"Se vais por um caminho construído a cada dia, com tuas próprias mãos, chegarás ao lugar onde deves estar". Antiga máxima egípcia. O falso critério de comodidade adotado pelos atuais esquemas mentais desvalorizou ao máximo o trabalho pessoal, o trabalho que se efetua com as próprias mãos. A inteligência converteu-se apenas em habilidade para explorar os demais, fazer que se movam outras mãos e que para nós fique o usufruto do trabalho de outros. Quem consegue isso é o mais sagaz, mas também o mais infeliz. Se as mãos alheias desaparecessem um dia, estaria impossibilitado de seguir em frente. A falta de prática e de confiança em si mesmo o tornam inútil, tanto para construir como para prosseguir os caminhos traçados, pois se sentiria mutilado até para mover os pés. As mãos são apenas um símbolo que surge da mais nobre das nossas ferramentas. Aquele que sabe usar as suas mãos para um trabalho útil, também sabe canalizar as suas emoções e dirigir a sua mente, sabe usar a vontade e abrir caminhos no meio de dificuldades que para outros pareceriam sem solução. Tudo que é feito com as mãos e a consciência, tem alma. As mãos apenas movem matéria e o caminho de que falamos não é exclusivamente material. É imprescindível devolver o valor ao trabalho pessoal e não imaginá-lo apenas como uma ação estritamente criativa. Os Grandes Mestres ensinam, mostram caminhos, oferecem perspectivas, mas não podem fazer o trabalho por nós. Isto é, podem, mas não o fazem, porque nesse caso o êxito seria deles. E o que seria de nós, sempre sujeitos a que os outros fizessem o que nos corresponde? Que tipo de construtores seríamos se não nos atrevêssemos a levantar uma simples pedra?
16 maio 2015
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