FAC - Faculdade Curitibana
Bacharelado em Direito
Disciplina: Ciência Política
Prof. Cláudio Vicente
Ricardo Vélez Rodríguez
Coordenador do Centro de Pesquisas Estratégicas
da Universidade Federal de Juiz de Fora.
Professor Emérito da Escola de Comando e Estado Maior do Exército (ECEME) – Rio de Janeiro.
O artigo “O pensamento político brasileiro contemporâneo” de
Ricardo Vélez Rodríguez começa com uma breve exposição da trajetória
acadêmica do autor, para imediatamente dirigir-se aos arquétipos do
pensamento político brasileiro. Eles são por um lado,
um sistema inacabado e em mudanças constantes (Oliveira-Freyre) e por
outro um sistema denominado como “matriz dicotômica” palavras que
sinaliza a sociedade como uma estrutura conformada por seus elementos
antagônicos, explicando a natureza dialética da mesma
(Fernandes-Prado Júnior). O articulista enfoca seu pensamento a
continuação para a enumeração de oito linhas de pensamento que segundo
ele tem relação de dependência com os sistemas explicativos já
mencionados.
As oito linhas são:
1) a escola weberiana brasileira.
2) o liberalismo.
3) o conservadorismo e tradicionalismo.
4) a escola de Frankfurt
5) a socialdemocracia.
6) a teologia da liberação e doutrina social da igreja católica.
7) o socialismo, marxismo, lulopetismo e movimentos sociais.
8) o pensamento estratégico.
Com a escola weberiana brasileira Rodríguez Vélez refere-se aos
autores que continuam com os aportes de Raimundo Faoro em relação ao
“patrimonialismo” na formação da sociedade brasileira sinalizando a
muitos pensadores como Schwartzmann, Paim, Wanderley
dos Santos e mais recentemente Meira Penna, o próprio articulista Vélez
Rodríguez e Jessé Souza, estabelecendo os pontos de conexão com a
corrente filosófica preconizada por Max Weber.
A segunda linha o liberalismo, o autor o enxerga nas obras de
Miguel Reale, que se inspirariam fortemente nos elementos libertários de
Aléxis de Tocqueville, assim como a poderosa obra de Keynes e outros
economistas do mesmo perfil. Menciona depois o autor
à Campos e a Spencer Maciel continuando com a exaustiva análise dos
fundamentos desta linha do pensamento, assim como uma série bem extensa
de pensadores que desenvolvem as teorias do liberalismo na estrutura em
conformação da sociedade brasileira e seus elementos
sociopolíticos constitutivos.
Na terceira linha de pensamento, o conservadorismo Vélez Rodríguez
menciona à quatro autores: Ferreira da Silva, Crippa, Mercadante e
Carvalho, que se dirigem aos componentes simbólicos e mitológicos que
vão se incorporar na matriz social brasileira, assim
como outros que o articulista menciona posteriormente em erudito fluxo.
A quarta linha é a escola de Frankfurt que no Brasil tem como
representantes a Vamireh Chacon e a Sérgio Paulo Rouanet, este último
tradutor da obra de Walter Benjamin. Os pensadores acima mencionados
preconizam pela preservação de determinados valores
culturais universais, em detrimento de uma exagerada valoração do
relativismo axiológico.
Já na quinta linha de pensamento, a social democracia, não é
difícil de adivinhar que uns dos principais representantes é o Fernando
Henrique Cardoso, assim como José Serra, Carlos Enrique Cardim,
Jaguaribe e Magnoli entre outros. O pensamento e a condução
da política brasileira durante dois períodos do atual ex-presidente FHC
foi abrangente e característico dos princípios fundamentais da social
democracia, constituindo o Plano Real um dos principais "logros" na
contenção da inflação e na consecução de uma política
econômica mais estável e com perspectivas reais de crescimento.
A sexta linha do pensamento faz referência a teologia da liberação
que causou comoção em Roma e que agora tem alguns de seus "leitmotivs"
representados na atual condução da igreja do papa Francisco. A teologia
da liberação é uma reação filosófica - política
que se origina na América Latina para tentar voltar às origens realmente
cristãs dos representantes de uma igreja que estava perdendo adeptos em
todo o mundo com uma velocidade apavorante. Aqui no Brasil o
articulista menciona à Boff, Lima Vaz e frei Betto,
que foi ministro no primeiro governo de Lula.
A mudança do lugar teológico, a luta dos oprimidos contra os
opressores e a noção do pecado já não enfocado como uma ação individual.
O pecado é então uma ação social, onde a mudança do status quo é
fundamental para a erradicação do mesmo.
A sétima linha do pensamento já aciona as teorias revolucionárias
de esquerda, o socialismo em geral com a visão marxista e os novos
enfoques durante a gestão do Partido dos Trabalhadores, de Lula da Silva
e as consequências dos movimentos sociais espalhados
em todo o Brasil. O autor do artigo deixa enxergar sutilmente seu
desconforto com as práticas e o exercício do poder que o PT, Lula e
agora Dilma Rousseff levam adiante na política brasileira.
A oitava e última linha do pensamento considerada pelo articulista
Vélez Rodríguez faz referencia ao pensamento estratégico que o autor
remonta já aos primeiros tempos da invasão lusitana no Brasil,
assegurando com grande habilidade a expansão territorial
e a estabilização do poder político em meio de circunstâncias políticas e
históricas muito tumultuadas. A extensa bibliografia contida no
articulo do autor é de grande ajuda para quem deseja ter uma clareza
marcante nos temas por ele conduzidos, sinalizando
a profunda erudição que é demonstrada e também certa inclinação
ideológica e política que emana da neutralidade do artigo analisado.
Kelly C. dos Santos
1º Semestre
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