobre o maior símbolo da luta contra o apartheid e a repercussão dessa morte.
Vocação para a liderança veio da família
O sul-africano nasceu na vila de Qunu (Transkei), em 18 de julho de 1918. Filho de Henry Gadla, chefe da tribo Thembu da etnia xhosa, sua vocação para a liderança é atribuída à formação familiar, já que ele foi criado para seguir os passos do pai.
Ao contrário do que previa a tradição, decidiu estudar. Abandonou sua província e foi viver em Alexandra, bairro negro no subúrbio de Johannesburgo.
Casou-se com Evelyn Ntoko Mase em 1945, com quem teve dois filhos e duas filhas.
Formou-se advogado pela Universidade de Witwaterrand em 1952 e montou um escritório de advocacia para negros. É nesta época que entra para o Congresso Nacional Africano – movimento nacionalista de luta contra o Apartheid.
Movimento
Em 1960, aumenta a repressão contra o Congresso Nacional Africano (CNA), que nos últimos anos vira crescer sua importância política. O movimento liderava greves e manifestações de desobediência civil. Naquele ano, Mandela consegue autorização do líder do movimento, Albert Luthuli, para montar o que seria o braço armado do CNA, o Umkhonto we Sizwe (“Lança da Nação”). Ainda em 60, o CNA seria banido e passaria à clandestinidade.
Apesar de ter autorizado a criação do grupo, Luthuli, Prêmio Nobel da Paz de 1960 e presidente do CNA de 1952 a 1967, nunca defendeu o uso das armas.
Crença
Mandela acreditava na luta armada e dizia lutar pela liberdade dos negros sul-africanos. Dentro do movimento, era acusado de ter atitudes contraditórias. Costumava se reunir com seus amigos brancos e asiáticos. Ele dizia: “Não sou inimigo dos brancos, mas de suas leis injustas”.
Veja imagens da trajetória de Nelson Mandela
Vídeos: Mandela e o apartheid
Zuma afirmou que Mandela terá um funeral de Estado completo. Ele ordenou que as bandeiras de todo o país fossem hasteadas a meio mastro. Ainda não há outras informações sobre o velório e o enterro do líder mundial. Há duas possibilidades para o sepultamento: na vila onde nasceu, Mvezo, ou na pequena localidade em que passou a infância, Qunu. Ambas ficam na província de Cabo Oriental, na costa do Oceano Atlântico
"Nossos pensamentos e de milhões de pessoas ao redor do mundo estão agora com Mandiba", disse o presidente Jacob Zuma, no pronunciamento televisionado. "Nós expressamos uma imensa gratidão pela vida investida nos cidadãos desse país."
Havia sido a quarta internação do líder desde dezembro. Antes de ir para casa, ele foi tratado no hospital civil Mediclinic Heart, diferentemente de outras vezes quando esteve em centros médicos militares. Após dias de um quadro clínico grave, porém estável, o sul-africanos começaram a aceitar a ideia de perdê-lo.
Mandela passou 27 anos em três prisões diferentes durante o regime racista branco e contraiu tuberculose no cárcere. A maior parte desse período, passou em Robben Island, na costa da Cidade do Cabo, onde ele e outros prisioneiros trabalhavam em uma pedreira. Foi libertado em 1990 e se tornou o primeiro presidente negro da África do Sul em 1994.
O ativista deixou o cargo de chefe de Estado em 1999, após um mandato, e se afastou da vida política há uma década. Sua última aparição em público foi na final da Copa do Mundo de futebol em Johanesburgo, em 2010.
Saúde frágil
Mandela teve vários problemas de saúde durante a vida e contraiu tuberculose durante seu longo período na prisão. Seus problemas de saúde fizeram com que ele decidisse se aposentar após cumprir o mandato presidencial de cinco anos. Apesar disso, ele se manteve como importante ator da política internacional até 2004, quando decidiu se retirar da vida pública.
Em 1985, ele passou por uma cirurgia por causa do aumento do volume da próstata e em 2001 foi diagnosticado um câncer no mesmo órgão, mas ele superou a doença após sete semanas de radioterapia.
Os problemas respiratórios intensificaram-se nos últimos anos. Mandela foi internado em janeiro de 2011 em um hospital de Johanesburgo. Autoridades disseram inicialmente que ele passaria por exames de rotina, mas foi revelado depois que ele sofria de uma séria infecção respiratória. O caos provocado pelos jornalistas e curiosos que entravam nas alas o hospital público onde ele estava internado fez com que o Exército sul-africano assumisse a responsabilidade pelos cuidados médicos do ex-presidente e o governo se tornasse responsável pelo controle das informações a respeito de sua saúde.
Em fevereiro de 2012, Mandela passou a noite em um hospital para diagnosticar as causas de persistentes dores abdominais. Em 8 de dezembro do mesmo ano, o presidente sul-africano Jacob Zuma informou que Mandela havia dado entrada num hospital militar de Pretória, a capital executiva do país, para exames de rotina, mas dias mais tarde foi revelado que ele estava com infecção pulmonar.
Em dezembro do mesmo ano, outra infecção pulmonar levou Mandela ao hospital, onde passou três semanas internado. O ex-presidente teve alta em 28 de dezembro e foi liberado pelos médicos para terminar o tratamento em casa. Logo após, o presidente Jacob Zuma chegou a pedir aos sul-africanos que rezassem por Mandela. Dias depois, o gabinete da presidência africana divulgou comunicado informando que o Nobel da Paz havia passado por uma cirurgia para remover cálculos biliares, e que havia se recuperado do procedimento cirúrgico e também da infecção pulmonar. Foi a internação mais longa de Mandela desde que foi libertado da prisão, em 1990.
Em abril de 2013, Mandela recebeu alta do hospital após uma internação de dez dias, a terceira em cinco meses, devido à recorrente infecção pulmonar. No entanto, um vídeo divulgado por uma rede de televisão da África do Sul mostrou o ex-presidente em uma poltrona, com sua cabeça sobre um travesseiro e suas pernas estendidas e cobertas por um lençol, com aspecto cinza e sério. Suas bochechas mostravam marcas do que parecia ser uma máscara de oxigênio removida recentemente.
Mandela voltou a apresentar problemas respiratórios e em 8 de junho voltou a um hospital de Pretória para tratamento de uma infecção pulmonar recorrente. Desde então, o estado de saúde do ex-presidente sul-africano e prêmio Nobel da Paz se tornou cada vez mais crítico.
A última aparição pública de Nelson Mandela foi na final da Copa do Mundo de Futebol, em junho de 2010.
Fonte Gazeta do Povo, com agências atualizado
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