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Matéria publicada por http://tatinsisti.com no dia 17/05/12 Em Moda |
Hoje a tarde minha amiga e jornalista Juliana Crem falou para eu ler este texto publicado no site do Valor Econômico, por Rodrigo Uchoa: Coach de blogueira.
Eu li atentamente e reli o texto inteiro quando cheguei nesta parte “Blogueiras bem-sucedidas chegam a ter 100 mil visitantes em um dia e faturar R$ 100 mil ao mês com o blog“. Uau! Vamos com calma. Aconselho você ler o texto publicado no valor antes de ler este post.
Resumindo, esse texto é com uma entrevista com a filósofa, jornalista
e blogueira Liliane Ferrari, que dá aulas na Escola São Paulo e na
Trevisan sobre como os alunos podem existir virtualmente.
Bom, no texto Rodrigo disse que “além de ir para Aspen nas
férias, usar a última bolsa da Prada, o esmalte Chanel do momento e
frequentar o restaurante mais cool, é preciso ter uma vitrine para
mostrar isso ao mundo: um blog“. No meu olhar de blogueira, não de
jornalista, eu pensei: opa! eu nunca fui para Aspen, eu não tenho uma
bolsa Prada, eu jamais passei esmalte Chanel nas minhas unhas e conclui:
eu não ganho R$100 mil por mês “trabalhando” no meu blog.
Liliane Ferrari citou que a primeira coisa que as pessoas que montam um blog pensam é em colocar banner. E, cara, eu nunca tive um banner (mas se tiver alguém querendo anunciar, as portas estão abertas hehehe). Será que eu tô na contra mão do mundo das “bloguetes“, como o texto mesmo diz, ou eu realmente vejo meu blog como um produto jornalistico meu? Talvez os dois.
Eu já me peguei várias vezes pensando sobre esse assunto de como
meninas que não são jornalistas fazem tanto sucesso e são consideradas
como as pessoas mais antenadas do mundo quando o assunto é moda. Ai
pensei de novo e, não sei se é loucura minha, mas todas essas “famosinhas“, vivem em um universo Chanel, Prada, Louboutin
etc etc etc. Eu não vivo e. Sabe quantos pares de Louboutin eu tenho?
Nenhum. Sabe quantas vezes eu já fiz meus cabelos com o Pro? Nunca. Sabe
quantos modelos de Celine ou qualquer “it bag” eu tenho?
Nenhum. Gente, eu nunca foi para Londres! Eu nunca pisei e nem respirei
ares da Europa. Eu não conheço Milão, não conheço Paris. Elas vão para
lá com tudo pago e ainda são “mimadas” pelos hotéis, ganham jantares. Elas postam uma foto no Instagran
e, em 2 minutos, tem 2 mil likes. Eu tenho 130 seguidores, gente. E
será que isso me faz menos ligada do que se passa no universo fashion do
que elas? Será mesmo que eu preciso fazer o “test drive” dos produtos
caríssimos para saber se ele é bacana ou não, se está na moda ou não?
Para se bem sincera, o acessório mais cool que eu
conhecia aos 13 anos de idade era o meu aparelho capacete que divida o
meu cabelo no meio. Essas famosas e badaladas blogueiras (a maioria delas)
já nasceram em um berço mais trabalhado e têm uma herancinha no mundo
da moda. Não é do dia da noite que você passa a vestir apenas grifes e
fazer viagens fantásticas, certo? Eu confesso, uso C&A, uso Renner e todas essas já consideradas “fast fashion” brasileiras. Então sou brega? Tô fora de moda?
Ainda no texto do Valor Econômico, foi falado que um coach pode ensinar o bê-a-bá de um blog de sucesso. Desculpa, mas não pode.
Para ter um blog de sucesso você tem que manjar muito dos assuntos que
escreve e criar um blog crítico, com análises, etc, que não é o caso
dessas blogueiras famosas. No caso delas, ou de qualquer outra mortal
que cria um blog de moda, a regra é igual a regra do futebol: ou você é
Neymar, ou você é Jorginho (quem assiste a novela? Um beijo, Cauã!). Você tem que ter um padrinho e aproveitar as oportunidades (eu sei que o Jorginho tem o Tufão, mas ele não soube aproveitar aproveitar as oportunidade). Bom, eu não tive um padrinho.
