Pelo fulgor do seu verbo , pela violência de seus discursos, que arrastavam multidões na praça pública, é justamente chamado o “ Tigre da abolição”. Trilhou seu caminho acreditando que a educação é a bagagem que temos que levar para a conquista de novos ideais. Pessoas como José do Patrocínio, construíram as possibilidades que abriram portas para o negro ocupar os mais variados espaços. |
Alma iluminada, que lutou bravamente em prol da abolição da escravatura, também se voltou ao sofrimento dos animais, escravizados pelos seres humanos de inúmeras formas. Instantes antes de seu desencarne, vejamos o que ele escreveu, conforme registros históricos:
“No dia 29 de janeiro de 1905, José do Patrocínio sentou-se em frente da sua pequena escrivaninha no modesto barracão em que vivia no bairro de Inhaúma, no Rio de Janeiro. Começou a redigir: ‘Fala-se na organização de uma sociedade protetora dos animais. Tenho pelos animais um respeito egípcio. Penso que eles têm alma, ainda que rudimentar, e que têm conscientemente revoltas contra a injustiça humana. Já vi um burro suspirar depois de brutalmente espancado por um carroceiro que atulhava a carroça com carga para uma quadriga*, e que queria que o mísero animal a arrancasse do atoleiro...’ Não terminou a palavra nem a frase – Um jato de sangue jorrou-lhe da boca. O “Tigre do Abolicionismo” – pobre e desamparado – morria, imerso em dívidas e mergulhado no esquecimento.” (Grifos nossos).
Sr. José do
Patrocínio
(1853 – 1905)
Se
toda a propriedade é roubo, a propriedade escrava é um roubo duplo, contrária
aos princípios humanos que qualquer ordem jurídica deve servir." Não se tratava
apenas de uma retórica inflamada de nítida inspiração socialista, nem de um mero
exercício de propagandismo desabusado que se poderia esperar de um dos
jornalistas mais famosos do pais. Filho de um padre com uma escrava que vendia
frutas, José do Patrocínio (1853 – 1905) sabia do que estava falando: senhor por
parte de pai, escravo por parte de mãe, vivera na pele todas as contradições da
escravatura.
Nascido
em Campos (RJ), um dos pólos escravagistas do país, mudou-se para o Rio de
Janeiro e começou a vida como servente de pedreiro na Santa Casa de Misericórdia
do Rio. Pagando o próprio estudo, formou-se em farmácia. Em 1875, porém,
descobriu a verdadeira vocação ao um jornal satírico chamado "Os Ferrões”
Começava ali a carreira de um dos mais brilhantes Jornalistas brasileiros de
todos os tempos. Dono de um texto requintado e viril, José do Patrocínio - que
de início assinava Proudhon -- se tornou um articulista famoso em todo o país.
Conheceu a princesa Isabel, fundou seu diário, a "Gazeta da Tarde" virou o
"Tigre do Abolicionismo". Em maio de 1883, criou, junto com André Rebouças, uma
confederação unindo todos os clubes abolicionistas do país. A revolução se
iniciara. "E a revolução se chama Patrocínio», diria Joaquim Nabuco.
Pouco
depois de a princesa Isabel assinar a Lei Áurea, sob uma chuva de rosas no paço
da cidade, a campanha que, por dez anos, Patrocínio liderara enfim parecia
encerrada. “Minha alma sobe de joelhos nestes paços", diria ele, curvando-se
para beijar as mãos da "loira mãe dos brasileiros”. Aos 35 anos incompletos,
era difícil difícil supor que, a
partir dali, Patrocínio veria sua carreira ir ladeira abaixo. Mas foi o que
aconteceu: seu novo jornal, “A Cidade do Rio” (fundando em 1887), virou
porta-voz da monarquia – em tempos republicanos. Patrocínio foi acusado de
estimular a formação da "Guarda Negra", um bando de escravos libertos que agiam
com violência nos comícios republicanos. Era um "isabelista".
Em
1889, aderiu ao movimento republicano: tarde demais para agradar aos adeptos do
novo regime, mas ainda em tempo para ser abandonado pelos ex-aliados. Em 1832,
depois de atacar o ditador de plantão, marechal Floriano, Patrocínio foi exilado
na Amazônia. Rui Barbosa o defendeu, num texto vigoroso. "Que sociedade é essa,
cuja consciência moral mergulha em lama, ao menor capricho da força, as estrelas
de sua admiração?" Em 93, Patrocínio voltou ao Rio, mas, como continuou o
"Marechal de Ferro", seu jornal foi fechado. A miséria bateu-lhe à porta e
Patrocínio mudou-se para um barracão no subúrbio. Por anos, dedicou-se a um
projeto delirante: construir um dirigível de 45 metros de comprimento. A nave
jamais se ergueria do chão.
José Carlos do Patrocínio nasceu em Campos no dia 09 de outubro de 1853, filho de uma ex- escrava africana, Justina Maria do Espírito Santo, e seu senhor, o padre João Carlos Monteiro. Foi um dos grandes vultos da História do Brasil, pela arrasadora campanha em favor da libertação dos escravos , tendo presente no espírito o sofrimento atrozes de sua própria mãe. |
Fontes: História do Brasil - Luiz Koshiba, Ed. Atual / História do Brasil - Bóris Fausto EDUSP.
http://www.encontrofraterno.org.br
http://radiosideropolis.blogspot.com.br/2009/11/jose-do-patrocinio-e-educacao.html
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado pelo seu comentário e volte sempre!