Os cerca de 12 anos de prisão foram transformadores para a vida da ex-estudante Suzane von Richthofen.
Condenada
a 38 anos e seis meses pela morte dos pais, em outubro de 2002, atrás
das grades Suzane se tornou evangélica, conselheira de outras detentas
e, agora, inicia uma nova vida.
Abriu mão de lutar pela herança dos pais, tenta se reaproximar do irmão e, desde setembro, está casada.
Suzane
trocou a ala das evangélicas, que sempre ocupou em Tremembé (interior
paulista), e passou a habitar a ampla cela das presas casadas, onde
divide espaço com mais oito casais.
Para poder
dormir com seu novo amor, a ex-estudante teve de assinar um documento de
reconhecimento de relacionamento afetivo, exigido para todas as presas
que resolvem viver juntas.
Em Tremembé, esse
papel funciona com uma certidão de casamento. Permite o convívio
marital, mas também impõe algumas regras de convivência aos casais.
Após
assinatura desse compromisso, por exemplo, caso se separe, a presa não
poderá voltar à cela especial – única destinada a casais –num prazo de
seis meses.
A mulher de Suzane, Sandra Regina
Gomes, condenada a 27 anos de prisão pelo sequestro de uma empresária em
São Paulo, teve de cumprir a quarentena para pode ser casar novamente.
No
começo deste ano, Sandra havia se casado com a também famosa Elize
Matsunaga, 32, presa pela morte e esquartejamento do marido Marcos
Kitano Matsunaga, 41, em junho de 2012.
O relacionamento entre Elize e Sandra terminou, segundo relato de pessoas ligadas ao ex-casal, justamente em razão de Suzane.
As
três trabalhavam na fábrica de roupas da prisão, onde Suzane ocupa
cargo de chefia. O triângulo amoroso rompeu a amizade entre elas.
O
novo amor é apontado com um dos motivos para Suzane ter aberto mão do
direito de passar os dias fora da prisão. Em agosto passado, a juíza
Sueli de Oliveira Armani, de Taubaté (a 140 km de São Paulo), concedeu a
chamada "progressão de regime".
Os advogados
tentavam essa decisão desde final de 2008 e começo de 2009.
Surpreendentemente, Suzane pediu à magistrada para adiar sua ida para o
regime semiaberto.
Se fosse agora, teria de ir
para outra unidade, já que a unidade feminina de Tremembé onde elas
estão só tem autorização para receber presas em regime fechado.
Por outras penitenciárias por onde passou, Suzane sempre despertou paixões.
Em Rio Claro, por exemplo, duas funcionárias do presídio se apaixonaram por ela.
Com
isso, recebeu algumas regalias ilegais, como acesso à internet. A
história só foi descoberta porque as funcionárias brigaram uma com a
outra pelo amor de Suzane.
Em Ribeirão Preto,
para onde foi transferida, um promotor teria se apaixonado por Suzane e
prometido lutar para tirá-la da "vida do crime". Ela não gostou da
proposta e denunciou as investidas.
O promotor foi punido pelo Ministério Público por comportamento inadequado –ele nega o suposto assédio.
Pessoas
que conversaram com Suzane recentemente afirmam que ela pretendia fazer
uma cerimônia no começo de novembro para comemorar sua união. Tinha
escolhido até padrinhos.
Suzane soube que uma TV preparava uma reportagem sobre ela. E, com medo de expor a relação, adiou o evento.
Quando
foi presa, Suzane namorava Daniel Cravinhos de Paula e Silva, 21. Teria
sido em nome desse amor que eles arquitetaram a morte dos pais. O pai
da menina não aceitaria esse namoro porque Daniel não estudava nem
trabalhava. Para concretizar o plano, contaram com a ajuda do irmão de
Daniel, Cristian.
Todos foram condenados. Os
irmãos cumprem pena no regime semiaberto. O Ministério Público acredita
que ela foi a mentora do crime.
Agentes
penitenciários descrevem Suzane como a "Marcola de saias", numa alusão
ao principal chefe do PCC, Willians Herbas Camacho, pela forma como a
detenta consegue persuadir as demais.
Fonte: Folha