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Alice Ruiz no pavilhão do Brasil montado na Feira de Livros de Frankfurt |
A poeta paranaense Alice Ruiz apresentou-se ontem na Feira de Livros de Frankfurt, maior evento editorial mundial que, em sua 65.ª edição, tem o Brasil pela segunda vez como país homenageado. A curitibana leu alguns de seus poemas, entre eles “Sem Receita”, fruto de uma parceria com o músico e ensaísta José Miguel Wisnik e “Sem Palavras”.
Após a leitura dos textos, ela respondeu à perguntas do público de cerca de 50 pessoas, em sua maioria brasileiros. Um dos presentes pediu a definição de poesia segundo a vencedora do Prêmio Jabuti de Poesia de 2009. Alice não precisou de muito tempo para responder: “Eu consigo identificar o que não é poesia”, enfatizando a palavra “não”.
No bate-papo com o mediador – o poeta e jornalista franco-brasileiro Hélio Ferraz – Alice discorreu sobre a relação entre poesia e musicalidade, entre texto e música, citando alguns de seus parceiros musicais, como Luiz Tatit e Arnaldo Antunes. “Gosto de trabalhar com artistas que atrevem-se ao inusitado”. A poeta de 67 anos disse gostar de “música para se ouvir do quadril para cima”, e não a que costuma tocar nas rádios brasileiras.
A escritora deferiu sobre a forma poética haicai, método característico por valorizar concisão e objetividade. Bem-humorada, Alice ressalvou: “É na métrica rígida do haicai que eu deveria me disciplinar”, e, após uma pequena pausa: “mas eu sou indisciplinada, felizmente”. Alice apresentou-se juntamente com o poeta, e contista carioca Paulo Henriques Britto
Equívoco
A poeta falou também sobre os discursos do escritor mineiro Luiz Ruffato e do vice-presidente da República, Michel Temer, na abertura da feira alemã, na última segunda-feira, 8. A fala de Temer foi, para ela, “um equívoco que o vice-presidente cometeu”. E prosseguiu: “Foi vergonhoso. A insegurança dele após a fala do Ruffato ficou evidente. Foi como tratar o público presente como burro”.
O discurso do escritor centrou, na opinião dela, em “uma questão mais política do que cultural”. A autora receia que a fala de Ruffato possa ter “desviado a atenção do que viemos mostrar e trocar aqui: literatura”.
Uma Alice
Alice não conhece de perto o trabalho de outra Alice, também escritora: Alice Munro, a canadense vencedora do Prêmio Nobel de Literatura em 2013. O interesse porém é grande: “ Parece ser uma escritora que ocupa-se com temas voltados ao perfil da mulher. E isso me agrada muito. Finalmente uma mulher delineando os perfis da mulher, e não mais os homens”. E finaliza: “Uma Alice ganhou o Prêmio Nobel de Literatura falando sobre a mulher. Ótimo!”
Queda de braço - Autor usou fatos sórdidos, dizem filhas do poeta
Para Estrela Ruiz Leminski e sua irmã, Aurea, o escritor Toninho Vaz incluiu fatos sórdidos sobre o suicídio de Pedro Leminski, irmão de Paulo, na quarta edição da biografia Paulo Leminski – O Bandido Que Sabia Latim.
“Somos contra a exploração de fatos que nada ajudam a elucidar a importância de Paulo Leminski na cultura brasileira”, diz Aurea. “Não é ser chapa-branca, é ser contra a imprensa marrom.”
“Vejo que estão crucificando o Caetano e esquecendo que o mesmo argumento deveria valer para os dois lados. Deveríamos defender o bom senso tanto do biógrafo, para inserir fatos, quanto das famílias, para garantir que o público tenha acesso a tudo o que for relevante da obra em questão”, afirma Estrela.
src="715897">Alice Ruiz ficará até a próxima terça-feira, 15, na Alemanha. Depois embarca para o Brasil, onde participará do Festival de Poesia de Curitiba entre os dias 21 e 27 de outubro.
Fonte http://www.gazetadopovo.com.br/c