As blogueiras superfamosas da moda não fazem críticas, não fazem
análises. Elas dão opiniões próprias, postam os looks do dia, falam dos
eventinhos cool. E isso é legal, claro que é legal. E é por isso que tem
taaaanta gente que gosta. Eu mesma criei meu blog na época que eu
trabalhava no Yahoo! e tinham assuntos que não cabiam
perfeitamente na editoria de moda do site. Por isso, abri meu próprio
espaço para falar de forma bem mais descontraída sobre assuntos gerais
da moda. Eu não preciso ter um lide, eu posso escrever “hehehe“,
eu posso dar minha opinião em absolutamente tudo. Eu não uso a
linguagem jornalística, não faço matérias com fontes e nem sigo uma
tabela de postagens que precisa ser seguida. É algo relax. É o que todas
as blogueiras fazem.
Uma outra coisa que me incomoda um pouco nos blogs é a publicidade feita como post.
Faz pouco tempo, teve um evento e um dos patrocinadores era uma marca
de absorventes. Essa marca convidou várias blogueiras para irem no
evento, badalar, tirar fotos etc etc etc e, no dia seguinte, todas delas
postaram sobre o novo lançamento: um absorvente ótimo, com tal vantagem
e tal diferencial. Caramba, será que todas elas estavam naqueles dias
exatamente na mesma época para já terem feito o teste!? Não. E se o
produto for ruim? E se ele der alergia? Alguém vai postar? Não. Isso eu
não concordo.
Apesar disso tudo eu concordo que muitas delas fazem um trabalho ótimo!
Mostram coisas bonitas, dão dicas, falam sobre coisas luxuosas. E quem é
que não gosta de ler um pouquinho sobre isso? Poxa, eu mesma leio
alguns blogs todos os dias, rigorosamente e adoro! Algumas têm visões
ótimas de tudo que esta em alta, em baixa, de tudo que é trend etc etc.
Acontece que a situação da moda atual e parte dos interessados por
esse universo fizeram com que essas meninas e mulheres se tornassem
destaque. Uau, quantas vezes eu já me peguei na fila D de um desfile
enquanto a fila A estava cheia de blogueiras? Várias! Isso me incomoda.
Não gosto da ideia que as pessoas tem de que para ser jornalista não
precisa ter diploma. Blogueiro qualquer pessoa pode ser sim – faz
sucesso que tem talento e padrinho -, mas jornalista? Não, tem que estudar.
Mas eu falo com boca cheia que tenho jornalismo como profissão e sou blogueira como diversão.
Estudei 4 anos, quase matei minhas coleguinhas de TCC, estudei, tirei
meu MTB e estudo até hoje (para me informar de tecidos, tenências e tudo
sobre a moda) para que eu consiga escrever um texto realmente completo
sobre os desfiles das semanas de moda brasileira. Por falar nisso, tá ai
uma diferença entre ser blogueira e jornalista. Enquanto a blogueira
capricha na produção para ir assistir a um desfile na semana de moda, a
jornalista vai confortável para que consiga sair de um desfile, correr
para a sala de imprensa, fazer o texto, mandar para a redação, correr
para a próxima sala de desfiles e repetir a rotina.
Mas quer saber? Estou no céu quando estou fazendo isso, de tão feliz. Mas ai você me pergunta: e ai, Tati? Quer ganhar 100 mil reais por mês e viver de blog?
Não só falo sim, como também vou para Aspen e compro meu primeiro par
de Louboutin. Pô, quem não? Não estou me contradizendo, só queria dizer
para as novas blogueiras não se iludirem com essa “profissão“. A probabilidade de você ter a fortuna do Eike Batista sendo blogueira é quase nula.
Tá vendo uma das vantagens de ter um blog? Onde eu ia poder publicar meu desabafo?